Saiu com Luiz mais umas duas ou três vezes antes de decidir transar com ele. E esse jogo de aproximação e de sedução levou algumas semanas. Ele sempre deixava claro que queria, mas ela se sentia insegura. "Ele é mais jovem e, com certeza, mais experiente. O que ele viu em mim?" Até que resolveu perguntar diretamente a ele.
- Laura, você não tem mesmo noção de como é sexy e charmosa? De como é inteligente e doce? Qualquer cara teria muita sorte de ter você. E eu quero ser esse sortudo.
Ela, de novo, ficou roxa de vergonha. Precisava ainda aprender a lidar com elogios como esses. E foi por causa dessa resposta que ela decidiu ir para a casa de Luiz no domingo seguinte. Os domingos eram os dias mais tranquilos para saírem por conta da disponibilidade dele.
Passou a semana na expectativa desse encontro. As amigas faziam a maior torcida, ainda mais depois de Laura tirar uma foto com ele e enviar para o grupo delas. Cláudia era a mais empolgada:
- Você precisa usar uma lingerie bem sexy, hein? Nada de calçola bege e enorme! Esse Luiz merece!
- Ai, Cláudia, eu não uso essas coisas.
- Não "usava"! Seu casamento era bege. Agora, solteira, você deve ser colorida, sexy e ousada por baixo da roupa também.
- I don't think so... (Eu acho que não...)
Sílvia engrossou o coro:
- Ah, Laura, sem essa, vai. Toda mulher que se preza tem uma lingerie mais vagaba, enfiada, de renda. Pelo menos uma você tem que ter!
Adriana concordou e ainda indicou a loja de uma amiga:
- Vai lá que você vai ser atendida com toda a atenção.
E, por conta dessa sessão de convencimento, ela se viu na 6ª feira na tal loja da amiga. Realmente, foi bem atendida, e escolheu um conjunto de renda preto que valorizou seu corpo e elevou sua autoestima.
Domingo chegou e com ele toda a tensão da espera, da novidade. Fazer sexo com outro homem depois de 27 anos. Com outro homem 13 anos mais jovem. Com ela tendo 48 anos e estar na seca há pelo menos uns quatro. É muito número, e ela era péssima em matemática... "Vai dar ruim, é claro que vai dar ruim." Mas decidiu que não se sabotaria: "Ele disse que me acha sexy. Isso deve bastar". Pelo menos, tentou se convencer disso.
Sempre achou que só faria sexo apaixonada. Sempre achou que a paixão seria o tempero especial para uma transa. Que sexo só pelo tesão não funcionaria nunca. Mas era tudo da cabeça dela. Sabia que não estava apaixonada por Luiz, mas se sentia muito atraída por ele. Sentia como a música da Rita Lee: "sexo é escolha, amor é sorte".
E foi cantarolando essa música que pegou o uber e seguiu para a casa de Luiz na hora marcada. Ele morava no Posto 6 e ela chegou logo. O prédio era desses com muitos apartamentos por andar, a maioria quitinetes. Mas parecia bem cuidado. Tocou a campainha e ele abriu a porta com outro daqueles sorrisos de luz. Abraçou-a e ali na porta mesmo a beijou de forma sedenta. Ela se sentiu exposta, pois ouvia pessoas andando no longo corredor e o empurrou para dentro do apartamento, dizendo:
- Me mostra a sua casa...
- Não há muito o que mostrar... Aqui é a cozinha, que é até grande pra uma quitinete, né? O banheiro... aqui é uma saleta e ali, o quarto... – Ela notou que o lugar era pequeno, mas bem cuidado. Ela tinha um medo secreto de se ver numa caverna masculina, mal-cheirosa e bagunçada. Mas não era o caso: o lugar era decorado de forma simples, com aquele estilo solar de casa de surfista, com plantas, uma prancha presa na parede, ao lado de uma bike também pendurada. No lado oposto, a TV grande presa à parede, e embaixo uma prateleira com os equipamentos de TV por assinatura e um gabinete de computador. O teclado sem fio estava sobre a mesinha de centro. Um sofá de dois lugares completava o espaço. Na terceira parede, ao lado da entrada para o quarto, uma pequena mesa redonda de madeira com duas cadeiras. No quarto, além da cama queen, um armário embutido de quatro portas e uma mesinha de cabeceira. A janela grande dava para a copa de uma grande árvore que ficava nos fundos do prédio.
