12 - Benjamim

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Os convidados começaram a chegar quando o sol se despedia. Otávio teve que ir embora, porque Esmeralda, sua noiva, tava no hospital por causa de um mal-estar. Ele pediu que eu ficasse de olho em tudo e até deixou o carro comigo, caso a madame precisasse de algo. Fiquei encabulado com a confiança que ele depositou em mim; afinal, quem deixaria seu carro nas mãos de um ex-presidiário? Mas parece que a confiança que Dona Lídia tinha em mim começava a influenciar seu motorista também.

Escolhi uma roupa mais adequada para a festa. Não que eu tenha muitas opções, mas selecionei uma camisa polo preta, de marca duvidosa, uma calça jeans desgastada e calcei minhas botas de cadarço. Não costumo me preocupar com a aparência, mas essa noite não quero decepcionar.

Hoje eu desejo mostrar à madame que posso ser... melhor. Espero que ela me veja não apenas como um empregado ou alguém que saiu da prisão. Assim, depois de me arrumar, uso o perfume que Boo me deu, junto com algumas roupas, quando cheguei à ilha. O frasco tá quase vazio, mas agora posso comprar outro.

Me olho no espelho e sorrio satisfeito com minha imagem, mas quando percebo a idiotice de tudo isso, o sorriso morre. Que diabos tá rolando na minha cabeça? Por que isso tudo me afeta tanto? Não queria que a madame tivesse tanto impacto em mim. Pelo amor de Deus!

Saio de casa, batendo a porta com raiva de mim mesmo, mas ao me virar, paraliso. O quintal tá totalmente lotado. Respiro fundo, mas não consigo me mover. Algumas das pessoas, eu já vi uma vez ou outra por aqui, mas a maioria é de fora da ilha.

Mas é a minha chefe que eu procuro pela multidão. Meus olhos percorrem o lugar à procura dela. Caminho entre as pessoas até que, finalmente, eu a encontro. Meu coração acelera, engulo em seco e, de repente, parece que a temperatura subiu, fazendo com que gotas de suor comecem a brotar na minha testa.

A madame tá usando um vestido preto transparente. A porra de um vestido transparente! Seus cabelos estão soltos, caindo atrás das orelhas, negros como a noite e ondulados como as ondas do mar. Ela parece uma daquelas mulheres do Egito antigo, a própria Cleópatra, como eu costumava imaginar. Meu pau responde lá embaixo, como se tivesse vida própria.

Ela me nota e acena para mim, com um sorriso pequeno nos lábios e um olhar quente, e eu sigo em sua direção, mas paro no meio do caminho, quando um homem alto e loiro a abraça por trás. Eu fico imóvel, e muito puto, quando ela olha de mim para ele. Mudo a direção rapidamente, indo até o bar.

Raul tá fazendo alguns drinks e me olha com uma careta quando me aproximo, mas eu ignoro o filho da puta e pego uma água. Se ele tiver amor à vida, vai ficar quietinho. Bebo a água com uma rapidez violenta, como se estivesse bebendo uma cerveja gelada. Que é o que eu queria bebendo de verdade. Eu queria fazendo um monte de outras coisas. Mas ao invés disso, estou aqui olhando para a mulher que eu quero, sendo tocada por outro homem.

Jogo a garrafa plástica no lixo e me afasto sem rumo. Mas uma mulher me para no meio do caminho, ela segura uma lata de refrigerante nas mãos e me oferece um sorriso atrevido. Seus olhos verdes e cabelos cacheados chamam a minha atenção.

— Você pode me fazer um favor, querido? — ela pergunta. Sua voz parece com um ronronar de um gato.

— Se estiver ao meu alcance.

Ela se vira e me olha sobre o ombro.

— Pode, por gentileza, apertar o meu biquíni? Ele afrouxou um pouco, e não encontrei ninguém para me ajudar.

Olho para frente e vejo um grupo de meninas nos observando. Elas estão rindo baixinho, mas tentam a todo custo disfarçar.

— Será um prazer fazer isso por você — ela sorri. — O que vocês apostaram? — sussurro perto do seu pescoço, fazendo os pelos da mulher se eriçarem.

Lover Beach - Um Verão de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora