3959 palavras.
— VOCÊ ESTÁ MUITO bonita. — comentou Cedrick ao se aproximar de Ellianor. — Bonita como uma ovelha prestes a ir para o seu abatedouro.
— Você por acaso sabia disso, Sor? — ela ergueu o rosto para encará-lo, lágrimas banhavam sua face. — Sabia que meu pai teve um caso com aquela mulher? Sabia que Brant é meu irmão?
— Não, Vossa Graça, eu não fazia ideia. — ele se aproximou devagar. — Já chega de chorar. Sua coroação deverá acontecer em instantes, deverá estar apresentável para receber sua coroa. — ergueu a mão e afastou uma lágrima do rosto dela, com seu polegar. — Olhe para mim, hoje é o dia em que Ellianor Magnus será coroada como rainha de Celestia, e deverá ser lembrado apenas por isso.
Ela esboçou um pequeno sorriso.
— Gostaria que guardasse alguma memória minha. — disse o comandante, estendendo-lhe um presente envolto em uma seda fina. Ellianor o observou com curiosidade, aceitando o embrulho com delicadeza. Com mãos hábeis, desfez os nós e desenrolou o tecido, revelando o punhal que Cedrick havia solicitado durante seu último treinamento. Uma bainha recém-feita envolvia a lâmina afiada.
— Oh, Sor Cedrick, é um presente magnífico. Agradeço profundamente. — expressou Ellianor com gratidão, embora seu sorriso desvanecesse ao recordar que o punhal, outrora, fora oferecido por Brant.
— Não lhe agradou? — indagou Cedrick, franzindo levemente o cenho ao perceber a seriedade no semblante da jovem.
— Eu aprecio imensamente sua gentileza. No entanto, precisamos nos apressar, não é mesmo?
A carruagem avançava majestosamente pelo portão, puxada por quatro cavalos brancos imponentes. Sem arreios, eram adornados com detalhes em prata, reluzindo sob o sol poente. As rodas de madeira maciça rangiam levemente. Ao se aproximarem do portão principal do castelo, a carruagem parou com um ranger suave de freios e o bater dos cascos dos cavalos cessou. O cocheiro desceu de seu aposento, abrindo a porta da carruagem com uma reverência respeitosa.
Cedrick com seu manto azul esvoaçando ao vento, estendeu a mão para ajudar Ellianor a subir na carruagem e enquanto isso, Aagi que permanecia á uma certa distância, se aproximou com um buquê de flores silvestres em mãos. Rapidamente, ela posicionou-se ao lado da princesa, cuidando para que o vestido não amassasse enquanto Elli se preparava para subir. Com um sorriso amável, a dama oferecida por Guida, ofereceu-lhe as flores como um gesto de ternura e apoio. Ellianor aceitou o buquê com gratidão, deixando que as pétalas macias roçassem delicadamente contra sua pele enquanto ela se acomodava no interior da carruagem.
Enquanto a carruagem partia pelo portão do castelo, Ellianor sentiu o impacto vigoroso das rodas sobre o solo irregular. Seu coração batia descompassado no peito, e sua respiração se tornou ofegante, refletindo a agitação que fervilhava em sua mente. Com mãos trêmulas, ela segurou o buquê de flores silvestres, contemplando cada pétala colorida que contrastavam com o aço frio do punhal em sua outra mão. Com um gesto rápido e decidido, Ellianor enfiou o punhal no centro das flores.
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𝐈𝐍𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑Á𝐕𝐄𝐈𝐒: 𝑺𝒂𝒏𝒈𝒖𝒆 𝒆 𝑷𝒓𝒂𝒕𝒂
FantasíaUma bruxa, magoada e com ego ferido, profetizou a ruína do rei de Celestia e a chegada de seu filho, que traria o fim à dinastia Magnus; a morte e a desonra andariam ao seu lado. Mas eram apenas boatos, histórias para assustar crianças, e Ellianor M...