Eye For An Eye - Beauany

026

- Josh Beauchamp

Dia seguinte...

Passamos uma noite inteira no hospital sem nem pregar os olhos. E foi a noite inteira com Noah e Scott agitados.

A única informação que tivemos era que a Any precisaria pernoitar no hospital para realizar uma bateria de exames.

Hoje pela manhã, quando voltamos da cafeteria ao lado, recebemos a notícia de que Any havia sofrido uma hemorragia externa. Ela perdeu muito sangue e, nos exames, foi comprovado que abusaram sexualmente dela. Pelo que o doutor disse, ela desmaiou pela grande perda de sangue e dor por todo o corpo.

Sei que eles queriam saber o que havia acontecido com ela pela quantidade de machucados e ademais coisas, mas ainda bem que não perguntou.

Meu sangue ferveu quando ouvi tudo, mas o Noah se mostrou ainda mais afetado. Ele se culpa por não acompanhar ela e uma parte de mim também. Muita coisa teria sido evitada.

Any dormia mais tranquila por conta do soro agora, palavras ditas pelo médico. Noah e Scott entraram para vê-la, eu continuei na sala de espera. Me sinto agoniado, desnorteado e perdido. Quero vê-la, por mais que ela esteja dormindo, mas também quero sair por aí para ir atrás dos responsáveis pelo acontecido.

Eu posso ser a pior pessoa do mundo, a que não liga para sentimentos, ignora todos e é um filho da puta quando quer, mas jamais serei a favor desse tipo de situação. Eu defenderia qualquer mulher que estivesse sendo abusada, ainda mais sabendo que essa mulher é a Any.

Sou tirado dos meus pensamentos quando Noah volta com o Scott da sala de Any. Me levanto rapidamente e olho para os dois, havia uma enfermeira atrás deles que os acompanhou até aqui.

— E então? Como ela está? Ainda dormindo? Eu quero vê-la. — Digo de uma vez.

— Infelizmente abrimos uma exceção para esses dois já que a senhorita Soares não está acompanhada de familiares, senhor. — A enfermeira diz — Você tem algum parentesco com a paciente? — Pergunta.

— Não. Mas eu quero vê-la. Não importa o que eu sou. — Digo, rude — Só me diga onde é a sala. — Ordeno.

— Mas, senhor, não pod... — Me aproximo dela e travo o maxilar. A moça em minha frente me encara, talvez assustada pela forma que eu falava e agia — Tudo bem. — Diz, por vencida.

Olho brevemente para os meninos e saio dali, acompanhando a enfermeira até o próximo andar, onde eu creio que Any esteja. Assim que chegamos, ela me mostra qual é a sala e me deixa entrar, saindo logo em seguida. Quarto número 06.

Observo melhor o ambiente e solto um suspiro longo. Pelo menos atenderam bem ao meu pedido. Nesse hospital eles oferecem um tratamento melhor para quem os paga bem e eu pedi por isso. O quarto é bem espaçoso e parece confortável, além de tudo, ela tem privacidade nele.

Me aproximo devagar de onde Any está deitada e respiro fundo. Tem curativos por seus braços e rosto, o resto do seu corpo está coberto. Me aproximo mais e posso ver o seu rosto calmo. Ela parece bem melhor agora descansando.

— Nem parece que é uma fera quando 'tá acordada. — Falo baixo.

— Hum, e o que mais eu pareço? — Sua voz baixa e suave preenche o quarto, fazendo eu tomar um leve susto.

Any abre lentamente os olhos e me olha. Ela estava acordada. Prendo a respiração e ela parece perceber isso, pois noto um leve sorrisinho no canto dos seus lábios.

Ela fica longos e torturantes minutos me olhando, não diz nada, apenas me olha. Isso me deixa meio zonzo.

Não sei o que dizer. Ver ela assim mexe comigo e não é de uma forma boa.