C: 18 - ME DÊ UMA CHANCE?

24 3 17
                                    

2518 palavras.

O SOM DA MÚSICA e das risadas era abafado, e o conforto do aposento a envolvia

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O SOM DA MÚSICA e das risadas era abafado, e o conforto do aposento a envolvia. Ellianor deitou-se sobre a cama, sentindo a maciez dos lençóis sob seu corpo dormente. Fitou o dossel branco que pendia sobre a cama e sentiu uma leve vertigem. Piscou os olhos repetidamente e sentou-se, tentando afastar a sensação de torpor.

A voz de Aagi tornava-se cada vez mais distante. Elli fixou o olhar na nova dama, cuja imagem se mostrava turva. Foi o vinho, pensou. Em seguida, empurrou os cabelos para trás dos ombros com um gesto calmo. Àquela altura, já não usava mais as joias, e a coroa repousava sobre uma mesa de madeira próxima à cama.

— Por que o príncipe não pôde ficar com a camponesa? — balbuciou a jovem, cuja pele tinha um tom quente de cobre.

— O quê? — Elli franziu o cenho, ainda sob o efeito da bebida.

— Ele não ficou com a camponesa... Preferiu uma mulher que nunca viu na vida e sem beleza alguma, só porque era nobre — disse a jovem, que até então mantinha os olhos presos em um livro de contos que pertencera à rainha Helena, mãe de Ellianor.

— O sangue nobre vale mais que qualquer coisa — respondeu Elli, mas aquelas palavras pareceram mais dirigidas a si mesma do que a Aagi.

— Eu gostei tanto desse livro... Me ajuda muito a falar. Eu aprendo — apesar do esforço, Aagi ainda mantinha o sotaque arrastado e áspero das terras desertas de Koi. Era uma jovem sábia demais para seus apenas quinze anos. Ellianor a considerava uma menina ainda, mesmo sendo apenas dois anos mais velha.

— É seu — disse Elli, com um sorriso que não alcançou seus olhos.

— É mesmo? Oh! Muito obrigada, minha rainha! — Os olhos da jovem brilharam e um sorriso largo iluminou seu rosto sardento. Ela era muito bonita, com traços marcantes: sobrancelhas largas, olhos grandes em um tom de verde oliva, bochechas salientes e lábios grossos. A mandíbula quadrada conferia-lhe uma aparência resoluta, e seus cabelos negros, ondulados, estavam presos em uma delicada trança. Vestia-se com linho e seda nas cores do reino: um vestido branco com uma capa azul que prendia nos ombros e acompanhava o comprimento do vestido. Usava um colar de prata com o símbolo do estandarte, um cavalo sobre duas patas.

— Eu gosto da sua companhia e gostarei ainda mais quando puder ler um conto para mim — disse Elli, sorrindo e revelando pequenas covinhas nas bochechas, um traço herdado de seu falecido pai.

A jovem sorriu em silêncio e voltou à leitura. Enquanto isso, Ellianor deitou-se novamente e encarou o teto. Um candelabro iluminava o aposento, com quatro velas queimando lentamente. Ellianor sempre fora fraca para bebidas e, naquela noite, descobriu que seu limite era menos de cinco taças. Sentia-se cansada, mas não o suficiente para dormir. Havia um vazio dentro de si, algo que conseguia muito bem identificar: inveja. Nunca fora uma mulher amarga ou invejosa, mas admitia para si mesma que, enquanto via a corte festejar o retorno de Dorian de Altafria, algo a corroía por dentro. Algo que a impediu de permanecer na sala do trono e prestigiar a vitória do rei consorte.

𝐈𝐍𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑Á𝐕𝐄𝐈𝐒: 𝑺𝒂𝒏𝒈𝒖𝒆 𝒆 𝑷𝒓𝒂𝒕𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora