Capítulo 31 - Obra-prima

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O som abafado de um alarme que não era o meu me tirou do sono de uma maneira abrupta

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O som abafado de um alarme que não era o meu me tirou do sono de uma maneira abrupta. Levei alguns segundos para me situar, mas o cheiro característico do Fermín misturado com o meu perfume logo me lembrou de onde eu estava. Eu estava na cama dele. Na casa dele. E, droga, eu estava atrasada para a faculdade.

— Merda! — Murmurei, me levantando de supetão, só para quase tropeçar nas cobertas que estavam no chão.

Fermín, claro, estava encostado na porta do quarto, já vestido, com um sorriso preguiçoso no rosto, segurando o celular. Ele claramente não tinha pressa nenhuma.

— Bom dia pra você também, ruivinha. Dormiu bem? — Ele provocou, com aquela voz rouca que fazia meu estômago dar voltas.

Eu o encarei, bufando, enquanto tentava encontrar minhas roupas espalhadas pelo quarto.

— Não tenho tempo pra "bom dia", Fermín! Estou atrasada! — Rebati, puxando minha calça jeans debaixo da cama e tentando vesti-la de qualquer jeito.

Ele cruzou os braços, se encostando ainda mais na porta, como se estivesse assistindo a uma cena de comédia ao vivo.

— Você fica adorável assim, sabia? — Ele disse, com um tom claramente divertido.

— Fermín, cala a boca. — Reclamei, enquanto corria para o banheiro para pegar minha bolsa que havia ficado lá.

Foi então que, ao passar pelo espelho, eu congelei. Meus olhos foram direto para o meu pescoço, e eu só consegui soltar um palavrão.

— Porra, Fermín! — Berrei, saindo do banheiro com o indicador apontando para o meu próprio pescoço. — Eu estou atrasada e com um chupão enorme no pescoço! Obrigada, Fermín!

Ele deu de ombros, claramente sem um pingo de arrependimento.

— Ah, para vai... Minha obra de arte ficou linda. Você devia estar me agradecendo.

Eu o encarei incrédula, enquanto ele dava um sorriso que era um misto de provocação e satisfação.

— Linda? Você tem ideia de como vou esconder isso? Eu vou ter que usar um lenço no pescoço o dia inteiro como se fosse parte de uma nova tendência de moda!

— Quer que eu te empreste uma camisa gola alta? — Ele ofereceu, com falsa inocência, enquanto se aproximava.

— Fermín, eu vou te matar! — Falei, mas era difícil manter o tom ameaçador com ele olhando pra mim daquele jeito, o sorriso fácil e as sobrancelhas arqueadas como se dissesse "vai mesmo?".

Ele segurou minha cintura e me puxou para perto.

— Relaxa, ruivinha, ninguém vai te julgar. Além disso, agora todo mundo vai saber que você é... Bem cuidada.

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