22 - Benjamim

11 1 0
                                    

Eu poderia dizer, facilmente, que essa foi a melhor semana da minha vida. Mas seria clichê demais, seria idiota demais. Falar isso me faria lembrar que eu estava vivendo um sonho que poderia acabar a qualquer momento. A madame e eu, todas aquelas noites juntos, todos aqueles beijos e sussurros no meu ouvido, seu corpo sobre o meu, todos os seus sorrisos para mim... eram acompanhados do tique-taque doloroso do tempo.

— Parabéns, seu otário, você tá numa grande enrascada — reclamo comigo mesmo. Esfrego o rosto com as mãos e solto o ar com força.

Sinto meu corpo responder ao som da gargalhada de Lídia, agora distante, curtindo as ondas do mar agitado com Malandro, enquanto eu estou sentado na areia fina da praia particular da mansão do amor, apenas observando. É sempre assim com ela. Seu sorriso, sua voz, sempre despertam uma sensação de urgência, uma vontade de tê-la só para mim, mas isso será impossível, não é? Ela jamais poderá ser só minha. É idiota da minha parte sequer idealizar isso.

Mas eu sou dela, da cabeça aos pés e, por mais que eu tente não criar esperanças, eu sei que ela também é minha.

Vejo isso quando seu corpo treme ao me receber dentro dela, quando eu sussurro em seu ouvido que ela é toda minha à medida que ela me aperta entre suas pernas enquanto goza. Pensar na madame gozando me deixa excitado pra caralho. E olhar ela correr com o cachorro de um lado para o outro, acaba deixando minha situação ainda mais complicada. A madame está vestindo um maiô preto justo com pouco tecido, e pelo sorriso provocador que me deu quando o colocou antes de virmos, eu sei que ela o escolheu de propósito, para que eu ficasse a manhã inteira me imaginando arrancar aquele fio dental com os dentes.

— Porra, seu moleque, idiota! — resmungo.

Me levanto e limpo as mãos, olho para baixo e sei que nada vai fazer com que isso aqui volte a dormir, a não ser ela.

Lídia vem em minha direção e o cachorro corre atrás dela, desesperado e com a língua para fora. Quando nota que Malandro está se preparando para atacá-la, ela sorri e grita e eu me sinto o cara mais sortudo do universo. A minha madame está feliz. Realmente feliz.

— Socorro! Esse monstro quer me devorar. — Com um desespero fingido, pula em meus braços.

Agarro-a e a abraço, Malandro pula histérico em nós dois, depois sai correndo na direção das ondas. Ele também está feliz. E como não estaria? Olha a vida que ele tem agora.

— Eu acho que você tá correndo do monstro errado. Tem um aqui, muito mais perigoso, querendo te devorar, agora mesmo — provoco.

Lídia salta dos meus braços e me encara com olhos semicerrados olhos. Ela estala a língua com um ar desafiador, o som que sai da sua boca é tão sensual que me faz querer ouvir mais uma vez.

— Eu deveria ter medo?

— Depende. É o que quer? Sentir medo? — devolvo.

Ela me mede da cabeça aos pés, e então ergue o queixo.

— Eu não tenho medo de você, Ben.

Dou uma risada.

— Isso deveria soar provocador? Porque para mim soo como algo legal.

— O que seria provocador o suficiente para você?

Um helicóptero passa por cima de nós, abalando o clima do momento. A madame olha para cima, e eu a puxo para perto de mim com rapidez, coloco minha mão direita em sua nuca, por baixo do cabelo, e, com a mão esquerda, agarro sua bunda e a beijo. Nossos lábios se encaixam com tanta facilidade, que todas as vezes que fazemos isso, eu fico admirado. O encaixe perfeito, a boca perfeita.

Lover Beach - Um Verão de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora