009 °• Pedido de desculpas •°

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Ivy

Se ele acha isso engraçado, está enganado.

Quem Tom acha que é para me tratar dessa forma? Me provocando como se não causasse nenhum efeito em mim? Como se não doesse saber que tudo que ele está fazendo, é só por... diversão? Todas as noites, em que eu pegava no sono, sonhava em momentos com Tom, com ele me olhando da mesma forma que me olhou minutos atrás. Quando acordava, ficava frustrada por não ser real. Porém, agora que é, desejaria que não fosse.

Sou loucamente apaixonada por ele e sei que não é recíproco. Vê-lo se aproximando de mim, no carro, fazendo meu coração acelerar feito louco, foi uma tortura. Foi uma tortura porque apenas eu senti o que senti. Um formigamento em meus membros, um nervosismo embriagante, uma sensação de sufoco... Ele não se importou com meus sentimentos. Não mesmo.

Por isso digo a Bill para retirar a proposta.

- O quê? - ele arqueia as sobrancelhas, surpreso. Estamos em uma salinha no estúdio, a sós. Sei que posso estar sendo dramática, mas isso é demais para mim. Já foi o suficiente tê-los visto de perto. Quero ir embora - Quer que eu renuncie? Por quê?

- Minha... mãe, precisa de mim - minto, evitando olhar em seus olhos - Ela quer que eu volte.

Ele demora para responder e cerro os dentes. Apenas concorde, Bill.

- Não - ele diz, a voz firme. Levanto meu olhar, supresa com mudança repentina no tom - Não é por isso que você quer ir, é por causa do Tom.

Arregalo os olhos. Está tão obvio assim? Talvez os vestígios das lágrimas que derramei na limousine estavam visíveis. Abaixo a cabeça, olhando fixamente para os meus tênis encardidos.

- Olha, Ivy - ele continua, repousando a mão direita em meu ombro - Entendo porque quer ir. Tom pode ser mesmo insuportável as vezes, mas peço que fique. Farei com que ele pare, não importa como. Você quer ver o show, não quer?

Assinto. É claro que quero. Sem sombras de dúvida. Realizar outro sonho em um só dia parece até não ser real. Uma parte de mim quer acreditar em Bill, quer acreditar que ele vai conseguir conter as provocações do irmão. Entretanto, outra parte de mim acha que não adiantaria de muita coisa. Só de olhar para ele e lembrar do momento em que estávamos quase colados, já me deixa melancólica.

É pensando nisso que ouço a porta se abrir. Lá, vejo o garoto que é o motivo da minha loucura interna. O Kaulitz mais velho olha para mim, uma expressão um pouco preocupada. Prendo a respiração e todo meu corpo começa a tremer. Acho que vou desmaiar.

- Bill, posso conversar com ela, a sós? - o guitarrista pergunta, recebendo um olhar feio do irmão mas que logo assente. Com certeza irei desmaiar - Obrigado.

A sala em que estou é grande, mas a partir do momento em que Bill sai e me deixa sozinha com Tom, sinto que estamos em uma caixa de papelão. Evito seus olhos e ao vez disso observo sua boca. É pior ainda.

- Ivy... eu sinto muito - ele diz, começando a andar de um lado para outro - Eu não percebi como fiz você ficar mal até Georg e Gustav me darem uma surra de sermões. Fui egoísta e peço perdão. Você pode me odiar, se quiser. Pode me evitar como está fazendo para sempre. Só peço que não mude de ideia em relação a proposta. Fique até amanhã.

Arrisco olhar em seus olhos. Meu estômago todo se revira. Ele é tão... tão lindo. Não posso negar que senti um pingo de felicidade ao escutá-lo pedindo desculpas para mim. Eu recusaria só para que ele implorasse por perdão novamente. Talvez não seja tão ruim assim ficar até o final.

- Você jura que vai parar?

- Juro - ele assente. Minha parte sonhadora lamenta.

Me permito considerar o que foi dito por alguns segundos. Pensando bem, eu estou sendo egoísta comigo mesma e com os meninos. É o meu sonho e estou prestes abrindo mão dele só porque não aguento as provocações de Tom. E sei que os garotos estão se esforçando para me deixar feliz, principalmente Bill. Acho que devo fazer o trabalho deles valer a pena.

- Tudo bem, eu aceito suas desculpas - digo, por fim.

- É sério? - os olhos de Tom parecem se iluminar - Você vai ficar?

- Vou - respondo.

Tom suspira é joga a cabeça para trás. Seus dreads balançam e mais uma vez me permito admirar sua beleza surreal. Seu piercing no lábio brilha em harmonia.

- Que bom - ele diz, indo até a porta e abrindo-a, fazendo sinal para que eu saia. Um sorriso de canto a canto no rosto - Vamos para o show?

Impossível não sorrir também. Saio da salinha e encontro Bill, Gustav e Georg nos olhando, sérios e calados. Ao verem o sorriso nos lábios de Tom, toda tensão some.

- Fico feliz que tenha escolhido ficar - diz Bill, suspirando de alívio.

- Parece que Tom é ótimo em persuadir - Gustav fala, mandando uma piscadinha para o guitarrista.

Semicerro os olhos e viro rapidamente o rosto na direção de Tom. Ele está com um papel em mãos, mas logo esconde no bolso da calça quando percebe meu olhar.

É claro.

Todo aquele discurso de estar arrependido não deve ter vindo dele. Com certeza Gustav o ajudou. Não me chateio. Ao em vez isso, solto uma risada. Típico de Tom.

Sou levada até uma sala que separa os meninos e eu por um vidro. Do outro lado, a banda prepara os instrumentos. Tento permanecer calma, mas assim que o som começa a ecoar em minha mente, sinto que vou explodir de emoção. Lágrimas de admiração se formam em meus olhos quando Bill começa a cantar. Uma sensação de realização percorre em todo o meu ser. Sorrio a cada instante e observo as habilidades dos garotos.

Bill com sua voz maravilhosa, Gustav arrasando na bateria, Georg mandando bem no baixo e, Tom, me conquistando mais com seus solos de guitarra. Me belisco novamente, só para ter certeza de que não estou sonhando.

𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.Onde histórias criam vida. Descubra agora