9. Observados

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Na manhã seguinte, durante o café da manhã, Tinoco encheu Hilda de elogios. Lígia e Amanda trocaram olhares de surpresa e confusão, estranharam a atitude do pai, pois o mesmo nunca havia feito isso.

Amanda resolveu quebrar o silêncio.

— Mãe, está tudo bem?

— Está sim, minha filha. — Hilda não demonstrou nem um tipo de sentimento, nem olhou para a filha enquanto respondia.

A filha olhou para o pai em busca de respostas, pois depois do que confessou ao pai achou que ele agiria de forma agressiva. Ele a olhou de volta com um olhar de "conversamos depois" e ela entendeu. Lígia percebeu a troca de olhares dos dois e achou tudo muito estranho.

Hilda esperou Tinoco sair para o trabalho com Amanda e Lígia ir para a escola, pegou o telefone e ligou para o Orlando, que atendeu ao primeiro toque.

— Oi, minha garota, como você está? Estou morrendo de saudades.

— Estou bem. — Hilda tentou disfarçar a voz triste, mas Orlando percebeu.

— Não parece que você esteja bem, meu amor. O que aconteceu?

— Não posso falar por telefone. Você pode me encontrar naquele café que me levou da outra vez, daqui a uma hora?

— Posso sim, vou atender um paciente agora e em seguida vou pra lá.

— Tudo bem, te espero lá. Beijos.

Hilda desligou o telefone sem deixar Orlando falar mais nada. O médico achou que sua amada estava muito tensa e ficou preocupado. Pensou logo que Tinoco deveria ter feito algo com ela e a raiva já subiu pelo seu corpo.

Uma hora depois, Hilda já estava no café, na mesma mesa que ficaram da outra vez. Logo em seguida, Orlando chegou todo afoito de preocupação com Hilda. Ele ao avistar Hilda sentada observando o mar, se aproximou e lhe deu um beijo caloroso e se sentou.

— Oi, meu amor. Você está bem? O que aconteceu? Estou preocupado.

Hilda com os olhos marejados começou a contar tudo que aconteceu desde o último encontro deles, não escondeu nenhum detalhe de Orlando. Não queria nenhum tipo de mentira no relacionamento deles.

Orlando, não largava as mãos de Hilda e seus olhos exalavam indignação.

— Eu não posso acreditar que ele te tratou assim. Eu vou lá agora mesmo e...

Hilda interrompeu sua fala impulsiva e colocou gentilmente a mão em seu rosto.

— Calma, meu amor. Eu sei que isso tudo que está acontecendo é horrível, mas precisamos ser estratégicos. Não quero que você se machuque por minha causa.

— Mas Hilda, não suporto pensar naquele cretino te tocando e te ameaçando. Eu sei que ele é seu marido, mas... — Orlando abaixou a cabeça triste, se sentia de mãos atadas.

— Eu sou só sua, meu amor. Em breve nos livraremos dessa situação.

Hilda tentou passar esperança para Orlando, mas nem ela mesmo conseguia acreditar nas palavras que saíam da sua boca.

Enquanto isso, em uma mesa próxima, haviam dois capangas de Tinoco. Hilda não sabia que o marido havia mandado eles ficarem na cola dela. Um deles foi ao lado de fora do café para telefonar para Tinoco.

— Chefe, ela está no café à beira-mar com o médico.

— Aquele que tem próximo a saída da cidade?

— Esse mesmo.

— Ótimo, fiquem de olho e me mantenham informado.

— Pode deixar, chefe! — O homem desligou o telefone e voltou para a mesa.

Coragem - Hilda & OrlandoOnde histórias criam vida. Descubra agora