Eu pisei porta dentro, sentindo meu ser pra fora
E ao chegar já vi uma alma, parada a porta
Ela desejava que eu não estivesse ali, que fosse embora
E eu ainda tentei procurar os demônios daquela essência morta
Entendendo que talvez eu fosse o demônio que pairava no arMe odiei, odiei o estar, mas me vesti de linho
Morri, revivi, matei e assombrei
Mas tudo foi em vão, o fantasma ainda repetia "este não é seu ninho"
Meus pés estavam cansados de andar, então eu assobiei
Mas o espírito bufou mais forte e meu sopro foi ao definhoBarro ou Tijolo, me fiz escutar martelando
Beijos perdidos, beijei arrastado, envolvi o fantasma num abraço
Bem que eu pensei, a translúcidez me fez refém, me mantive sangrando
Boca seca, eu sussurro, meu desgosto fumaça em maço
Bom ser alguém aos olhos do céu, mas aos fantasmas vou orandoOuvi o loiro oxigenando meus pulmões
Ostentando do hélio o respirar
Os quais me fizeram flutuar os sifões
Os tais me arrancaram a vontade de estarRanger os dentes, não posso mais
Rogar feitiços, não consegui
Realidade me abateu, aos meus olhos os sais
Resta-me a conclusão, o fantasma sou eu e sou quem o seguiAgora tudo faz sentido, eu fui um espírito assombrando
As vezes que flutuei, me senti desandando
As palavras que proferi e o ouvi rejeitando
As tentativas de afeto, foram todas uivando
Ah, sou familiar pra você? Um espírito normal, desmoranando
Final.
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Poemas de um coração lilás
PoetryNeste livro busco trazer minhas poesias feitas até hoje, quando me enxergo plenamente, em reflexão aos antigos textos que já criei (pois aqui terão alguns poucos textos também, fora da estrutura de poema). Este livro conta uma trajetória, uma histór...