Tom
Ela é bonita. Quase me matou de susto mas é bonita.
A garota que a pouco conheci está deitada na minha cama. Os olhos estão fechados e o rosto pálido. O coque se desfez e o cabelo castanho está esparramado por todos os lados. Quando desmaiou em meus braços, não imaginei que poderia me surpreender mais. Não sei bem o que aconteceu quando ela simplesmente desabou. Acho que a visão de mim totalmente despido foi o motivo.
Fico a observando por um tempo até a porta se abrir.
- Tom, você quer... Mas o que é isso?! - meu irmão grita, apontando para a garota deitada na minha cama - Você matou ela?
- Espero que não - respondo, rindo de nervoso. Já faz alguns minutos que ela está assim.
Bill anda até a garota. Sua mão pousa levemente em seu pescoço, procurando qualquer sinal de vida. Sinto um alívio enorme quando ele suspira. Seu rosto se vira para mim e vejo uma reprimenda surgindo.
- O que deu em você para transar com uma faxineira? - sabia que ele diria isso.
- Eu não transei com uma faxineira, ainda - repondo, recebendo um arquear de sobrancelhas de meu irmão - Ela só desmaiou quando me viu.
Meu gêmeo semicerra os olhos, avaliando minhas palavras. Bill tem motivos para suspeitar. Nos últimos tempos, trouxe mulheres de todos os tipos para a cama. Menos as casadas, é claro. Meu irmão sempre está tentando me tirar de situação em que podem se tornar polêmicas. No fim, ele parece acreditar ou achar que não tem importância. Dando de ombros, pega o celular. Vejo de relance a garota se remexer. Talvez esteja despertando.
- Vou ligar para o hotel e pedir para busc...
- Não! - levo um susto ao ver a mulher se sentar na cama. Seu peito sobe e desce, os olhos vão para todos os lados. Deve estar tentando lembrar do que aconteceu. Quando seu olhar cai em mim e suas bochechas coram, sei que já se recordou. Ela desvia e encara Bill por um momento longo demais. Meu irmão olha para mim e dou de ombros - Por favor, Bill. Não ligue para eles.
Levanto as sobrancelhas. Ela sabe quem somos. O jeito que nos olha, como se não fossemos reias, pode significar uma coisa... Ela é uma fã.
- E o que... você está fazendo aqui? - meu gêmeo pergunta, semicerrando os olhos para a morena.
A garota fica paralisada, parecendo um zumbi. As únicas coisa que se movem são seus olhos. De mim para Bill e de Bill para mim. Começo a achar essa situação um pouco desconfortável e, pelo que pude perceber, meu irmão concordaria comigo.
Olho para o crachá na roupa da mulher.
- Ah... Taylor - digo, tentando tirá-la do transe - O que faz aqui?
A morena franze o cenho, olhando para mim como se eu tivesse dito algo errado. Ela olha para o próprio crachá e solta uma risada nervosa. Pelo menos ela se moveu.
- Esse não é meu nome verdadeiro - responde, voltando ao olhar zumbi novamente.
- Então, qual é o verdadeiro? - Bill pergunta, com uma calma forçada. Acho que ele está ficando com medo.
- Ivy Neeson - ela diz, ainda nós fitando.
Aquilo me causa arrepios.
- Você pode parar de nos olhar como se fossemos as únicas comidas que você vê há dias? - digo, perdendo a paciência. Bill me repreenderia pelo meu tom de voz, mas acho que está ocupado demais tentando se acalmar.
É nesse momento que Ivy volta ao normal. Pisca várias vezes e olha para baixo, parecendo envergonhada agora que percebeu o que estava fazendo.
- Desculpe. Acho que devo uma explicação a vocês - ela pigarreia, nos olhando com arrependimento.
- Deve mesmo - cruzo os braços, a olhando de cara feia.
Ela comprime os lábios mas continua.
- Eu... eu sou uma fã.
- Não me diga - rio em sarcasmo e dessa vez Bill me cutuca para que eu a deixe continuar sem interromper.
- Desculpe, continue - diz ele, me beliscando.
- Ok... - Ivy suspira, evitando nos olhar - Não sei bem por onde começar mas... hm... eu vim à Barcelona com o intuito de ir ao show de vocês, mas fui assaltada não muito tempo depois que cheguei. Meu ingresso estava na bolsa além de todo o meu dinheiro...
"Fiquei em um hotel caído aos pedaços e dormi escutando meus lamentos misturados com o que podia escutar da música de vocês. Mas tive um plano. Um plano doido que, por incrível que pareça, deu certo. Pesquisei os possíveis hotéis em que vocês poderiam estar e cá estou eu"
Ela dá uma pausa, nos olhando com admiração. Sinto uma pontada de arrependimento por ter sido um pouco grosso. Não sei o que dizer sobre isso, mas ainda bem que o papel de consolador não é meu.
- Eu... sinto muito - meu gêmeo diz. O medo substituído pela compaixão - Você deve ser uma de nossas fãs mais determinada.
- Obcecada - corrijo, recebendo um tapa na nuca de Bill.
- Já que você veio até aqui, com quase todos as esperanças destruídas, gostaríamos de realizar algum pedido seu - continua meu irmão e tenho vontade de devolver o tapa na nuca.
Os olhos de Ivy se arregalam e ela sorri. Um sorriso bonito, mas não digno de minha atenção.
- Isso é... sério? - pergunta ela, quase sem acreditar.
- Sim - responde Bill, sorrindo para a morena - Gustav! Georg!
Poucos segundos depois a dupla GG entra. Não parecem nem um pouco supresos em encontrar uma garota na minha cama, apenas curiosos com o jeito que ela os olha. O olhar zumbi. Revira os olhos.
- Essa é Ivy, uma fã que não conseguiu comparecer ao nosso show por uma terrível tragédia. Ela está na cama de Tom porque... por que ela está aí mesmo? - Bill olha para mim.
- A encontrei no box do meu banheiro quando fui tomar banho e ela desmaiou assim que viu o tamanho da minha arma - respondo, com um sorriso malicioso.
- Não desmaiei por causa disso - Ivy franze o cenho, me olhando feio.
- Ah é? - a provoco, vendo as bochechas vermelhas novamente.
- Tá legal, não quero saber o motivo, mas propus conceber um desejo de Ivy - Bill a olha a garota e ela o olha como se estivesse em um sonho - Então, qual o seu desenho?
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𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.
RomanceIvy Neeson era totalmente, completamente, plenamente, inteiramente, perfeitamente e definitivamente obcecada por Tokio Hotel, a banda alemã mais famosa do momento. Vivia escutando músicas da banda e o seu quarto era cheio de pôsteres que não cabiam...