018 °• Na multidão •°

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Tom

Eu realmente achei que se realizasse meu desejo, ele sumiria. Porém, com os olhos fixos nas pernas de Ivy, tenho a total certeza de que o desejo só aumentou ainda mais. A toco uma ou duas vezes, com cuidado para que os meninos não notem nossa interação. Ela se remexe e ouço sua respiração descontrolada.

Ainda a deixo nervosa.

O desejo que sinto já o tive com outras mulheres, mas depois da primeira vez, não tinha a mesma intensidade que o primeiro desejo. Mas esse é diferente. É um desejo que corroe a minha alma e que me deixa tonto, confuso. Tenho a sensação de que aumenta a cada segundo, a cada olhar e a cada gesto de Ivy. Não sei se devo me preocupar, mas temo me tornar obcecado por ela.

A limousine para e sou arrancado de meus devaneios. Todos nós desembarcamos, já com flashes nos atingindo. Bill teve a ideia de irmos no Parque Tibidabo para finalizar o passeio de Ivy. Os olhos da garota brilham e sua boca se abre em supresa. Aposto que ela não esperava por isso.

- Isso é... incrível! - ela exclama, batendo palmas em alegria. Contudo, sua expressão muda ao ver algumas pessoas apontando câmeras e celulares em nossa direção - Vocês não acham isso desconfortável? Se acharem, não precisamos vir aqui. Um lugar no meio do mato também cairia bem.

- Não se preocupa - Bill dá de ombros, engatando o próprio braço no de Ivy. Não sei porque, mas isso me deu um leve ciúmes - Somos acostumados com isso. Não há local público que não se encha de fãs nos rodeando.

Suspiro, pois é a mais pura verdade. Privacidade é uma coisa que deixamos de ter assim que nos tornamos famosos. Não que nós culpamos as pessoas que as tiram da gente, porque amamos nossos fãs, mas as vezes é... demais. Não há estabelecimento algum em que possamos andar sem ser barrado por vários fãs.

- Opa, espera aí - Ivy para, apontando para a entrada onde há uma cabine com um homem distribuindo tickets - Precisa pagar para entrar?

- É claro - respondo, achando sua reação engraçada.

Ela toca imediatamente nos bolsos da calça e revira os da jaqueta. Acho seu desespero bem sexy.

- Vocês poderiam ter me avisado! Eu não trouxe dinheiro.

É sério que é com isso que ela está se preocupando? Acho que devia mesmo era se preocupar em como sua calça jeans é apertada, destacando suas pernas e seus glúteos maravilhosos.

- Relaxa - Georg levanta as mãos, despreocupado - Seu ingresso é por conta da casa.

- Com certeza não - ela dá a volta com passos largos até até limousine - Um dos seguranças podia me levar de volta ao hotel, assim eu procuraria minha carteira.

Não é só eu que contenho uma risada e acho essa ideia uma besteira.

- Nem pensar - Bill nega, indo até ela e a arrastando de volta - Você vem com a gente. Não se preocupa, nós pagamos. Além do mais, se você voltasse ao hotel, demoraria dez minutos. A volta daria o mesmo, se não pegassem trânsito. Seriam mais de vinte minutos desperdiçados.

Ela suspira e assente. Semicerro os olhos para tal cena. Não estou gostando nem um pouco da proximidade de Bill com ela. Sei que meu irmão não tem nenhuma intenção com a Neeson, mas devia saber que isso me deixa desconfortável.

Após Gustav pagar os ingressos, entramos. Tivemos que pagar a entrada dos seguranças mesmo com eles insistindo para descontar do salário, porém é claro que Bill quis pagar... Meu irmão e sua cortesia.

Passamos por várias atrações, com Ivy gritando em cada uma delas. Tento não permanecer tão próximo da garota para não aguçar as teorias de alguns repórteres que passam por nós. Porém vejo vantagem nos óculos escuros, já que ninguém sabe para onde estou olhando.

- Que castelo lindo! - Ivy fica maravilhada, chegando perto para ver tudo. Uma das melhores atrações do parque - Podemos entrar?!

- Não - Georg responde, rindo ao ver o beicinho da morena - Temos que ir até a montanha russa antes que a fila encha.

A jovem resmunga baixinho e volta a nos acompanhar. A montanha russa não está tão lotada. Esperamos na fila, observando as pessoas que já foram gritarem feito loucas.

- Ainda bem que não tomei nenhum café reforçado - diz Ivy, os olhos arregalados. Ela está na frente de Georg, mas ainda vejo sua cabeça balançar de um lado para o outro. Quando para, sigo seu olhar mas nada vejo - Vou ir ao banheiro, guardem meu lugar.

Ao dizer isso, ela simplesmente some em meio a multidão. Os garotos e eu nos entreolhamos. As pessoas já nos viram com ela e com certeza irão perguntar o porquê de estar nos acompanhando. Sinto que não seriam perguntas muito amigáveis.

Bill manda dois seguranças a procurarem. Contudo, dois minutos se passam e eles voltam, sem Ivy.

- Ela não está no banheiro - um deles diz. Sinto um arrepio percorrer pelo meu corpo.

O homem da montanha russa nos pede para entrar, mas recusamos. Saímos todos, a procura da Neeson. Bill até pergunta para algumas pessoas, mas a maioria delas responde brevemente e pede um autógrafo. É inquietante o fato de eu não poder sair correndo entre as pessoas, já que algumas me pararão.

Nos separamos, cada membro com um segurança. Ando o mais rápido que posso, com os olhos para todos os lados. Passamos por vários estabelecimentos e nada de Ivy. Quase perco as esperanças, mas então vejo uma roda de garotas em um canto afastado. Chamo atenção do segurança, mas ele parece distraído. Não tenho tempo então corro naquela direção. Empurro as garotas mesmo sentindo algumas me segurando. E, como imaginei, encontro Ivy no meio delas, com um urso nas mãos.

- Você ficou maluca? - digo, chegando até ela e a arrastando o mais rápido possível dali. Ouço gritos e sei que estou sendo perseguido - Você não disse que ia só até o banheiro!?

- Sim, mas encontrei uma barraca de tiro e vi esse urso... - ela para se falar ao ver minha reação - Desculpa.

Olho para trás, vendo as garotas ainda nos seguindo. Avisto uma cabine de fotos e me apresso em entrar antes que nos vejam. Arrasto Ivy até lá, esbarrando em algumas pessoas que torço para não saber quem sou. Suspiro aliviado quando percebo que cinco segundos se passaram e ninguém entrou. Me escorro na parede da cabine, ofegante.

- Nunca mais faça isso - digo a Ivy, olhando-a com desaprovação - Quase me matou de preocupação.



𝐀 𝐅Ã𝐗𝐈𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀 | ᴛᴏᴍ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢ.Onde histórias criam vida. Descubra agora