Meu chefe Nanami

04

Yuri

Hanna está me encarando de boca aberta.

Acho que o refeitório da faculdade não é o lugar ideal pra contar da minha gestação.

- Grávida?! - concordo - Que merda, você é muito azarada!

- É a vida né. - dou de ombros - Todo mundo que transa tem que ter a consciência de que pode engravidar em algum momento. A camisinha estourou e mesmo com a pílula do dia seguinte não foi o suficiente... Não tem um método contraceptivo que seja cem por cento seguro!

- O que é injusto! Quero gozar, não ficar grávida. Devia ter alguém jeito de escolher, tipo "hoje eu quero um orgasmo" ou "hoje eu quero engravidar".

- Bom já tá feito! Não posso voltar no tempo e não ir pro maldito escritório daquele imbecil!

- Você pode tirar o bebê! - encaro ela - É o EUA, é liberado amiga, eu sei que lá no Japão as coisas são bem mais complicadas más estamos nos Estados Unidos!... A gente encontra uma clínica e pronto, tchauzinho bebê...

- Hanna...

- Você tem só 19 anos! E o pai dele é um imbecil que não consegue ser educado com você, e o mais importante seu pai vai surtar.

- Você sabe que eu sou super a favor de abortar, mas eu não vou abortar o bebê... Não dá pra mim.

- Você tá destruindo seu futuro gata. Um bebê não é brincadeira.

- Existem muitas mulheres que foram mães novas e são incríveis!

- A escolha é sua!

- Bom... Vou entrando se não me atraso pra primeira aula.

- Claro, mas pensa direito nisso.

- Tá bom!

De um lado Alice querendo ser madrinha e do outro Hanna querendo que eu aborte. E eu tô no meio disso querendo deitar em posição fetal e chorar feito um bebê.

Nanami

Se tá ruim pra você imagina pra mim! Uma louca que até pouco tempo descobri que trabalha na empresa que eu herdei me conta que está grávida e eu sou o pai!

- Grávida? - Jack pergunta assustado.

- É o que aquela louca diz, mas não é verdade. - faço pouco caso.

- Bom o exame deu positivo e o tempo bate, fora que dá pra ver o grãozinho no ultrassom. - ele balança a pequena foto.

- Deve ser de outro a garota qier aplicar o golpe!

- Te manca seu imbecil! - encaro a loira baixinha atrás de mim.

Minha irmã.

- Como é Emma? - Ela vira a imagem da câmera de segurança pra mim, tá congelada na foto da suposta mãe do meu filho sentada no bar da boate.

- Yuri Yoshida! Eu conheço ela, faz faculdade com um amigo meu. O Johan, ele já falou dela pra mim, na verdade ele vive falando.

- Só porque ela é amiga de um amigo ela não é mais uma golpista?

- Ela é filha de um dos juízes mais importantes do país, a mãe dela era uma empresária super famosa que morreu e deixou a herança pra filha. Ela é podre de rica e ainda trabalha! Não precisa dar golpe nenhum em você!

Merda.

- Jack! - chamo - liga pra clínica e diz que precisamos de uma disponibilidade pra hoje.

- Eles disseram que só têm horário daqui à dois dias.

- Dá um jeito, mas quero fazer esse exame o mais rápido possível!

Me viro para olhar uma notificação no celular, pedi para o pessoal me mandar as filmagens da câmera de segurança da farmácia que ela comprou a tal pílula, vejo o vídeo junto de Emma que tá com um sorrisão na cara. O vídeo mostra Yuri comprando a pílula e assim que a compra foi feita ela toma a pílula na farmácia mesmo com um copo de água que a moça dá pra ela.

- Viu! Eu te disse que ela não precisa dar golpe nenhum! - Emma debocha da minha cara.

Era só o que me faltava, aquela maluca está mesmo grávida de um filho meu. Eu não sou tão azarado né?

- Já tô famficando! - Emma começa - Filho de um CEO que mexe com coisas erradas e neto de um juiz. Pobre criança, ainda bem que os pais dele têm dinheiro pra pagar uma boa terapia. Espero que a Yuri tenha terapia!...

- Até aquela merda de exame sair eu não tenho filho nenhum e ponto final!

- E se realmente for seu? - Jack pergunta - Como vai lidar com isso? Um bebê agora...

- Não sei, não vou me preocupar com o problema até ele me afetar!

- Nossa maninho! É tão nojento você chamar seu próprio filho de problema. Bom pelo menos uma tia decente ele vai ter.

Ela levanta e vem até a minha mesa pegando o papel com o número de Yuri.

- O que você vai fazer? - pergunto desconfiado.

- Mostrar que nem toda família paterna do bebê vai ser escrota! - ela sai do meu escritório.

Emma Kanto, sempre se metendo onde não é chamada, a garota é tão metida que chega a ser preocupante.

- Que porra! Jack quero um dossiê completo sobre essa tal Yuri Yoshida. Preciso saber tudo sobre ela.

- Ou você pode sentar e conversar com a mãe do seu filho, é isso o que pessoas normais costumam fazer.

- Ainda não sabemos se é meu filho... As pessoas mentem, quero saber a verdade!

- Ok! Vou cuidar disso e do exame.

- Vou para a empresa, tenho coisas pra resolver.

- Claro, levo a Emma pra lá?

- Deixa ela, o segurança tá de olho nessa idiota.

- Tá bom!

- Me mande uma mensagem me avisando o horário do exame.

Essa garota apareceu só pra me dar dor de cabeça. Um bebê, que porra eu vou fazer com um bebê?