REBECCA
No breve silêncio entre nós enquanto Freen se recuperava, pude ouvir um som zunindo de fundo. Parecia um celular. E não era o meu alarme.
Até que minha mente deu um estalo.
— Espera, eu já volto — falei e sai rapidamente do recinto, Bonbon querendo interagir, o ignorei enquanto corria pela sala, atrás de onde vinha aquele som.
Como imaginei. Era o celular da Freen.
Na tela, constatei quem ligava. Engoli em seco. Mas, da mesma forma que corri até aqui, corri de volta ao quarto imediatamente.
— O que houve? — Ela já se encontrava sentada na cama, um tanto acanhada e cobrindo um pouco o corpo com o edredom, mesmo que isso sequer fizesse sentido naquele momento.
— Seu celular. Sua mãe está ligando — avisei, engolindo em seco outra vez. Ela arregalou os olhos e pegou o aparelho da minha mão.
Tentei não ouvir a ligação, mas, bom, era meio impossível, afinal eu morava ali. Tornei a fazer carinho em Bon enquanto isso.
Acho que nossa noite terminou.
XXX
FREEN
— Tem certeza? Eu posso te levar, você sabe — comentou Becky, me ajudando a vestir o casaco.
— Não, é muito contramão. Vou pedir um Grab, amanhã pego meu carro, não se preocupe — tranquilizei, apesar de estar me sentindo muito mal em ir embora deste jeito tão abrupto.
Ela me fitava como quem entendia a situação, mas seu semblante me lembrava um cachorro carente. Bonbon estava aos seus pés e, curiosamente, talvez tenha puxado sua mãe, pois tinha uma feição similar neste exato momento.
— Me desculpa por isso, de verdade — desculpei-me, pela décima vez, me aproximando dela e colocando as mãos em cada lado do seu rosto.
— Está tudo bem. — Ela sorriu, fechando os olhos enquanto eu acariciava suas bochechas. Como pode ser tão linda, por Deus!? — Estou feliz que conseguimos um tempo pra nós. Acredite, está tudo bem.
— Eu gosto de você — falei simplesmente. Deu-me vontade de dizer. Sei que falei mais cedo, mas senti uma vontade intensa de ressaltar.
— Também gosto muito de você — respondeu. Os olhos não desviavam dos meus. E eu não ousaria me desviar deles nem se quisesse. — Posso te buscar amanhã?
— É contramão, Nong...
— Eu vou cedo. Não faz mal. A menos que não queira, mas eu gostaria de ver você antes do trabalho, já que provavelmente depois dele não seria...
Juro que tentei prestar atenção no que mais dizia, mas foi impossível. Eu só concordei. Rebecca é tão apaixonante. Não quero ir embora. Nossa, essa situação é muito difícil.
— Se não te atrapalhar, pode — verbalizei por fim. Eu pretendia negar, afinal? Acho que nunca.
— Mas você quer? — quis confirmar. Ainda sem tirar os olhos dos meus. Ainda com a expressão de cachorro carente.
Eu seria doida se não quisesse.
— É você, é claro que eu quero — respondi com uma risada.
E logo em seguida recebi mais um de seus belos sorrisos.
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Avesso (FreenBecky)
FanficEla carrega uma vontade inabalável de causar impacto no ramo jurídico e em qualquer situação em que estivesse envolvida. Sendo sócia e herdeira do mais prestigiado escritório de advocacia de Bangkok, mesmo com poucos anos de experiência, sua posição...