020 °• Não ilegal •°

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Tom

A observo cruzar os braços e olhar para o lado, emburrada. Não estava nos planos de Ivy ficar a sós comigo, mais uma vez, e, para ser sincero, nem nos meus. Deixar-nos sozinhos pode ser perigoso. Muito, muito perigoso. Com Ivy bem na minha frente, duvido que eu consiga me conter. Fecho os olhos e tento prestar atenção apenas no movimento da roda gigante.

Há algo estranho acontecendo comigo, algo que eu nem sabia que eu fosse sentir por uma garota. Não é amor, não é paixão, é obsessão. Uma obsessão que faz meu coração acelerar toda vez que fico perto da Neeson; uma obsessão que me faz suar; uma obsessão que me deixa totalmente desnorteado; uma obsessão que me faz ter pensamentos pecaminosos...

Ivy Neeson é a minha obsessão.

Parando para pensar, essa atração não surgiu a partir do momento em que a vi de biquíni, mas sim quando soube do que passou para chegar até o nosso hotel. Quem seria doido a ponto de fazer o que ela fez? A obsessão dela foi tão forte e tão intensa, que a fez fazer coisas insanas. Sua determinação me conquistou e, é claro, seu corpo belo. 

Abro os olhos. Vejo Ivy ainda de braços cruzados. Não entendo o porquê dessa reação. Se ela é obcecada por mim, como sou por ela, não deveríamos estar nos agarrando nessa cabine? Suspiro alto demais, ganhando a atenção da garota. Ela me encara por alguns segundos, mais do que o normal.

Ela me quer, mas está me evitando. Qual o sentido disso?

- Ivy - a chamo, assim que ela desvia o olhar para a paisagem conforme subimos pela roda gigante - Por que você está fungindo de mim?

Ela solta uma risada seca e se remexe no banco, sem olhar para mim.

- Não estou fugindo de você.

Semicerro os olhos. Essa foi uma prova explícita de que ela realmente está me evitando.

- Nao está? - pergunto novamente, me inclinando para ela, até ficar a centímetros de distância de seu rosto. Fixo meus olhos em seus lábios. Ela recua de imediato - Viu só?

Vejo seu rosto escarlate. Me afasto e a deixo respirar. Ivy passa as mãos pelo rosto, cravando os dedos nos cabelos. Ela apoa os cotovelos nos joelhos e fica assim por um bom tempo. Quando se mexe, levanta a cabeça e me olha com as sobrancelhas franzindas.

- Eu gosto se você, idiota - ela diz, me surpreendendo com seu tom de voz. Ela diz como se gostar de mim fosse algo ruim - Eu gosto demais. Sou apaixonada por você. Só queria me manter longe, para não doer tanto quando eu for embora.

- Doer em quem? - pergunto, me inclinando para frente também. Estamos tão perto que posso ver seus poros.

- Em mim.

Noto algumas lágrimas se formando em seus olhos castanhos. Os cílios escurecem conforme uma lágrima cai.

Tento me colocar no lugar dela. Se eu fosse obcecado por mim e fosse louco o bastante para me procurar, ficaria super feliz se conseguisse. Além disso, ter um noite comigo e ser alvo das minhas provocações seria maravilhoso, já que sou obcecado por mim. Mas, depois de toda essa jornada perfeita, eu teria que ir embora. Não sentindo mais aquela obsessão, mas uma estima por mim. Ir embora depois de tudo seria doloroso. Acho que a entendo.

Pego as mão de Ivy que repousam em seu colo. Seus olhos ainda estão fixos nos meus, de uma forma não mais raivosa, mas triste.

Refletir sobre como ela se sente me fez me dar conta de uma coisa...

- Não, não só em você - digo, acariciando suas mãos com meu polegar.

Suas pupilas dilatam e seus olhos arregalam. A vejo abrir a boca, sem palavras. Então, em um movimento ousado, tiro minha mão da dela e a coloco em sua nuca, puxando-a para um beijo.

Sinto os lábios macios que tanto ansiava sentir novamente; a sensação de nossas línguas juntas; nossas respirações ofegantes. Ela não se afasta, então não paro até sentir meus lábios doerem. A puxo para meu colo, apesar de não ser uma posição muito confortável nessa cabine.

- Ivy - susurro, mordendo seus lábios de leve e com minhas mãos por debaixo de sua blusa, acariciando suas costas - Sua obsessão é contagiosa. Não posso te deixar ir sem sabe disso, e nem deixar de reproduzir aquela noite.

- Tom... - ela suspira, como se tivesse se dado conta de onde está sentada - Não posso.

- Pode sim - digo, beijando seu pescoço e a ouvindo gemer - Pense nisso como uma experiência boa, que você levará guardada na sua memória. Uma memória boa. Só você e eu sabemos das palavras que trocamos. Não sou de me humilhar por mulher mas... por favor, eu lhe imploro mais uma vez, transe comigo.

- Tom... eu não quero ir embora - ela diz, encostando a testa na minha.

- Não vai.

- Mas eu tenho minha família.

- Eu sei, eu também tenho, e está na Alemanha - seguro seu rosto entre as minhas mãos, para olhar bem no fundo de seus olhos - Mas eu construi uma nova. Venha fazer parte dela.

Ivy me encara com um olhar triste, como se ainda não estivesse convencida o suficiente. Preciso convencê-la a ficar. Não quero que ela vá embora.

- Você é como uma droga - continuo, passando o polegar em seus lábios - Uma vez com você me fez querer mais, Ivy. Isso, para mim, não é normal. Você ficou cravada em minha mente e não quer sair. Se você sente o mesmo, por favor, fique. Comigo.

Ouço a respiração ofegante da morena. Agora, ela parece pensar no que disse. Seus olhos brilham e sei o que seu coração está pensando. Só resta saber, o que seu cérebro decidiu.

Ela se aproxima de meus lábios, deixando um beijo. Sua mão direita vai de encontro com a minha. Ela a conduz até seu peito, onde sinto seu coração batendo forte. Tão forte que quase se é possível escutar.

- Então, Tom - ela diz, olhando-me com intensidade - por favor, não quebre meu coração.

Não posso deixar de expressar minha felicidade. Agarro sua cintura e a puxo para mais um beijo.

Ainda bem que essa droga não é ilegal.

𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.Onde histórias criam vida. Descubra agora