- Sua casa é bem agradável...
- Obrigado... – eles se sentaram no sofá e Luiz serviu o vinho. Ela deu um grande gole para se acalmar e ele riu. – Você está nervosa...
- Estou...
- Você sabe que não precisa, né? – ela acenou com a cabeça – então... vamos conversar um pouco... pra você relaxar... - ela acenou de novo – Sobre o que você quer falar?
- Como foi o seu dia na praia hoje?
- Ah, sim... hoje teve um lance muito engraçado com o Luquinha... Ele estava pegando uma prancha pra mim e... – ele foi interrompido por um beijo meio desajeitado de Laura, mas não se fez de rogado e correspondeu. De repente, ficaram acesos. Ela perdeu todo o medo e quis curtir aquele homem. Ele começou a explorar seu corpo com as mãos, e ela se arrepiava com seus toques. Beijou seu rosto, seu pescoço, foi baixando para o seu colo. Puxou a blusa para cima e abocanhou um de seus seios. Ela ficou sem fôlego. Luiz inclinou-se sobre ela, deitando-a no sofá. Há muitos anos Laura não sentia o peso de um homem assim, e adorou. E um homem mais jovem, com um corpo malhado, era uma delicia! Sentia seu desejo, sua urgência, e ela correspondia na mesma intensidade. Ele já estava tirando a própria roupa quando ela o parou, pedindo:
- Vamos para a cama... aqui não tá confortável, não... – ele sorriu e se levantou, puxando-a e abraçando-a. Levou-a para o quarto e desabotoou o seu jeans, puxando-o para baixo. E se ajoelhou para beijar seu ventre. As pernas dela bambearam. Logo estavam deitados, ele apreciando a tal lingerie preta com um sorriso sacana. Ela já o tinha visto só de bermuda, sabia como era seu corpo, mas estava curiosa para saber o que havia por baixo... e não se arrependeu...
Lá pelas tantas, ele tirou a camisinha da gaveta da mesinha e a colocou. Camisinha! Misericórdia! Nem se lembrava desse detalhe fundamental! Depois de 23 anos fazendo sexo sem ela, Laura não sabia se ia atrapalhar. E descobriu que não, não atrapalhava at all!
Ele começou a penetrá-la devagar, saboreando sua boca, lambendo seu pescoço. Ela arranhava de leve suas costas e levantou bem os joelhos pra encaixarem melhor. Mas, de repente, ele parou e a virou de costas, ela ficou de quatro e passou a penetrá-la assim. Ela quase nunca tinha ficado nessa posição com Flávio, e estranhou no começo, mas ele começou a massagear seu clitóris também, e ela passou a sentir um prazer descontrolado. Começou a gemer, algo que nunca tinha feito, e isso o fez acelerar seu ritmo. Segurou seu quadril e se movimentou mais um pouco até estremecer e abraçá-la, agarrando seus seios e beijando sua nuca suada.
Ela, sem fôlego e trêmula, quis chorar. Nunca tinha sentido isso antes. Ele se deitou ao seu lado e a abraçou. Ela enfiou o nariz em seu pescoço e se deixou ficar, satisfeita.
- Você é deliciosa, Laura.
- Você também...
- Quer dormir aqui?
- Acho que, nem se eu quisesse, conseguiria sair agora... minhas pernas não funcionam... – ele riu. Foram recuperando o fôlego, satisfeitos, o corpo relaxado. Ela estava quase dormindo quando ele convidou:
- Vamos tomar banho?
- Oi?
- Estamos suados e melados. Bora pro banho!
- Ok...
E foi outra sessão de prazer quase inebriante. Pra Laura, tudo era novidade, e ela percebeu como o tal sexo satisfatório que teve com o ex-marido era tão, tão sem imaginação. E pensou, ao se deixar enxugar pelas fortes mãos de Luiz: "Que bom que pude descobrir isso agora. Antes de morrer."
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Quase 50tona
ChickLitLaura estava livre.... Depois de 27 anos de casamento, depois de três filhos, depois de 49 anos de vida, depois de quase 30 anos de trabalho como professora de Inglês - é muito número..., ela estava livre para fazer o que quisesse. Sem amarras nem o...