5. Lua

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Após a terrível festa, Hilda passou a semana toda em casa, tentando lidar com a pressão no seu casamento com Tinoco. O rosto dela ainda mostrava as marcas roxas, agora mais claras, que lembravam o sofrimento que ela passou dias atrás.

As noites eram longas e cheias de medo, pois Tinoco a forçou voltar para o quarto deles. Mas no fundo do coração dela, havia uma semente de esperança, que crescia com as lembranças dos momentos bons que ela viveu com Orlando na festa.

***

Orlando seguia trabalhando no posto médico, mas não parava de pensar em Hilda. Ele queria saber como ela estava em casa e se Tinoco não fazia mal a ela. Ele se sentia sem forças para ajudá-la, mas também lembrava da festa, onde eles se sentiram próximos. Ele não desistia de buscar uma saída.

Hilda e Orlando pensavam um no outro todas as noites. Eles olhavam para a lua e se lembravam do beijo que deram. A lua via o que eles sentiam e juntava seus pensamentos, como se eles fossem ligados por algo mais que o espaço entre eles.

Orlando pensou na possibilidade de convidar Hilda para tomar um café à beira-mar. Um lugar tranquilo onde poderiam conversar sem medo. Ele se encheu de coragem e telefonou para o celular dela.

Quando Hilda viu no visor o nome "Lua" — nome que ela usou para salvar o contato de Orlando em seu celular, pois a Lua virou o símbolo da noite do primeiro beijo deles — pensou em não atender, mais uma vez. Já havia ignorado algumas ligações dele no decorrer da semana, mas dessa vez como estava sozinha em casa resolveu atender.

— Alô. — a voz de Hilda era suave.

— Hilda? — Orlando pareceu feliz. — Que bom que me atendeu. Como você está? Tá podendo falar?

— Posso, estou sozinha em casa. Estou levando. Com saudades de você! — ela disse isso quase que sussurrando.

— Eu também estou morrendo de saudades de você. Não sei explicar o que tenho sentindo por você, Hilda. Confesso, que não estou sabendo lidar.

— Nem eu, Orlando.

— Hilda, quero te fazer um convite. Você aceita ir tomar um café comigo à beira-mar? Temos muito o que conversar.

— Obrigada pelo convite, Orlando. Tudo que eu mais quero é passar um tempo com você, mas infelizmente vou ter que recusar.

— Por que Hilda? A gente dá um jeito do Tinoco não saber de nada.

— Como se fosse fácil esconder algo dele. — Hilda parecia frustada. — Desculpa, eu não posso aceitar. É pelo o nosso bem.

Essa recusa doeu em Hilda. Tudo que ela mais precisava no momento era estar de novo nos braços de Orlando, no beijo doce dele.

— Orlando, tenho que desligar. Tem alguém chegando em casa. Um beijo.

Ela fez o barulho de um estalo de beijo, e Orlando sentiu como se estivesse sendo beijado, até suspirou após encerrar a ligação.

Uns dias se passaram e Orlando tentou novamente, na esperança de que Hilda fosse aceitar o convite, mas novamente ela recusou. Hilda sabia dos riscos envolvidos em aceitar um convite que aparentemente parecia simples. Mesmo sentindo uma saudade que o corroía por dentro, Orlando compreendeu que a situação era realmente complicada.

No entanto, o destino finalmente pareceu conspirar a favor deles. Tinoco decidiu fazer uma viagem com Amanda, para ensinar a filha sobre alguns negócios.

Hilda não pensou duas vezes, assim que eles saíram telefonou para o celular de Orlando, que atendeu no primeiro toque.

— Hilda? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — ele ficou preocupado, pois ela nunca ligou para ele.

Coragem - Hilda & OrlandoOnde histórias criam vida. Descubra agora