022 •° Chegada °•

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Tom

- Ai, merda - resmunga Ivy, assim que a turbulência do avião começa. Ela recosta a cabeça no bando e fecha os olhos com força - Não me acostumei com isso.

Seguro sua mão. Ivy está pálida e temo que vomite em mim, mas não me importo. Ela parece se acalmar e aperta minha mão. Seus olhos encontram os meus e não posso deixar de sorrir.

Tivemos uma ótima tarde juntos, mas quase precisei levar a Neeson no colo até o avião. Digamos que peguei um pouco pesado, mas ela está viva para contar a história para quem quiser. Fizemos amor três vezes antes de pegarmos o avião agora à tarde. Bill, Gustav e Georg, torcem para que os pais de Ivy aprovem a ideia louca que tive.

Adoraria ter a morena comigo para todo lugar que eu fosse. Já levei algumas garotas para as turnês, mas as dispensei quando já não eram mais do meu agrado. Mas, até agora, Ivy me satisfez de diversas formas. Sinto algo diferente por ela. Algo que me assusta.

Meu coração acelera toda vez que estou perto dela. Quando estamos nos beijando e nos tocando, me sinto completo. Principalmente se acabo dentro dela. Mas não tenho essa estima por Ivy apenas por ser uma transa boa. Compartilhamos dos mesmos gostos e sei que não é uma pessoa má. Não está comigo apenas por interesse ou algo assim, mas porque gosta de mim.

Olho para o lado, onde Ivy permanece rígida e tensa por conta da viagem. Acaricio sua mão com meu polegar e me aproximo de seu ouvido.

- Tente dormir, assim você não se sentirá enjoada. Pelo menos, não consciente.

Ela assente, respirando fundo. Escorra a cabeça em meu ombro e, cerca de dez minutos depois, adormece. Ouço a respiração leve da morena e sinto o cheiro de seu shampoo em seu cabelo. É assim que também adormeço.

Acordo quando estamos sobrevoando Madrid. Cutuco Ivy que ainda dorme profundamente. Ela boceja e acompanha meu olhar. Neeson deveria sorrir ao estar de volta em sua terra Natal, mas percebo uma nova tensão surgindo. Ela teme que os pais não concordem com a ideia de ela vir morar conosco. Ela é de maior, então pode se rebelar caso seus pais não permitam. Porém, a aprovação deles é essencial para Ivy.

Desembarco do avião e ajudo a morena a descer. Suas pernas ainda estão meio bambas, mas conseguem se mover. Chamamos um táxi e nos dirigimos para a sua casa. Estou usando óculos escuros e um chapéu horrível, mas que esconde grande parte dos meus dreads. Gostaria que nenhum desses assessórios fossem necessários, porém preciso usá-los se não quiser uma multidão de fãs em cima de mim.

Ivy esta vestindo uma touca e seus logos cabelos castanhos estão presos em um rabo de cavalo baixo. Com sua mão na minha, sinto um certo tremor. Assim que o carro para, ela a aperta com toda força.

- Preparada?

Ela assente, soltando um suspiro longo. A casa é bem simples. Feita de madeira com um tom mais escuro, com um telhado cinza. Na frente, há um portão com estacas de madeira que chega até a minha cintura. São necessários dez passos para chegar até a porta da casa e durante o percurso, passamos por um quintal cheio de flores. Há um pequena árvore de sombra do lado esquerdo da casa, onde um balanço balançado pelo vento fica. É uma casa aconchegante.

Nesson para na frente da porta, respirando fundo. Aperto sua mão mais uma vez, indicando que estou ali. Seus olhos encontram os meus e eu assinto.
Ela estica o braço e bate.

Não demora muito para alguém a abrir. Uma senhora, aparentemente na casa dos trinta anos, surge. Seus olhos se arregalam e noto como são igualzinhos aos de Ivy. Ela começa a lacrimejar e se joga na direção da filha, abracando-a. Apenas observo, já que fui completamente ignorado.

- Por que você não avisou que voltaria? - sua voz é calma, igual a de Ivy .

A morena se afasta, com os olhos fixos nos pés. Ela está nervosa e não a culpo do porquê.

- Vim conversar.

A mãe se Ivy franze o cenho e finalmente seus olhos pousam em mim. Ela me analisa, olhando-me de cima a baixo. Quando seus olhos param nos meus novamente, uma expressão preocupada toma conta de seu semblante sereno.

- Não me diga que... não me diga que está grávida desse rapaz.

Meu rosto automaticamente faz uma careta. Ivy arqueia as sobrancelhas e olha para mim. A mãe percebe nossas expressões e solta um suspiro de alívio.

- Ah, desculpe - ela se afasta da porta, sinalizando para entramos - Sentem-se na sala, irei preparar um chá como desculpa pela minha hipótese.

- Mãe, não precisa - Ivy é a primeira a entrar, segurando os ombros da mãe - Não é uma conversa muito longa e precisamos do papai também.

Então, mais uma vez, a sra. Neeson me analisa. Seus olhos castanhos tentam decifrar o porquê da filha voltar se  avisar e ainda trazer um garoto desconhecido.

- Seu pai se encontra no quintal dos fundos. Vamos até lá.

Sigo as duas mulheres. Até o jeito de andar de Ivy é parecido com a da mãe. As únicas coisa que as diferenciam são o cabelo e algumas características do rosto. O resto, é tudo igual.

Passamos pela cozinha e chegamos ao destino. É um quintal médio com um canteiro de flores e um pequena horta. Há uma churrasqueira não muito longe, onde um homem de cabelos castanhos lê um papel parecido com um manual.

Quando a sra. Neeson o chama e seus olhos nos encontram, quase acho que estou vendo uma copia de Ivy versão homem. Nariz e boca idênticos e o mesmo tom castanho escuro dos cabelos. Ele se aproxima de nós, com um olhar confuso.

- Ivy - ele se aproxima da filha, envolvendo-a nos seus braços - Que bom bom voltou.

- Precisamos conversar - ela responde, sem delongas.

Assentindo, voltamos para a sala. Os pais de Ivy sentam de frente para nós, intercalando os olhares. Me sinto exposto demais.

- Então, sobre o que vocês querem conversar?


𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.Onde histórias criam vida. Descubra agora