019 •° Sensações estranhas °•

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Ivy

Observo Tom ofegar com a cabeça encostada na parede. Seus olhos estão fixos em mim, as sobrancelhas arqueadas em desaprovação. Acho ele ter se preocupado comigo um gesto bem fofo.

Sei que sair do nada foi errado, mas esqueci completamente desse fato quando estava diante do urso de pelúcia mais lindo que já vi. Revirei mais uma vez os meus bolsos e encontrei duas míseras moedas. O dono da barraca foi generoso e me deixou jogar uma vez. Acontece que sou muito boa. Peguei o urso como recompensa, então percebi que algumas garotas estavam me observando dos fundos.

Sorri para elas, porém acho que interpretaram de forma errada. Se aproximaram de mim e permaneci imóvel. Não estava com medo, estava curiosa para saber o que iriam fazer. Uma delas parou a centímetros de mim e tirou meus óculos.

- Hm, bonitinha - ela disse, mas não em um tom de elogio.

Peguei meus óculos de sua mão e os coloquei novamente. Mais garotas se aproximavam e algumas já estavam com os celulares apontados para mim. Se esse vídeo chegasse até minha mãe e ela me reconhecesse, estaria morta quando chegasse em casa.

Me virei para sair dali, porém percebi que era impossível. Eu estava cercada de garotas. Limpei a garganta e tentei sorrir amigavelmente.

- Com licença, preciso voltar para junto dos meus amigos - minha voz sai firme.

A garota que tirou os meus óculos deu um passo para trás, se juntando às suas amigas.

- Amigos? - lembro que repetiu, como se o que eu tivesse dito fosse uma piada - Você é amiga deles?

Então eu entendi. Toda aquela multidão era por causa dos garotos, ou melhor, por eu estar com os garotos. Revirei os olhos, achando os ciúmes delas totalmente desnecessários.

- Eu pedi - continuei, tentando mater a calma - para me darem licença.

Ao dizer isso, a garota fica vermelha de raiva. Ameaça vir em minha direção quando um vulto aparece e me arrasta para longe. Esse mesmo vulto está do meu lado nesse exato momento, me dando milhares de sermões.

- Entendeu? Você não pode sair sem acompanhante - Tom termina, ainda escorrado na parede, mas com o corpo virando para mim. Seus olhos estão intensos - Elas poderiam ter te machucado.

- Eu sei, eu sei - suspiro, dando de ombros - Eu não vou mais fazer isso.

Tom continua me olhando estranho. Desvio o olhar para os meus tênis, pois começo a sentir meu corpo queimar. Noto seus pés se aproximarem dos meus e quando levanto o rosto, ele está a milímetros do meu. Recuo, mas ele me acompanha. Paro quando bato minhas costas contra a parede. Levo o urso para frente do meu corpo, para manter uma distância razoável entre nós. Entretanto, Tom arranca a pelúcia gigante de minhas mãos e joga em um canto.

Ele apoia um de seus braços na parede da cabine, ao lado da minha cabeça. Seu olhar carrega tanto fogo que me sinto literalmente queimando. Meus membros começam a formigar e preciso fechar os olhos para me acalmar. Então, assim que os abro, Tom não está mais ali.

Pego o urso e saio. O vejo parado do lado de fora, com a mão na nuca. Não faço ideia do que acabou de acontecer, mas xingo o Kaulitz mentalmente por ter se afastado. E me xingo mentalmente por querer que ele não tivesse se afastado. Sou tomada por uma frustração enorme.

- Vamos - ele se vira para mim e sem olhar para meu rosto, pega minha mão.

Sou arrastada mais uma vez pela multidão. Sinto um calor em meu corpo começando pela minha mão. Os dedos de Tom estão firmes ao redor dela. Fico mais uma vez frustrada quando ele a solta.

- Ivy - ouço uma voz gentil. Bill se aproxima de mim preocupado. Nem havia percebido que chegamos até eles - Você está bem?

- Sim - assinto, ainda sentindo um formigamento em minha mão direita - Estou.

Levanto o olhar para Tom e o vejo me olhando com a mesma intensidade. Por que ele é assim? Por que me faz sentir essas coisas... estranhas?

Vamos até a fila da montanha russa mais uma vez, agora com dois seguranças ao meu lado impedindo qualquer possível fuga. Meu estômago se revira por diversos motivos quando chega nossa vez. Ao meu lado, se senta Tom. Finjo não me importar e me concentro no movimento do brinquedo.
Porém, assim que as curvas e as aspirais chegam, agarro a mão de Tom e grito.

Ouso abrir os olhos, mas estamos altos demais. Ouço uma risada ao meu lado, e vejo Tom achando graça das minhas reações. Solto sua mão de imediato e abro a goela assim que descemos. Não é apenas eu que está gritando feito louca, pois ouço vários e distinguo o de Bill em meio deles. Fecho os olhos com força assim que paramos.

- Foi demais - sorri Georg, quando já estamos em terra firme.

Me sinto enjoada e tonta. Nunca mais vou em um brinquedo desses.

- Ivy parece ter gostado - brinca Tom, recebendo um olhar de desprezo vindo de mim.

- Vai se foder - o xingo.

Ele se aproxima de mim quando os outros estão distraído e susurra em meu ouvido:

- Só se for com você.

Juro que nunca senti tanto ódio é tanto desejo ao mesmo tempo. Franzo o cenho e apresso meu passo para ficar o máximo possível longe de Tom.

O próximo brinquedo que vamos é a roda-gigante. Ela faz juz ao próprio nome porque é realmente gigante. Olho para ela com um leve receio mas com curiosidade de saber qual é a sensação de estar lá no topo sem se preocupar em cair. Gustav e Georg entram em uma cabine, Tom e Bil em outra. Fico pensando se devo me juntar à eles ou ir sozinha.

- Entra - diz Bill. Olho para Tom que me encara preguiçosamente. Talvez com Bill de companhia não seja tão ruim ficar com o Kaulitz mais velho. Me sento ao lado do vocalista que se levanta de repente - Vou em outra.

Quando percebo, Bill já está do lado de fora e a cabine já se fechou. Tento chamá-lo, mas ele entra com um dos seguranças. Ouço mais uma vez a risada irritante de Tom.

- Parece que o destino está nos unindo - ele ri ainda mais ao ver minha cara vermelha de raiva. Ou será que é de vergonha?



𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.Onde histórias criam vida. Descubra agora