2533 palavras.
— TENHO RAZÕES PARA CRER que Dorian matou Wolder — declarou Cedrick, apoiando um pé no primeiro degrau da escada e descansando o braço na balaustrada.
— Se não houvesse um plano, você teria sido convidado para a caçada — replicou Ellianor, erguendo-se do trono e descendo os poucos degraus que a separavam de Cedrick. — Precisamos saber o que realmente aconteceu. Não podemos julgar um homem sem antes ouvi-lo.
— Ainda acredita que Dorian possa ser inocente? — Cedrick questionou, contendo o riso incrédulo.
— Todos merecem uma chance de se explicar — disse ela, meneando a cabeça.
Três dias haviam se passado desde que Ellianor rompera com Dorian, avisando-o de que ele poderia ser julgado por seu suposto crime. Desde então, uma carta havia chegado do Norte, selada com uma rosa vermelha em cera — o emblema da Casa Arthman, em Carpia. A missiva fora assinada por Amadeu de Arthman, o autoproclamado rei do Norte, que lamentava a perda trágica do primo, brutalmente assassinado por bandidos logo após o término da caçada. A carta deixava claro que Dorian já não estava presente no fatídico evento.
— A carta que recebi dizia que...
— Majestade, cartas não trazem a verdade, apenas o que o autor deseja que acreditemos — interrompeu Cedrick. — Amadeu pode muito bem estar omitindo algo. Sabemos que ele pode estar escolhendo um lado para apoiar.
— Amadeu viveu anos em Celestia; não há razões para ele se rebelar — retrucou Ellianor, levando o polegar aos lábios, mordendo distraidamente a cutícula.
— Mas ele pode escolher a quem apoiar na sucessão — ponderou o comandante.
Ellianor permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos fixos em um ponto distante da sala do trono. A sensação de estar encurralada era quase sufocante. Dorian, o homem que ela acreditava apoiar sua reivindicação, agora carregava sobre si a sombra de um assassinato — o assassinato de um rei. — Manter um assassino em seu castelo era uma afronta às leis e aos homens, um veneno que corroía sua autoridade e sua honra. Mas dar as costas a Dorian, naquele momento, parecia igualmente perigoso. Ele possuía sua fortuna conquistada através de navios e comércio marítimo, uma fortuna que, na ausência do ouro roubado de Celestia, poderia ajudar muitas vidas e principalmente na reconstrução da Rua da Prata
Cedrick observava a rainha com olhos penetrantes, quase predadores, esperando que ela tomasse uma decisão. Ellianor sentiu-se como uma peça no tabuleiro de um jogo, movida por forças além de seu controle. Cada movimento seu poderia significar vida ou morte para ela, para seu reinado, para o próprio futuro de Celestia. Dorian era amado pelo povo Celestiano.
A coroa é uma maldição, pensou, com amargura. Não podia confiar completamente em Dorian, mas também não podia se dar ao luxo de torná-lo seu inimigo. Um erro, e tudo o que lutara para construir desmoronaria como um castelo de cartas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐈𝐍𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑Á𝐕𝐄𝐈𝐒: 𝑺𝒂𝒏𝒈𝒖𝒆 𝒆 𝑷𝒓𝒂𝒕𝒂
خيال (فانتازيا)Uma bruxa, magoada e com ego ferido, profetizou a ruína do rei de Celestia e a chegada de seu filho, que traria o fim à dinastia Magnus; a morte e a desonra andariam ao seu lado. Mas eram apenas boatos, histórias para assustar crianças, e Ellianor M...