14 - Lídia

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O clima está muito agradável e uma brisa gostosa acaricia minhas pernas livres graças ao short jeans curto que visto. Quando vou para o jardim encontro todos já prontos para o luau que acontecerá na orla do lado leste da ilha. Benjamim está encostado no carro, me aguardando, com aquela garota sangue suga ao seu lado. Ela realmente acredita que compartilharemos o mesmo carro? Bom, talvez seja o momento de desapontá-la.

— Estão todos prontos? — pergunto para ninguém em especial.

— Eu posso ir com vocês? — ela indaga sedutoramente para Benjamim.

Mas sou eu quem lhe responde, com um belo sorriso falso.

— Acredito que não haja espaço.

Ela resmunga alguma coisa e se afasta, indo até suas amigas. Meu caseiro/motorista abre a porta traseira para mim, mas opto pela da frente, sentindo-me fumegar, no entanto mantendo a frieza nos meus gestos. Ele contorna o carro, assume seu lugar ao volante e dá partida.

— Vamos esperar seu namorado, madame?

Nossos olhares se encontram e é como se o aquecedor fosse ligado.

— Ele não é meu namorado, Benjamim. E não, ele está com os amigos em outro carro — respondo. Ele concorda, pensativo.

Meu funcionário é educado e não aponta a minha mentira descarada sobre não haver mais espaço no carro, e partimos.

A atmosfera entre nós é insólita. Eu quero perguntá-lo o que aconteceu depois que me recolhi, mas não consigo, não acho correto ser invasiva dessa forma, apesar de estar me afogando em curiosidade. E, além do mais, eu não tenho esse direito. Ora, eu mesma fui para o quarto com James! Será que Benjamim notou?

Ele dirige apertando o volante com força. Benjamim sobe os vidros do carro e liga o ar condicionado, e seu cheiro refrescante invade meu olfato me arrancando um suspiro involuntário.

— Sinto muito por ter despachado sua garota — digo, impensadamente.

— Tudo bem. Ela sabe que quem manda aqui é a senhora.

— Interessante.

— O que, madame? Dizer que quem manda é a senhora?

— Não. Eu disse que ela é a sua garota e você não me corrigiu. — Analiso sua postura, desejando que me corrija agora, mas ele permanece calado. Irracionalmente me irrito e continuo: — Então, ela é a sua garota?

Benjamim dá um meio sorriso enigmático que me afeta mais do que eu gostaria de admitir.

— A madame quer ouvir a verdade?

Ergo uma sobrancelha para ele, com a resposta estampada em meu rosto. Ele me olha de soslaio e estaciona o carro no acostamento com um movimento brusco, um gesto que me surpreende pela urgência. Recrimino-me mentalmente, estou agindo igualmente uma adolescente com crises de ciúmes. E o pior de tudo, ele é apenas o meu funcionário! Estou me comportando de maneira absolutamente absurda.

— Eu não dormi com aquela garota - garante, olhando-me nos olhos com a cabeça inclinada para o lado e um vinco entre as sobrancelhas. — Não por falta de oportunidade. Ela é bonita pra caralho e tudo mais. Só que não é ela que eu quero na minha cama. — Ele ri de si mesmo e por um instante desvia o olhar para a pista, antes de voltar-se para mim. — Sei que não devia dizer isso, mas que se foda... eu não paro de pensar na senhora, madame. E isso é uma merda, porque quando eu vejo aquele cara com a mão no seu corpo eu tenho vontade de pegar ele pela nuca e arremessá-lo nas rochas.

Quando termina de falar, sua respiração é pesada, as veias de seu pescoço pulsando com intensidade. Suas palavras me atingem, fazendo cada fibra do meu ser tremer. Não é certo que eu reaja assim, não é certo que suas palavras me afetem tanto. Permaneço calada, incapaz de articular uma resposta à altura. Estou sem palavras, e isso é uma raridade.

Lover Beach - Um Verão de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora