Ivy
Sento no sofá com Tom ao meu lado. Sua presença me acalma, mas não o suficiente. Me esforço para juntar coragem, mas é quase impossível nessa situação.
Meus pais estão de frente para nós, com os olhos fixos em mim. Confusos mas felizes em me ver. Aperto minhas mãos contra as minhas pernas. Estou nervosa, temendo que a resposta da proposta de Tom seja um não. Sinto sua mão tocar minha perna, me encorajando. Respiro fundo e tento arranjar forças para começar.
Quando bati na porta, mamãe abriu. Seus olhos se arregalaram e ela se jogou em minha direção. Chamou papai e ambos esperaram um explicação ao ver um garoto comigo. Disse que já iria explicar, já que nem falar naquele momento eu conseguia.
E nem agora eu consigo.
Ouço minha mãe limpar a garganta. Não tenho nem coragem de olhá-la.
- É... Então - ela começa - O que os trouxeram até aqui? Que eu saiba você chegaria hoje, mas pensei que avisaria. O que aconteceu, Ivy?
Me obrigo a levantar o olhar. É agora ou nunca.
- Eu... Eu quer...
- Você não está grávida, está? - papai interrompe, se inclinando para frente e semicerrando os olhos para Tom - Grávida dele?
Por mais nervosa que eu esteja, uma risada escapa de minha boca. Olho para o Kaulitz que se segura, ficando vermelho pela força de conter um riso. Pensando bem, essa seria uma das primeiras perguntas que eu faria se estivesse na situação dele.
- Não, pai. Não estou grávida.
Seu semblante suaviza. Ele solta o ar pela boca e ri para descontrair.
- Desculpe. Então, filha, o que estava dizendo?
Respiro fundo mais uma vez. Tom coloca a mão na minha e, apesar de ser arriscado, não a tiro.
- Eu quero morar com Tom - digo, rápido demais. As palavras saem como água e começo a suar.
- Tom? - Mamãe repete, franzindo o cenho e olhando para o Kaulitz - Espera aí... Esse não é um dos garotos que está por todos os lados no seu quarto?
- Sim.
- Ah...
Mamãe abaixa o olhar. Papai me encara, sem expressar nenhuma reação. De repente, fico tonta. Tom aperta minha mão com força.
Meus pais sempre foram super protetores. Por eu ser filha única, entendo essa preocupação. Deixar uma filha levantar voo do jeito que estou pedindo pode ser difícil de aceitar.
A demora para responderem já me diz a resposta. Olho para Tom, tentando sorrir. Seus olhos castanhos me observam de um jeito triste. Lágrimas de frustração começam a encher meus olhos.
Nos levantamos, ainda de mãos dadas. Tom a acaricia com o polegar e esboça um sorriso para meus pais.
- Foi um prazer conhecê-los - ele diz, inclinando a cabeça para frente - Espero reencontrá-los algum dia nova...
- Sim - Mamãe o interrompe.
Meus olhos são automaticamente levados até os dela, que retribuem com compreensão. Ela também se levanta. Papai a encara com o cenho franzido, sem entender.
- Sim? Sim o quê, amor?
- Ela pode ir - Mamãe responde, vindo até mim e colocando uma de suas mãos em meu rosto - Está na hora de deixá-la viver a própria vida.
Sinto sua palma quente contra a minha bochecha. Lágrimas de felicidade começam a jorrar de meus olhos. Aperto a mão de Tom com força.
- Espera aí - papai se levanta. Sua expressão não me é muito boa - Você vai deixá-la ir com esse... esse garoto que mal conhecemos? Pois eu não. Não irei deixar.
O sorriso estampando em meu rosto se desfaz. Olho de minha mãe para o meu pai. Nunca os vi discutindo, mas parece que agora será a primeira vez. Mamãe tira a mão de meu rosto e se vira para o marido. Sinto uma tensão no ar.
- Ivy, mostre a casa para a visita enquanto eu e o seu pai conversamos - ela diz.
- Ok.
Puxo Tom rapidamente pela escada, direto para o andar de cima. Paro diante a porta do meu quarto e hesito. O que ele verá aqui será estranho.
- Então é aí que você guarda minhas fotos? - o Kaulitz me vira para ficar de frente para ele. Vejo um sorriso malicioso em seu rosto - Quero ver até onde sua obsessão chegou.
E, antes que eu pudesse fazer alguma coisa, sua mão desliza da minha e vai até a maçaneta da porta. A sinto se abrir atrás de mim e fecho os olhos, esperando ouvir a reação de Tom. Parece que horas se passam até ele falar alguma coisa.
- Caramba - é o que diz.
Abro os olhos e o vejo parado diante dos bonecos de tamanho real da banda. Ele está observando sua própria imagem.
- Eu sou lindo, não sou?
Solto uma risada. Tom Kaulitz e sua autoestima alta.
- Sim, você é.
Ele gira a cabeça, observando as paredes cheias de pôsteres. Meu rosto esquenta quando seus olhos param em um em especial. Merda.
- Olha só - ele se aproxima do pôster, semicerrando os olhos. É um das fotos tiradas por paparazis dele sem camisa. Mas não é esse o mais vergonhoso. É o que está escrito em volta - "Lindo", "gostososo", "quente", "meu cavalinho", "meu futuro namorado"...
Pego uma almofada com o rosto de Gustav estampado e escondo minha vergonha. Eu tinha quinze anos quando escrevi aquilo. Ouço a porta do meu closet sendo aberto e levanto em um pulo.
- Não! Tom não abre!
Mas é tarde demais. Lá estão todas as minhas roupas do Tokio Hotel e, bem no fundo, há uma almofada do meu tamanho com a foto de Tom. Espero que ele não a veja, porém quando percebo, já está com ela em mãos.
- Uou - ele arregala os olhos. Observando o seu próprio rosto na almofada manchada de batom - Ivy, não me diga que você já dormiu com... isso.
Seus olhos encontram os meus e me sinto exposta demais. Agora Tom sabe até onde minha obsessão por ele chegou. Sim, eu dormia com a almofada. E sim, não apenas dormia.
Ele se aproxima de mim, jogando a almofada no chão. Me afasto até chegar na beirada da cama. Ele me empurra e fico esparramada na cama, o olhando sem entender o que está acontecendo.
- Quero que me mostre como fazia com a almofada.
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𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.
RomanceIvy Neeson era totalmente, completamente, plenamente, inteiramente, perfeitamente e definitivamente obcecada por Tokio Hotel, a banda alemã mais famosa do momento. Vivia escutando músicas da banda e o seu quarto era cheio de pôsteres que não cabiam...