Capítulo 20 - Ânsia

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FREEN

Ainda estou muito encabulada pelo que aconteceu na minha sala. Ao mesmo tempo em que sinto minha serotonina quase explodindo.

Mas estou tentando disfarçar — talvez não tendo tanto sucesso, porém Becky não pareceu reparar... ou finge que não reparou (bem mais provável).

Eu realmente não sei como tive forças para me controlar e não ir até o fim. Ainda mais com ela agindo daquela forma, falando daquele jeito... Só de lembrar, sinto algo descer até meu umbigo. Cruzo as pernas por instinto.

Falando nela, cá estamos outra vez em sua Porsche muito discreta. Dirigia com tranquilidade, os olhos serenos e atentos ao que acontecia afora. Tento não olhar muito porque senão entro em um abismo pela atração que tenho pela Rebecca. Eu sei que fica cada vez mais impactante. E eu quero que isso pare? Claro que não, porém o fato não me deixa menos ansiosa.

Nossa. Eu dirijo e acho OK. Ela dirige e só reflito que é o ato mais sexy da história da humanidade. Sabe? É umas coisas que a gente pensa quando gosta de alguém que, sei lá, bizarro.

— Que horas são, P'Freen? — pergunta ainda sem tirar os olhos do caminho.

Quase que eu não processo o questionamento, mas consigo olhar ao meu relógio de punho. Tomei um susto. Faltavam poucos minutos para a audiência começar. Esqueci deste detalhe completamente.

— Faltam 8 minutos, então-

— E lá se vai nosso almoço. — Ela riu, seguindo por outra rua, tomando rumo ao Fórum, creio eu. — Eu imaginei que não daria. De toda forma, já que estou aqui, então não tem pra que te fazer tomar a frente desse caso. Quer me acompanhar na sessão, ao menos?

— Na verdade, eu gostaria de ficar responsável e que você fosse almoçar — pontuei. Eu estava falando sério. Já eram quase 3 horas da tarde e sei que ainda não havia almoçado.

— Ou eu posso ir... e a gente pode comer depois... — sugeriu pausadamente, agora olhando-me de soslaio rapidamente e voltando a fitar a rua. Eu respirei fundo. Ela é linda, estamos nos envolvendo, mas continua sendo aquela Armstrong teimosa e por mais derrotada que eu me sinta em admitir, está cada vez mais difícil negá-la qualquer coisa.

— Mas deixa comigo e só me acompanhe. Pode ser? — pedi e a encarei diretamente esperando uma confirmação.

Não gosto nenhum pouco da ideia de Becky se esforçando sem ter comido nada. Mesmo que eu não tenha afinidade com o tema deste caso que haverá a audiência, sei que sou capaz de tomar a frente, então prefiro assim.

Becky pareceu ponderar. Enquanto isso, parava o carro ligeiramente para fazer uma manobra e então estacionar em uma vaga à rua ao lado da entrada do prédio do Fórum.

— Por mim, tudo bem — respondeu dando um sorriso um tanto convencido e desligando o carro. Eu revirei os olhos, mas dei uma risada curta. — Será uma honra acompanhá-la, doutora.

— Seria uma honra a qualquer um, admito — respondi igualmente convencida enquanto pegava minha bolsa no banco detrás. Ela me olhou com as sobrancelhas levantadas.

— E você está certa. Uma grande honra... — murmurou. Eu fingi não dar bola enquanto me olhava ao pequeno espelho à frente da minha poltrona, ajeitando o meu cabelo. Depois a encarei.

Rebecca me olhava com... profundidade. Um braço apoiado à janela, enquanto a mão segurava a cabeça. A manga do blazer esticada, mostrando um pouco mais do antebraço. O sol batia revelando algumas veias ali. Também refletia nas suas írises, que pareciam literalmente acesas.

Avesso (FreenBecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora