Capítulo 9.

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"Embora minha alma esteja em trevas,
Ela se levantará em perfeita luz;
Eu amei as estrelas com muito carinho
Para ter medo da noite".

– Sarah Williams

Os olhos de Draco se fecharam, o jato de água morna acalmando a tensão enrolada em seus músculos. Ele ainda estava abalado com a visão dos corpos mutilados que haviam encontrado duas noites atrás. Crianças. Porra. Sem que ele percebesse, imagens de olhos carmesim, escamas e carne esfolada deslizaram pelas rachaduras de suas paredes de oclumência, as portas que ele mantinha fechadas tremeram e chacoalharam.

— Ah, Draco — disse uma voz quando ele entrou no Grande Salão e se ajoelhou diante de um trono de ossos e serpentes.

— Sim, Milorde — Draco respondeu desanimado, as portas de sua mente se fechando, endurecendo, obedecendo a seus desejos e respondendo a seus comandos para fechar todas as emoções até que sua mente estivesse estéril e desolada como o mundo ao seu redor. A sala estava fria, silenciosa, exceto pelo sibilo e pelo barulho das cobras que se arrastavam entre as rachaduras e fendas. As próprias pedras do salão pulsavam com magia negra, criando uma atmosfera pesada e opressiva que teria sido sufocante se seu corpo e sua magia não tivessem se adaptado a ela.

— Eu estava começando a me perguntar se a sua frágil esposa era estéril, já que você levou três meses após o casamento para conceber. — O Lorde das Trevas deu uma risada, seguido pelos outros Comensais da Morte na sala. Uma píton negra deslizou sobre as botas de Draco, mas ele permaneceu imóvel, com o rosto vazio e impassível, enquanto observava as escamas obsidianas brilharem com um brilho oleoso sob a luz cinzenta.

— Levante-se.

Draco ergueu a cabeça e ficou de pé, olhando para o garoto com quem antes rivalizava naquele mesmo lugar. Já haviam se passado oito meses desde a Batalha de Hogwarts e, embora o Lorde das Trevas parecesse ter assimilado sua forma, algo estava errado. Era como se o corpo de Potter tivesse perdido toda a cor, perdido toda a vida. Seus olhos carmesim eram nítidos em sua pele cerosa, seu cabelo escuro puxado para trás, destacando ainda mais suas feições frias. Uma energia negra irradiava ao seu redor, viva e invasiva, causando um leve tremor nas pontas dos dedos de Draco.

— Admito que você me impressionou, Draco — disse o Lorde das Trevas com uma calma assustadora. — Eu estava curioso para saber como você se sairia servindo ao seu rival. E depois que seu pai perdeu a vida durante a emboscada, eu tinha quase certeza de que o nome Malfoy continuaria a carregar sua vergonha, sua fraqueza. Mas você subiu na hierarquia e me agradou.

Draco fez uma reverência. — É claro, meu senhor. Eu não deixaria que uma rivalidade mesquinha de infância atrapalhasse o verdadeiro objetivo. — Draco teve o cuidado de não mentir. O Lorde das Trevas podia detectá-las facilmente, como evidenciado pelas cabeças decepadas dos Comensais da Morte que flutuavam no teto do Grande Salão.

O Lorde das Trevas deu um passo à frente. Instintivamente, Draco pensou na pradaria e na mansão com muitas portas, selando e abrindo algumas delas, prontas para redirecionar, manipular e escapar de seu mestre. As portas tremeram com a expectativa do que viria a seguir. Mas, antes que o Lorde das Trevas pudesse invadir sua mente, a porta do salão se abriu, deixando entrar Fenrir Greyback, que arrastava três grandes corpos com ele.

Draco deu um passo para o lado e fez uma careta de nojo enquanto o bruto empurrava os corpos para a frente e lambia o sangue e a sujeira dos dedos com um prazer sádico.

— Meu senhor — Greyback fez uma reverência. — enquanto estávamos investigando o passado de Potter, nos deparamos com seus parentes trouxas. — Draco manteve uma expressão vazia, mas tomou nota da informação sobre o interesse do Lorde das Trevas no passado de Potter.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora