Capítulo 17 - Contratempos

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REBECCA


Tentei não me sentir a pessoa mais promíscua do universo quando fui receber dona Phongphet no quarto. Tentei também não demonstrar a minha cara lavada e radiante pós-melhor-foda-da-minha-vida, porém isso estava MUITO difícil.

Agradeci quando se sentou no sofá e pude me sentar na poltrona mais a frente, pois assim pude descansar minhas pernas que ainda estavam meio bambas pelo exercício de minutos atrás.

— Então! Eu vim porque as meninas da recepção me avisaram sobre o policial. Eu não sabia que esse amigo da Ploy estava vindo aqui... — explicou, bufando. — Vocês conseguiram alguma coisa?

Eu ia começar a falar, mas ela me interrompeu antes.

— Rebecca, seja franca comigo. Essa mulher tá me chifrando e me ferrando ao mesmo tempo, não tá?

Eu a olhei surpresa.

— Inclusive só me avisaram porque dei um sobrenome importante pra sua colega, daí as meninas ficaram com medo de terem causado uma má impressão. Disseram que a noiva não estava nada contente com o policial por aqui.

Eu levantei as sobrancelhas, suprimindo uma risada. A "noiva" era eu, afinal.

— Dona Phongphet, há uma probabilidade sim, mas não vimos nada de fato, só ouvimos algumas coisas e daí, certamente, eu posso afirmar que há indícios de alguma coisa acontecendo, não necessariamente traição ou então não só isso, pra ser franca. — Liguei meu modo advogada. Se ela quer honestidade, eu dou. — O que posso dizer é que-

— Afaste ela dos seus negócios. Peça o divórcio e uma medida protetiva. Ela sabe que você está tentando investigar e deve estar usando esse amigo pra se valer de meios legais de maneira ilícita. — Ouvi a voz de Freen e sua silhueta se fazer presente no recinto. Meus olhos percorreram seu corpo por inteiro e só reparei que fiz isso quando foquei na íris de cor castanha escura dos seus olhos. Engoli em seco. Ainda estou muito afetada. — Perdão pela interrupção, Khun Armstrong. Pensei que tivesse concluído sua fala.

Eu não tinha, mas estava prestes a tentar formular o que tínhamos conseguido de informação, porém fui salva pelo gongo (sua interrupção). Sei que Freen ouviu a conversa entre eles muito melhor que eu, mas digamos que por conta de alguns problemas técnicos — talvez minha boca ocupada na sua —, não conseguimos conversar realmente e, assim, trocar informações.

Ao menos trocamos outras coisas...

Estou tentando não rir com os meus pensamentos abobalhados, mas está muito difícil.

— Fique à vontade, Sarocha. — Sorri e a incentivei a continuar. Ela me sorriu de volta, um sorriso largo, bonito, divino. Certo. Eu tenho que me controlar, senão vou começar a latir.

— Aparentemente foi ela quem concedeu os dados daquelas clientes e ele, o policial, intermediou a venda ao pai da família, o que levou até os maridos. Há uma grande chance de estarem estudando outras clientes pra fazer algo parecido. Você tem um portfólio muito grande de figuras aqui. Pode acabar até sendo envolvida nesses crimes sem sequer ter feito nada.

Dona Phongphet intermediou o olhar entre Freen e eu, depois assentiu consigo mesma.

Freen desde o início esteve agoniada, falando que algumas coisas não estavam se encaixando na descrição desse caso, mas era exatamente porque não havíamos imaginado uma segunda figura, alguém trabalhando para ou com a Ploy.

Dona Phongphet entrou em contato com o escritório quando ameaçada por uma de suas clientes, uma mulher de família muito rica e influente, casada com um homem, mas que mantinha uma relação extraconjugal com a irmã dele, sua cunhada.

Avesso (FreenBecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora