Capítulo 19.

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"Nós nos sentamos

no cheiro do passado

e nos levantamos em uma luz

que já está indo embora.

Nós sofremos em segredo".

– Rita Dove

Uma névoa fria se formou em seus lábios sem fôlego, enrolando suas gavinhas em torno de galhos negros e espinhosos. Mesmo sem a folhagem, a escuridão caía ao redor dela e de Draco como um cobertor macio, mantendo-os escondidos da vista de onde estavam agachados. O vento mordiscava seus dedos, fazendo com que ela agarrasse a varinha com mais força. A floresta parecia mais acordada na escuridão; o ar zumbia com o suave bater de asas de couro, olhos amarelos curiosos observando de um sabugueiro oco e grupos de vaga-lumes flutuando embriagados como estrelas rebeldes.

— Ali — Draco sussurrou à sua direita.

Na escuridão, uma única chama brilhou nas profundezas da floresta. Hermione olhou para Draco, conseguindo apenas distinguir o contorno de seu rosto entre as sombras do capuz. Lentamente, uma luz dourada se iluminou na borda de suas íris, pulsando cada vez mais forte como o sol da manhã. Ela queimava e aumentava, como se ela estivesse se aproximando cada vez mais dela. Isso a fez se lembrar das histórias que seu pai lhe contava quando criança, de um homem com asas que voou perto demais do sol, uma mariposa que foi atraída por uma chama, a mesma história, a mesma lição que parecia ecoar em sua cabeça repetidas vezes. Ela engoliu e voltou seu olhar para a floresta.

A chama - uma tocha - continuou sua aproximação até parar no perímetro da pequena clareira em frente ao local onde estavam escondidos.

— Greyback — Draco sibilou e se aproximou dela, trazendo com ele o cheiro de madeira de cedro, frutas cítricas e ar de inverno. Hermione piscou duas vezes, concentrando-se no homem diante dela, o homem que havia deixado rastros de corpos - de homens, mulheres e crianças - por onde passava. Ela conhecia o trabalho dele, tinha visto os destroços que ele deixava após cada ataque, os incontáveis corpos maltratados e marcados com a crueldade selvagem de alguém que encontrava prazer na mutilação e na destruição. Não, ele não era um homem.

O coração de Hermione se endureceu quando ela olhou para o rosto marcado dele, que se tornava ceroso à luz da tocha. Ele havia acumulado mais cicatrizes em seu rosto, as marcas de suas vítimas lutando.

— Tem mais — Draco murmurou enquanto pontinhos de luz se formavam atrás de Greyback. Havia cerca de uma dúzia, pelo que ela pôde contar. Sua matilha

Momentos depois, um menino, que não parecia ter mais de sete anos de idade, emergiu das árvores. Hermione só tinha visto de relance o perfil do garoto - uma coisa pequena e rasteira, que lembrava outro garoto com cabelos cor de areia e uma câmera. O garoto era magro, com as roupas manchadas e sujas, curvado diante de Greyback e seus homens, de costas para Hermione e Draco.

— Que novas informações você tem para mim sobre o objeto? — Greyback zombou quando o garoto tremeu e deu um passo para trás.

— Eu-eu...

De repente, um forte estalo ressoou pela floresta e o garoto caiu no chão com um grito.

— Granger — uma voz sibilou em seu ouvido enquanto braços a envolviam. O peito de Hermione bateu rapidamente enquanto ela sentia sua própria magia lutando para ser liberada. Ela sabia que estavam em menor número, mas cada osso de seu corpo gritava para lutar, lutar, lutar. Os braços que a envolviam se apertaram, uma bochecha fria pressionando contra a dela. — Fique quieta — ele rosnou.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora