Capítulo 25 - Intimação

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Alguns dias se passaram, Orlando voltou ao trabalho. As meninas e Lucas estavam estudando. Hilda estava sozinha em casa quando a campainha tocou. Ela prontamente foi atender e deu de cara com um homem de terno e gravata.

— Dona Hilda Mendonça?

— Pois não.

— Eu sou um oficial de justiça e tenho uma intimação para a senhora — o homem disse entregando a ela o envelope e uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?

— Sim. — ela assinou e o homem foi embora.

Na intimação dizia que ela precisava comparecer a delegacia nos próximos três dias para depor a respeito da morte dos pais biológicos de Amanda.

Hilda sentiu seus ombros caírem ao ler aquelas palavras. Não acreditava que a sua própria filha estava fazendo isso com ela e o pior, que não acreditava em sua inocência. Ela sentiu um nó na garganta, se sentou no chão da sala e se permitiu chorar como uma criança perdida, soluçando sem controle.

Nesse momento, Lucas entrou em casa. Hilda tentou se recompor, mas sem sucesso. O menino vendo aquela cena se preocupou e sentou ao seu lado.

— Ei, Hilda. O que houve? — disse abraçando-a.

Ela se permitiu chorar mais dentro do abraço do enteado. Depois de alguns minutos, ela secou um pouco o rosto molhado pelas lágrimas e entregou o envelope a Lucas.

— Amanda deu queixa de mim, querido — falou com a voz embargada — Minha própria filha.

— Poxa, Hilda. Eu sinto muito mesmo. Mas não se preocupe, vamos conseguir provar sua inocência. O Dr. Otávio Jordão é um excelente advogado, eu conheço ele desde moleque e nunca vi ele perder um caso. Fique tranquila viu.

Hilda acariciou o rosto dele.

— Obrigada pelo apoio, meu menino lindo.

— Não precisa agradecer, somos uma família. Se for preciso, posso depor ao seu favor contando as atrocidades que presenciei de Tinoco. Acredito que possa ajudar a provar que ele é quem não prestava.

Hilda o abraçou com muita força, e não foi necessário mais nenhuma palavra. Lucas sentiu pela primeira vez um carinho materno vindo do coração de Hilda para o dele, e ele se permitiu ficar ali dentro daquele abraço com gosto de mãe.

Hilda levantou dizendo que tinha que terminar o almoço porque ele devia estar com fome.

— Não senhora, pode ficar aí que eu termino o almoço.

— Você é um anjo, sabia?

— Sim, sabia — ele disse sorrindo e Hilda na mesma hora começou a sorrir também.

Ela aproveitou esse tempinho e que já estava mais calma e resolveu ligar para Orlando.

— Oi, meu raio de Sol.

— Oi, meu amor.

— Que voz é essa? Estava chorando.

Sempre surpreendia Hilda a forma como Orlando a conhecia.

— Sim, meu bem. Recebi agora pela manhã uma intimação para ir a delegacia depor sobre o assassinato dos pais biológicos da Amanda.

— Ô meu amor, sinto muito por não estar aí com você. Nós sabíamos que isso um dia ia acontecer.

— Eu sei. Mas sei lá, eu tinha esperanças dela mudar de ideia, sabe?!

— Imagino, meu amor. Olha, vou almoçar em casa hoje pra ficar um pouquinho com você. Não se preocupe que vou passar na Liana e levar a comida.

— Não precisa, querido. Eu já estava fazendo e agora Lucas está terminando. Aliás, ele foi um amor comigo quando chegou e eu estava chorando.

— Que coisa boa, fico muito feliz!

— Agora vai trabalhar e não se preocupe comigo, nos vemos mais tarde ok?

— Não me peça o impossível, garota. — ele riu do outro lado da linha — Ah, vou ligar agora mesmo pro Otávio.

— Tudo bem. Beijos querido.

Quando Hilda desligou o telefone as meninas chegaram.

Durante o almoço, com todos reunidos, Hilda os colocou a par da situação.

***

No dia seguinte, Hilda e Orlando chegaram à delegacia para depor. Otávio já estava lá esperando por eles. Hilda sentia-se muito nervosa. Ela segurava firme a mão de Orlando, que lhe transmitia calma com seu olhar tranquilizador. Otávio os cumprimentou com um sorriso confiante.

— Bom dia, Hilda, Orlando. Estou aqui para garantir que tudo ocorra da melhor forma possível — disse Otávio com sua voz serena.

Hilda respirou fundo e respondeu:

— Obrigada, Dr. Otávio. Estamos contando com sua experiência para resolver essa situação da melhor maneira.

Orlando também expressou sua confiança:

— Dr. Otávio é o melhor advogado que poderíamos ter ao nosso lado.

Eles foram conduzidos até uma sala de depoimento. Hilda se sentou à mesa, ao lado de Otávio, que estava pronto para intervir se necessário. Orlando sentou do lado de Hilda. O delegado iniciou a gravação do depoimento.

— Dona Hilda Mendonça, por favor, relate tudo o que sabe sobre o caso dos pais biológicos de Amanda.

Hilda começou a falar, descrevendo detalhes da sua relação com Tinoco, o histórico de conflitos familiares e os eventos que levaram à morte dos pais biológicos da sua filha adotiva. Ela contou sobre as ameaças de Tinoco e como ele estava envolvido em atividades criminosas.

— E o que a senhora tem a dizer sobre as acusações de Amanda contra a sua pessoa? — perguntou o delegado.

Hilda olhou firmemente para Otávio antes de responder:

— Eu sou inocente das acusações de Amanda. Não tive envolvimento algum na morte dos pais biológicos dela. Estou aqui para cooperar com as autoridades e provar minha inocência.

Orlando apertou a mão de Hilda em apoio, demonstrando solidariedade e confiança em sua versão.

— Dona Hilda, realizamos uma perícia na arma do crime trazida por sua filha Amanda e confirmamos que suas digitais, juntamente com as de Antônio, estavam presentes na arma.

Hilda sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir aquelas palavras, mas manteve-se firme, consciente de sua inocência.

— Delegado, eu entendo a gravidade desse fato, mas preciso explicar como isso aconteceu. Antônio, conhecido como Tinoco, me obrigou a pegar na arma naquela noite. Ele estava me ameaçando. Eu não tive escolha.

O delegado escutou atentamente enquanto Hilda relatava como Tinoco a havia coagido a pegar na arma, colocando-a em uma situação de extrema pressão e medo. Ele anotou cuidadosamente os detalhes da história de Hilda.

— Compreendo, Dona Hilda. Vamos considerar essa informação no contexto da investigação — disse o delegado, adotando um tom mais empático.

Otávio interveio:

— Delegado, se me permite, gostaria de ressaltar que a situação de Hilda foi extremamente delicada. Ela agiu sob coação.

O delegado assentiu, mostrando compreensão:

— Entendo a gravidade da situação. Vamos analisar todas as evidências e depoimentos com cuidado antes de tomar qualquer medida.

Hilda suspirou aliviada ao sentir que sua versão estava sendo considerada. Ela agradeceu ao delegado pela compreensão e se despediu da delegacia, esperançosa de que a verdade viria à tona.

No caminho de volta para casa, Orlando segurou a mão de Hilda com carinho:

— Você foi incrível lá dentro, meu amor. Estamos juntos nessa batalha.

Hilda sorriu, sentindo-se amparada pelo apoio de Orlando, de Otávio e de toda a sua família.

Coragem - Hilda & OrlandoOnde histórias criam vida. Descubra agora