C: 15 - VOCÊ É MAIS FORTE DO QUE JAMAIS FOI

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Há situações em que o melhor a se fazer é retirar-se, senão desistir

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Há situações em que o melhor a se fazer é retirar-se, senão desistir. Existem homens orgulhosos que jamais dariam o braço a torcer, assumindo que perderam algo: orgulho em sua maior essência. Entretanto, Brant percebeu que seu lugar não era em Celestia e também não era ao lado de Ellianor.

O que sentia por ela era forte, tomava conta de si. No entanto, esse sentimento de nada valeu no instante em que ele descobriu que carregava em suas veias o mesmo sangue que ela. Eu sou seu irmão. Fruto de um caso, de uma traição!

Repudiou a si mesmo no instante em que abriu os olhos, acordando de um sonho que tivera. Um sonho em que ele a tomava nos braços e fazia dela sua esposa. Repudiou-se tanto por desejá-la que não conseguiu permanecer deitado sobre as peles do urso abatido.

Uma vertigem o acometeu, mas ele ergueu-se mesmo assim. Vestia uma túnica costurada por sua mãe, tão fina que poderia jurar que estava descoberto. Usava calças de cânhamo e algodão. Estava vulnerável, sem a armadura de prata que recebera em Celestia e que agora não lhe servia mais.

Estou em casa, ele pensou ao sentir o cheiro da lã que as mulheres teciam do lado de fora e ouvir os risos das crianças. Seguiu em frente e, ao atravessar o limiar da casa de capim, foi atingido pelo vento gelado que o abraçou.

Brant fechou os olhos por um instante, deixando que a sensação do vento frio levasse a vertigem remanescente. Quando os abriu novamente, a visão do vilarejo simples e acolhedor o saudou. Pequenas casas de capim se espalhavam de maneira desordenada, cada uma com uma horta ao lado, onde cresciam vegetais e ervas. O riacho serpenteava suavemente pela aldeia, seu murmúrio constante um som familiar e reconfortante.

Homens e mulheres se dedicavam às suas tarefas diárias. Alguns pastoreavam ovelhas, conduzindo os animais pelos campos verdes, enquanto outros trabalhavam na fiação e tecelagem da lã. As crianças corriam descalças, suas risadas ecoando pelo ar fresco da manhã. Era uma vida simples, mas Brant sentia um profundo carinho por cada detalhe daquele lugar.

Cada rosto que encontrava trazia um aceno de saudação, misturado com curiosidade. Sabiam que ele havia voltado, mas não conheciam os demônios que, agora, trouxera consigo.

Enquanto caminhava, Brant notou as mulheres sentadas em pequenos círculos, ocupadas em tecer e costurar. O cheiro familiar da lã recém-lavada e do pão assado em fornos de pedra lhe trouxe uma sensação de conforto. Parou por um instante, observando, e se deixou levar pelas lembranças dos velhos tempos.

— Precisa de algo? — a voz soou atrás de si, e ele a reconheceu. Como não reconheceria a voz da mulher que o criou? Virou-se para trás e fitou o rosto de Sinni. Não lhe disse nada, apenas sorriu fraco, analisando cada traço da face daquela mulher, desde a pele queimada pelo sol e os pequenos sinais que chegavam com o tempo até os cabelos claros. — Desde que chegou, mal conversamos. Sei que precisa de um tempo sozinho, mas acho que mereço explicações — disse ela, carregando debaixo do braço um cesto de pães recém saídos dos fornos.

𝐈𝐍𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑Á𝐕𝐄𝐈𝐒: 𝑺𝒂𝒏𝒈𝒖𝒆 𝒆 𝑷𝒓𝒂𝒕𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora