Capítulo 35.

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"Só por você eu serei fraco."

Catherynne M. Valente

— Por onde você quer começar?

Hermione piscou, os olhos se ajustando à sala escura enquanto ela se orientava. Já era pôr do sol, e a luz dos últimos raios do sol entrava pela janela. Ela ouviu vagamente o tilintar dos frascos desaparecendo e a penseira sendo colocada de volta no armário.

— Vamos sair daqui — Hermione sugeriu, estendendo a mão para ele. Uma expressão confusa passou por seu rosto antes de desaparecer. Após uma pausa tensa, uma mão firme deslizou sobre a dela antes que ela se contorcesse e desaparatasse.

Eles pousaram suavemente na grama, bem em frente à varanda dos fundos. Pingos de chuva brilhavam em vermelho e rosa nas folhas da grama, refletindo o céu do pôr do sol. Deve ter chovido, pensou ela enquanto observava o sol descer sobre as árvores sombrias.

— Pergunte — ela o ouviu engolir em seco. — Pergunte qualquer coisa, Hermione.

Hermione olhou para Draco, sua expressão distante, mas suavizada pela luz quente. Ela podia ver, podia reconhecer o conflito que se formava em seus olhos cinzentos enquanto ele se preparava. Ele estava tentando compartimentar suas emoções, trancá-las. Mas ela não permitiu.

Hermione deu um puxão na mão dele antes de se sentar nos degraus da varanda. Ele se juntou a ela, ainda olhando calmamente para longe. Por fora, a expressão indiferente e inflexível que ele exibia sugeria que ele não se importava. Hermione teria interpretado o mesmo se não fosse pela mão dele segurando a dela como um torno.

— Os Selwyns — Hermione começou, fortalecendo-se. — Eles nunca ajudaram a Verdadeira Ordem. Na verdade, pelo que eu sabia, eles eram um grande recurso de financiamento para o Lorde das Trevas. Mas eles nunca...

— Foram os Voltaires que traíram o Lorde das Trevas — Draco disse com uma torção irônica dos lábios. — Consegui isso dos prisioneiros, mas disse que foram os Selwyn. O Lorde das Trevas já estava paranóico com eles, pois estavam começando a ficar impacientes com a falta de progresso. Eles também eram a favor de manter algumas das crianças nascidas trouxas para si —,ele terminou com um olhar sombrio.

Hermione engoliu em seco. — E os prisioneiros, você – você...

— Eu não tive escolha — ele sussurrou. — Eu não pude fazer nada quando outros Comensais da Morte também estavam envolvidos na obtenção da informação. Havia muitas variáveis, muitos riscos. Eu precisava ser seletivo.

Hermione, não confiando em sua voz, apertou a mão dele, deixando-o saber que ela entendia. Ela também fez escolhas, escolhas que a mantiveram acordada à noite. Quando era mais jovem, ela sempre se orgulhou de sua racionalidade e de sua capacidade de fazer escolhas que servissem ao bem maior. Mas na guerra, as boas escolhas nem sempre foram as escolhas certas. Muitas vezes, a escolha certa nem existia. O sacrifício de Harry foi a prova de que às vezes fazer coisas altruístas só poderia resultar na morte.

— Quando Scorpius nasceu, sobreviver não era suficiente — Draco continuou. — Eu não queria mais ser passivo. Quando o segurei pela primeira vez, uma decisão se enraizou dentro de mim. Decidi que quando ele tivesse idade suficiente eu desertaria e ajudaria a Ordem, não apenas porque queria sobreviver, mas porque queria fazer o melhor pelo meu filho. Eu não queria que ele vivesse no mundo que ajudei a criar.

— Eu estava errada.

Ele olhou para ela, as sobrancelhas franzidas.

— Quando você apareceu pela primeira vez, eu lancei minha própria acusação contra você por desertar. Eu tinha minhas noções preconcebidas e acreditei que você virou mudou de lado para um propósito egoísta.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora