17 - Lídia

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O sol se despede lentamente no horizonte, deixando um rastro de cores quentes no céu. Assistindo ao espetáculo da natureza, acomodo-me confortavelmente na areia suave da praia. A areia fresca e granulada escapa por entre meus dedos, provocando uma sensação de calmaria.

Adoro essa conexão com a natureza. Desde que pisei nesta ilha pela primeira vez, parece que o mar conversa comigo, narrando histórias e segredos a cada onda que se desmancha na areia. O som suave das gaivotas ressoa, misturando-se ao murmúrio das águas, quase me conduzindo ao nirvana.

Suspiro profundamente, encantada com a beleza das águas cristalinas da praia, agora deserta. Levanto-me e decido caminhar, satisfeita pelo almoço no restaurante de Esmeralda.

Ela insistiu para que eu provasse a moqueca de robalo, que eu amei, enquanto Oto a venerava. Entretanto, apesar de o prato estar celestial, minha mente estava em outro lugar, em outra pessoa. Em vários momentos revirava meus pensamentos, buscando compreender o entusiasmo de Benjamim. Aquele olhar animado, aquele sorriso quase infantil, tudo por conta de um telefonema enigmático que Boo recebeu, tudo por causa dela. Mas, afinal, quem é ela?

Fecho os olhos brevemente, permitindo que o vento dance com meus cabelos. A brisa salgada do mar toca meu rosto, trazendo-me uma sensação de liberdade.

Abro os olhos e eles encontram imediatamente o horizonte, onde o sol dá seu último adeus. Preciso ir para casa, depois do almoço, que se estendeu em um passeio sem rumo pelas ruas da vila; creio que já dei tempo suficiente para que Benjamim pudesse trabalhar sem empecilhos pela propriedade. Agora, é provável que ele tenha concluído, e mesmo que não, meu retorno é inevitável. Preciso de um banho, do conforto do meu sofá e, talvez, da companhia de um refinado vinho Capelle, desta vez um rosé.

Sigo pela orla, em busca da praça dos pescadores, o ponto de encontro com Oto. Despeço-me da magnífica vista das rochas emergindo do mar e, ao longe, na outra extremidade da ilha, observo as casinhas iluminadas, suspensas umas sobre as outras, como se flutuassem. Deixo um sorriso escapar, e me sinto mais leve. Lover Beach transcende a ideia de um simples destino; para mim, é um santuário de paz, inspiração e amor. Sim, amor. Amo cada pequeno canto dessa ilha, e isso jamais mudará.

Ao chegarmos na casa do amor, a noite já cobriu todo o céu. Despeço-me de Oto e atravesso o quintal, mas antes de passar pela porta da cozinha, lanço um olhar à casa de Benjamim. A luz vacilante que escapa pela janela da sua sala sugere que ele deve estar assistindo à televisão. Provavelmente já está preparado para dormir.

Dentro de casa, sou calorosamente recebida por Malandro, que, com uma série de lambidas afetuosas em minhas pernas e um abanar de rabo frenético, logo se dirige ao seu prato vazio, apontando minha falta. Com um sorriso, eu o sirvo com sua ração favorita e alguns petiscos extras como compensação. Contudo, não me sinto culpada, pois conheço bem as artimanhas do meu cachorro, e sei bem que ele é mesmo um malandrinho. Tenho convicção de que ele passou o dia repleto de comida às custas de Ben. Não é de hoje que percebo que entre os dois nasceu uma amizade, um laço do qual Malandro sabe aproveitar bastante.

Subo para o quarto onde tenho dormido desde que me mudei para cá, e, durante meu longo banho de banheira, enquanto deslizo o sabonete pelo meu corpo, Benjamim invade minha mente. Ele se apodera de mim como se estivesse bem aqui, me subjugando. Seu corpo, sua pele, a maneira como sua língua me fez ir a lugares inimagináveis... e então eu suspiro, completamente frustrada. Porque não passa de um desejo meu, de uma vontade alucinada que uma vez saciada não nos trará bem algum.

Deus! Como eu vou resolver isso tudo? Estou ferrada. Ele está acabando com a minha mente, está acabando comigo. Sinto-me derrotada ao notar que ele domina os meus pensamentos, e sinto-me ainda pior ao perceber que a minha força para contê-los tem se mostrado tão eficaz quanto tentar segurar o vento. E, mesmo quando eu nem sequer chamo por seu nome, mesmo quando Benjamim não está por perto, ele ainda assim está aqui. Porque eu o trago comigo.

Lover Beach - Um Verão de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora