Eye For An Eye - Beauany

022

- Josh Beauchamp

Dois dias depois...

Acho que a coisa de que eu mais sinto falta desde a minha infância é da atenção das pessoas em mim. Não sei explicar, mas sinto que nunca fui muito "visto".

Isso me assombra até hoje, quer dizer, nem tanto assim, eu tenho a atenção de pessoas agora, e quem não me dá atenção, eu faço de tudo para que ela me olhe como os outros me olham. Seja com medo, desejo, raiva ou de qualquer outra forma, eu só sinto necessidade disso. Que me olhem. Que me notem.

Eu nunca aprendi a amar alguém. Eu não tive uma mãe ou pai presente para me ensinar o que de fato é o amor ou recebi isso de alguém. Tudo o que recebi do meu pai foi ódio, ensinamentos brutos e, na grande parte do tempo, sua ausência. Minha babá tentava me manter próximo, mas desde minha infância eu preferia me manter isolado de tudo e todos.

O que eu faço hoje em dia é o espelho do que vivi no passado. As mulheres que eu quero, eu faço de tudo para conseguir. O que eu quero fazer, eu faço e nada nem ninguém me impede. Se eu não quiser fazer algo, não faço. Todas as mulheres com quem me envolvo sabem que é só algo de momento, dificilmente acontece duas vezes, mas quando acontece, é porque eu quero. Nunca senti nada por nenhuma garota com quem fiquei, confesso que até tentei uma vez, mas é do meu extinto não me envolver romanticamente.

Tudo isso era normal para mim até Any Gabrielly aparecer em meu caminho.

Eu não sei o que acontece quando eu a vejo, quando estou perto dela ou quando nos falamos. Parte da minha obsessão por ela é porque ela não se entrega como as outras se entregam para mim e isso me deixa louco. Completamente louco.

Eu a odeio, eu sei que a odeio.

Todas as coisas que sua gangue já fez a minha passar no passado ainda me afetam. Mas não é porque eu a odeio que vou negar o quanto ela mexe comigo. Mexe mais do que eu gostaria. O jeito dela marrenta de ser, mimada e arrogante, além da sua postura séria de sempre, tudo nela me chama atenção. Nenhuma outra mulher ousou me enfrentar como ela e tenho quase certeza de que é isso que me deixa fascinado por ela.

É como se eu tivesse encontrado uma cópia minha.

É como se eu sentisse necessidade de tê-la sob o meu olhar sempre que eu quisesse.

Estarmos com nossas gangues agora exige mais de nós dois. Eu tento ao máximo deixar minhas indiferenças com a Any e seu pessoal de lado porque é necessário, mas quando tudo isso acabar, sei que as coisas voltarão a ser como eram antes. Algo que me incomoda agora é sua relação com o Lamar, eu não sei se ele está fazendo isso porque realmente está interessado em nossa rival ou se é para me provocar. Fico com a segunda opção, já que até o apelido que eu uso com a morena, ele resolveu usar também.

Esse foi o motivo por eu não ter permitido que o Lamar acompanhasse a Any em sua viagem ao Brasil. Por um momento, eu quase aceitei o seu convite, mas era demais para mim e eu tenho o que fazer. Ela resolveria sozinha.

Estava na hora de esquecer essa loucura e seguir com o meu plano. Né?

Sem mais distrações.

— Qual foi, cara? Vai ficar dormindo aí? — Ouço a voz do Lamar, fazendo com que eu despertasse dos meus pensamentos.

Os meninos resolveram sair para uma balada qualquer e, como eu estava em total tédio, resolvi ir junto. Estou no escritório, passei a gostar de ficar aqui quando estou pensativo.

Faz dois dias desde a viagem da Any ao Brasil, até onde sei, ela não mandou notícias alguma para seu pessoal. Talvez seja melhor assim.

Não sei o que deu em mim para ir até a pista em que ela pegaria o jatinho naquele dia, eu apenas fui e fiquei lá dentro como um otário a encarando, até que em um momento ela notou a minha presença, mas isso não me fez ir embora. Naquele momento, minha mente estava vazia, não passava nenhum pensamento e eu nem sei em que momento pensei em ir até lá. Eu só me dei conta quando já estava lá. Coisa de maluco, eu sei. Se nem eu entendi, imagina ela.