Lover Beach - Um Verão de Amor

13 - Lídia

Abro os olhos lentamente, e uma sensação de vertigem me envolve. A ressaca é um lembrete cruel da noite anterior. Bocejando, encaro o relógio que insiste em marcar oito horas da manhã, e me ergo na ponta da cama, esticando os braços com um suspiro. Um movimento ao meu lado me faz estremecer.

James me observa com um sorriso sem graça. Ele se levanta, ainda vestindo a bermuda e a camisa da noite passada. Eu já sabia; afinal, ele havia bebido até perder a consciência, e eu fiquei a ver navios.

Contudo, há um conforto estranho em não ter ido além. Não estou certa de querer mais do que isso. Não com ele.

Percebi, ao longo da festa, que estive com James numa tentativa de reprimir o desejo crescente por Benjamim. Dediquei-me a essa tarefa com fervor nas últimas semanas. A conversa em sua casa, que deveria ter sido o fim, apenas acendeu uma chama incontrolável no meu interior. E nos dias que se seguiram, Ben capturou minha atenção incessantemente. E eu me encontrei admirando cada gesto seu, cada detalhe trivial.

Desde o modo como ele secava o suor da testa até o franzir de sua testa sob o sol ardente.

Ainda assim, sua aura de bad boy e seu sorriso aberto são o que mais me atraem nele, como um imã. Esses traços são o que me fazem morder o lábio e suspirar em segredo.

Passei a senti-lo quando entra no ambiente, antes mesmo de sua presença ser anunciada. Sua voz provoca inúmeras sensações em meu corpo; arrepios e tremores tão prazerosos tanto quanto estivesse me tocando. A forma como me chama de "madame" agora soa tão sexy e gostosa em meus ouvidos, como se escondesse promessas perigosas por trás de cada letra.

Definitivamente tornei-me a patroa tarada, mas nego-me terminantemente a assumir esse papel.

Até a noite passada, naquela festa, quando me deixei levar pela bebida e emoção. E tesão, também, eu diria. Não era minha intenção, à princípio, instigar meu caseiro, no entanto, tudo se revirou em minha mente ao vê-lo agarrado com aquela mulher. A cena desencadeou uma tempestade de sentimentos, e agora, aqui estou, presa nesse emaranhado de incertezas.

O olhar penetrante de Benjamim sobre mim, enquanto os dois se beijavam à beira da piscina, despertou algo sujo e primitivo em meu ser. De repente, vi-me consumida pela vontade de capturar seu interesse, como uma tola ciumenta. Era um comportamento que nunca havia se manifestado durante os anos do meu casamento com Edgar. Jamais experimentara essa necessidade visceral e desmedida de suplicar por atenção, até que Benjamim me fez sentir assim.

Agora percebo que minha atitude não foi nada além de um capricho ridículo. Que desfecho eu poderia esperar ao provocá-lo? Benjamim e eu jamais poderíamos ter algo além de uma relação estritamente profissional. Ele é a personificação da beleza, um ideal de perfeição que me enlouquece, aparentemente, mas será que vale a pena comprometer meus planos na Vinícola por causa de um romance passageiro com um bad boy gostoso?

A reputação que construí ao longo dos anos, com bastante empenho, indo por água a baixo por causa de uns amassos com um funcionário com passagem pela cadeia? Que belo escândalo! E isso é tudo o que veriam a partir do momento em que nós dois escorregássemos.

Lídia Capelle. Uma COO* depravada e desesperada, que transou com um funcionário e ex-membro de gangue após ser largada pelo marido.

Consigo ver a manchete na primeira página do New York Times.

Balanço a cabeça, negando-me a continuar com tais pensamentos. Ergo-me e ando em direção ao banheiro, preciso de um relaxante banho de banheira para arrancar de mim toda essa maldita energia.

***

A mesa do café da manhã está meticulosamente arrumada, e algumas pessoas que sobraram pela casa, se servem com a agonia da ressaca estampada em seus rostos. James, me oferece uma xícara de café assim que me avista descendo as escadas, e eu recebo o gesto com um aceno de cabeça agradecido. No entanto, é por outra presença que meus olhos anseiam ao me acomodar na extremidade da mesa.