REBECCA
Fui totalmente impulsiva ao convidá-la... ou quase intimá-la?... para almoçar. Agora, mesmo que tenha concordado, sinto como se eu tivesse feito algo errado.
— P'Freen, podemos ir aonde almoço sempre, na verdade. É uma rua antes da avenida principal... — Fui desconversando.
— Você não quer mais ir pra sua casa? — Ela quis confirmar, franzindo o cenho, com os olhos focados na direção. Inclusive, sim, Sarocha estava dirigindo a Porsche.
Nem vou desdobrar o quanto os meus divertidamentes estavam impactados com a cena, inclusive. Só posso dizer que é uma visão... prazerosa. Bastante. Suspirável.
— Eu quero, mas, bom... — Tentei formular uma frase. — Não quero te incomodar.
— Eu... Eu posso te deixar lá e voltar pro escritório, se quiser.
Se eu quiser? Quero que você faça muitas coisas, mas certamente nenhuma delas envolve se separar de mim, Freen.
Até engoli o pensamento. Está demais. Também engoli o rápido sentimento de insatisfação que senti ao perceber que supôs que eu não a quero por perto. Isso me deixou um tanto estressada.
— Freen, eu só não quero que vá porque, de alguma forma se sentiu... obrigada a isso — admiti com todas as letras. Para mim, sempre é mais prático pôr os pingos nos I's. Talvez o pequeno estresse tenha servido de algo? Talvez.
Vi seu semblante surpreso ao meu ouvir dizer isso, mas não respondeu nada de imediato. Quando paramos em mais um semáforo, ela me fitou de canto.
— Certo. Não tô me sentindo obrigada — pontuou, olhando para frente, depois ao lado e atrás de mim. Então pousou uma mão na minha coxa mais próxima, deslizando para baixo e para cima, num afago carinhoso mesmo, como se quisesse me acalmar. Eu engoli em seco e, conforme é possível esperar, arrepiei. — Então vamos lá: posso almoçar na sua casa? Com você?
— E você ia almoçar sozinha? — Não resisti em caçoar, mas fiquei nervosa com o jeito que perguntou.
— Aqui, a gente gosta de deixar tudo bem expresso — esclareceu, dando um sorriso. O semáforo abriu, então voltou seu olhar para frente, mas ainda meio olhava para mim e para a rua.
Eu a encarei por um momento. Freen pareceu captar que eu a fitava e pareceu sorrir mais por isso. Um sorriso meigo, ao qual eu desejava ver cada vez mais.
— Eu adoraria, aliás — respondi finalmente, sentindo-me mais calma. — Que você almoçasse comigo, na minha casa.
XXX
FREEN
Se eu tivesse sido questionada, hoje mais cedo, sobre onde estaria por volta desse horário, diria enfiada na minha sala da Asavarid, adiantando a leitura de alguma inicial para facilitar o aprofundamento de um novo caso que eu trabalharia amanhã.
Ou talvez na mesa de Min, fofocando alguma coisa sobre alguém do departamento coligado ao nosso. Talvez fazendo a lista das coisas que preciso comprar no mercado depois do trabalho, quem sabe.
Mas certamente não seria estar no apartamento da minha chefe para almoçar às quase 16h30 de uma segunda-feira.
Bem, neste horário, eu também poderia estar fazendo o meu lanche da tarde, no máximo. Almoçar, aí é bem improvável. Contudo, Khun Armstrong tem algum problema com os horários esperados de alimentação.
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Avesso (FreenBecky)
FanfictionEla carrega uma vontade inabalável de causar impacto no ramo jurídico e em qualquer situação em que estivesse envolvida. Sendo sócia e herdeira do mais prestigiado escritório de advocacia de Bangkok, mesmo com poucos anos de experiência, sua posição...