013 °• Por favor •°

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Ivy

Estou no sofá. Os garotos queriam ceder a própria cama para mim, porém insisti que não teria problema algum dormir aqui. É confortável, macio e tem o cheiro dos meninos. Contudo, não consigo sentir sono. Estou muito enérgica. Encaro o teto, deitada de barriga para cima. Não está totalmente escuro, a luz da lua perpassa a transparência da janela. Mas não é a claridade do ambiente que não deixa dormir, e sim o que a pouco minutos atrás aconteceu.

Fiquei muito surpresa quando as garotas foram embora, alegando que Tom não quis ficar com uma delas. Achei estranho. No começo, o Kaulitz parecia bem animado por tê-las por perto. Pensei que transaria com qualquer uma sem arrependimento. Mas, depois de ver todas indo embora, questionei meus próprios pensamentos. Aliás, o jeito que começou a me olhar depois do incidente do biquíni, foi estanho.

Esse é o motivo da minha inquietação. Tom Kaulitz me olhou da mesma forma quando estava me provocando nessa tarde, contudo a diferença é que, dessa vez, parecia real. Ele parecia evitar e, ao mesmo tempo, querer me olhar. Não posso deixar de admitir que não deixei essa oportunidade passar. Se me abaixei de propósito, balançando levemente os quadris quando ele estava por perto, foi por pura vingança. Se me alonguei, fingindo não vê-lo, foi por pura vingança. Se o esperei ir em direção ao próprio banheiro e aproveitar a chance de chegar antes, tampando meus seios nus com os braços, foi por pura vingança.

Sei que foi algo indecente, mas queria que ele provasse do próprio veneno. O fiz me desejar como eu o desejei. Entretanto, não foi uma ideia tão boa assim. Também estou com desejo. Nesse instante. Nesse minuto. Rolo até o chão, choramingando. Me levanto e ajeito o pijama que estou vestindo. É uma bermuda preta apertada com uma camiseta verde-escuro comprida. Passo a mão para desamassar o tecido. Vou em direção a cozinha, nas pontas dos pés.

Abro a geladeira e procuro alguma coisa para comer. Pego uma fatia de pão e o recheio com geleia de amora. Me viro para o balcão dando de cara com uma figura me encarando. Levo um susto e deixo meu pão cair, usando as mãos para abafar o grito que de minha boca saiu. Arregalo os olhos, ofegante. Tom está inclinado no balcão, em minha direção. Os olhos cansados e os dreads soltos. Nunca o vi assim, mas não deixa de ainda ser terrivelmente atraente. Está usando uma de suas blusas compridas. Preta com escrita em alemão. Ele não diz nada, apenas me fita com os olhos que me fazem encolher.

- Não... consegue dormir? - pergunto em um susurro, tentando aliviar a tensão do clima. Sinto meu coração acelerado, não só pelo susto mas pela presença do Kaulitz. Ele assente - Eu também não.

Tom continua me encarando e, por um momento, até acho que vai desmaiar. A luz da lua o deixa mais pálido e sombrio. Não faço ideia do que fazer. Me agacho e pego meu pão, balançando-o em sua direção.

- Quer um? - pergunto, ao perceber que nem um pio sairá de sua boca. Ele nega com a cabeça e continua me olhando de um jeito estranho. Parece realmente que vai desmaiar - Você está bem?

Tom suspira e fecha os olhos. Abaixa a cabeça e passa a mão pelo resto. Desisto de tentar aliviar a tensão do ambiente, pois estou nervosa demais com sua presença repentina. O Kaulitz levanta a cabeça novamente e me olha como se fosse chorar. Ok, eu realmente não sei o que está acontecendo.

- Faça isso parar - ele diz, cerrando o punho e se remexendo - Faça esse desejo ir embora, por favor.

Meu rosto todo esquenta. Dou um passo para trás e me apoio na geladeira. Meu pão cai mais uma vez... Agora sou eu quem vai desmaiar.

Sabia que havia provocado uma certa inquietação em Tom, mas não imaginei que seria tão grande assim e que ele admitiria isso a mim. O guitarrista começa a andar, mas sem tirar os olhos dos meus. Quando sai de trás do balcão é que percebo que está sem calça. Está de cueca. Meus olhar abaixa automaticamente até lá e não deixo de perceber a grande elevação que ali há. Engulo em seco. Paraliso, com corpo todo queimando.

Ele para há alguns centímetros de mim. O olhar suplicante e intenso. Agarro a beirada da geladeira. Sinto que irei cair.

- Por que fez aquilo comigo? - ele pergunta, a voz rouca - Por que me provocou intencionalmente?

Ah, ele sabe. Contudo, ele deveria saber a resposta mais do que ninguém.

- Porque você também me provocou intencionalmente - digo, com a voz falhando.

Ele dá um passo para frente, o suficiente para me fazer sentir o calor que emana de seu corpo. De repente, a temperatura sobe. Estamos há aproximadamente trinta centímetros de distância. Tão perto assim, consigo ver as pupilas dilatadas do Kaulitz. Abro a boca, pois ficou muito difícil de respirar. A mão de Tom vem em minha direção, lentamente, me dando a oportunidade de afastá-la se quisesse. Porém estou fraca demais para fazer tal esforço.

Seus dedos tocam minha bochecha, o polegar roçando em meus lábios, como ele fez no carro. Sinto uma onda de eletricidade percorrer pelo meu corpo. Meus sentidos estão perdendo a eficácia e não sei do que serei capaz se perder a cabeça. Ele afasta o cabelo de meu rosto e o coloca atrás da orelha. Usa as duas mãos para segurar as longas mechas de um lado. Se inclinando para frente, ele beija meu pescoço. Solto um gemido baixo e aperto ainda mais a porta da geladeira. Fecho os olhos e jogo a cabeça para trás.

Porra.

Ele continua com mais beijos. Lentos e maravilhosos. Cerro os dentes e mordo o lábio. Eu deveria me afastar e xingá-lo como fiz ainda hoje. Entretanto, meu corpo todo está cedendo a cada toque e a cada beijo de Tom. Sei que, se eu permitir mais, estarei me arriscando demais.

- Viu só - ele sussura, conforme afasta minha camiseta para beijar minha clavícula - Não é só eu quem está com vontade de suprir esse desejo... Você também. Então, Ivy, por favor, transe comigo.


𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.Onde histórias criam vida. Descubra agora