005 °• No banheiro •°

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Ivy

Não sei o que deu na minha cabeça ao pensar que Tokio Hotel estaria no quarto enquanto eu limpava. É claro que não está. Quando entro no cômodo, só vejo roupas e lixos espalhados. Joana, a outra faxineira que me acompanha, fica responsável pela cozinha e a sala e eu, com os quartos e banheiros.

Não nego que enquanto dobro as roupas dos meninos em seus respectivos aposentos, cheiro-as. O cheiro é tão maravilhoso, que demoro mais do que Jaoana para terminar a minha parte. Estendo os lençóis, não antes de experimentar as camas. Impossível não fazer uma leve comparação com a cama que dormi nos últimos dias. Me recomponho e continuo meu trabalho.

Penso em como conseguir o bendito autógrafo. Talvez deixar um papel em cima da mesa? Me esconder debaixo da cama até eles virem? Esperar na porta? Não sei, realmente não sei. Faltando apenas um quarto, me permito descansar. Não sou tão boa em faxinar, mas me esforcei ao máximo. Minhas pernas ardem e meus braços estão molengas, sem contar em como meu cabelo está todo desgrenhado. Me jogo na cama e fito o teto.

Esse é o quarto dele. É o quarto onde Tom Kaulitz dorme. Me imagino aqui, aninhada junto ao peito dele, mas de repente esse pensamento me parece errado e o expulso da minha mente. Seria completamente impossível. Devia estar grata só em estar no mesmo lugar em que estavam. Penso na humilhação que passei ao exercer o papel de mulher viúva. Cubro o rosto com o lençol. Ainda bem que ninguém me conhece.

Sei que deve parecer estranho, mas eu faria tudo aquilo de novo. Me humilharia quantas vezes fossem necessárias só para poder ter uma chance com eles. Com Tokio Hotel. Pena que não foi dessa vez.

Tento me levantar, mas, ao fazer isso, sinto uma dor enorme na minha lombar. Então presto atenção nas outras dores. Minhas pernas são as mais doloridas. Caminhar mais de um quilômetro só para chegar até aqui é torturante para alguém que nunca faz exercícios. Minhas costas latejam conforme me mexo. A cama dura e desconfortável do hotel onde durmo não me proporciona um bom sono, o que economizou uma quantidade significativa de sombra quando fui passar ao redor dos olhos.

Rolo na cama. Sinto o cheiro de Tom penetrar o meu cérebro. Um cheiro tão hipnotizante que nem percebo quando, simplesmente, apago. Acordo com um barulho de vozes. Tento me lembrar aonde estou e assim que lembro, tenho que segurar um grito. Olho ao redor. Mal limpei o quarto de Tom. Os lençóis estão todos amassados e roupas continuam jogadas. Escuto mais vozes.

Eles estão aqui.

Eles estão aqui.

ELES ESTÃO AQUI!

Meu primeiro pensamento é me esconder debaixo da cama, mas assim que ouço passos se aproximando rápido demais, vou atrás da porta. Ela se abre segundos depois e prendo a respiração. Meu coração bate tão rápido que temo ser possível ouvi-lo. Não vejo nada de imediato, porém, assim que um garoto de dreads, boné e roupas largar entra no meu campo de visão, quase solto outro grito. De novo.

A sensação de vê-lo de costas é como estar debaixo d'água montada em uma tartaruga. Não consigo respirar e é impossível de se acreditar. Ele olha ao redor e pega uma blusa do chão. Quando sua voz sai, quase desmaio.

- Esqueceram de limpar o meu quarto? - ele pergunta, baixinho. O sotaque alemão me fazendo arrepiar - Bill, seu quarto está limpo?

Assim que ele sai, vou correndo até o banheiro. Fecho a porta, evitando fazer qualquer barulho. Me escorro contra a parede e respiro o quanto preciso para me recuperar do que acabou de acontecer. Vejo um espelho na minha frente e percebo o quanto estou acabada. Lavo meu rosto e amarro meu cabelo em um coque alto. Algumas mechas se desprendem mas as deixo como estão. Minha frequência cardíaca está voltando ao normal quando ouço o trinco da porta se mexer.

Arregalo os olhos e corro até o box. O ranger da porta chega aos meus ouvidos e sou obrigada a trancar a respiração de novo. Escuto o farfalhar de roupas, caindo no chão.

Não.

Não pode ser.

Não me diga que Tom vai tomar banho.

Tapo a boca. Engulo em seco. Desejo ser invisível. Mas nada disso impede o box se abrir e uma figura totalmente nua entrar. Ele não me vê de imediato. Os dreads estão amarrados em um coque alto, como o meu. O rosto lindo com uma expressão serena. Tento não olhar para baixo mas... é impossível. Seu corpo é irresistivelmente perfeito. Solto uma lufada de ar, não aguentando tal visão.

Seus olhos caem em mim. Sinto-me tão vermelha, que acho ser é possível refletir pelas lajotas brancas da parede. Ele fica paralisado e não sei bem como reagir quando um grito sai de sua boca.
Faço o mesmo.

- MAS O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? - ele diz em desespero, batendo as costas contra a parede. Por favor, olhos, parem de olhar para baixo.

- E-e-e-u... Desculpa. Desculpa! - acho que também entro em desespero.

Tento sair dali mas assim que dou um paço, piso no sabonete. Agora, eu desejaria morrer, não ficar invisível. Escorrego em uma fração de segundos. Caio para trás, mas Tom alcança a minha mão. Contudo, ele não sabia a força exata a se fazer e me puxa tão brutalmente, que bato contra o seu peito.

Quero morrer, de novo.

Ficamos tão perto que consigo ver seus poros. Os olhos fixos nos meus e a boca entreaberta de supresa. Isso é mil vezes melhor do que o admirar nos pôsteres que tenho no meu quarto. É tão lindo quanto.

Desço o olhar até o piercing em seu lábio. Estou quente a ponto de confundir todos os meus pensamentos e uma sensação de tontura toma conta de mim. Com a mão dele na minha, retiro o desejo de morrer. Não sei quanto tempo ficamos daquele jeito e, quando percebo, tudo fica escuro.

𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.Onde histórias criam vida. Descubra agora