Uma bruxa, magoada e com ego ferido, profetizou a ruína do rei de Celestia e a chegada de seu filho, que traria o fim à dinastia Magnus; a morte e a desonra andariam ao seu lado. Mas eram apenas boatos, histórias para assustar crianças, e Ellianor M...
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O SOL JÁ DESPONTAVA no horizonte quando Ellianor despertou. Seu corpo repousava sobre o chão e embora estivesse devastada, ela havia conseguido dormir, o cansaço era tanto que ela não se importou por não estar sobre seus lençóis.
— Estou viva. — murmurou para si mesma, um suspiro escapando de seus lábios. Impulsionando seu corpo para frente, levantou-se, cambaleando até encontrar apoio em um tronco de árvore. Ela se lembrava bem da terrível noite passada, quando ela se ergueu do chão e correu até não poder mais e não ver nada, devido as lágrimas que turvavam sua visão. Esconder-se na floresta feito uma rata medrosa, foi a única coisa que ela conseguiu fazer.
Raios escassos de sol invadiam pelos galhos, lançando raios iluminados ao solo. Ela estava cansada, faminta e acima de tudo, assustada. Presenciou a morte de sua ama, viu quando o soldado inimigo cortou a garganta da mulher que a viu crescer. Pobre Magda. O sangue escorria, o som da mulher engasgando com o próprio sangue ainda ecoava em sua mente. Não posso deixar que sua morte seja esquecida. Eles pagarão.
Seus passos eram vacilantes, ocasionados pelo cansaço e medo. A Floresta Sombria se revelava diante de seus olhos escuros, capturando o movimento calmo dos galhos balançados pelo vento sussurrante. Preciso atravessar essa escuridão se quiser chegar até a Praia Negra.
Elli deu mais alguns passos à frente, mas seu corpo sucumbiu ao cansaço. Tenho que ser forte. Segurando-se em um tronco, deslizou até sentar-se sobre uma das raízes de uma árvore larga. Suspirou fundo e afastou uma lágrima que escorreu molhando seu rosto. Estou cansada.
Ela se lembrava de que o reino estava em chamas quando partiu e sabia que muitas vidas foram perdidas. As batidas de seu coração entoavam sons que ela podia quase ouvir: covarde, covarde, covarde.
Em meio ao caos, sua mente se voltava para as crianças do reino, as mães desesperadas e os pais forçados a lutar em uma guerra sem necessidade aparente. Malditas terras de Eldoria e Caliu. Celestia já possuía um território vasto, riquezas incontáveis, e a Praia Negra representava a extensão do reino. Questionava a razão de mais duas terras fazerem diferença, especialmente quando seu próprio pai mal conseguia administrar e reinar na cidade. Como reinar em uma terra de selvagens?
Mais uma vez, suspirou profundamente. Ama acreditava em mim, ela ficaria desapontada se soubesse que estou cansada. Relembrando os anos vividos ao lado da ama, ergueu-se com determinação para continuar pelo caminho à frente. A Floresta Sombria estendia-se como um território vasto, repleto de lendas e mistérios. Ela tinha consciência de onde estava pisando, mas sabia que não podia arriscar seguir pela praia.
