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Yuri

Estou com uma cólica horrível desde o jantar de ontem, faz quase 24 horas e ainda não passou por completo.

Agora eu estou na área externa da casa sentada na borda da piscina sentindo a água aquecida esquentar meus pés.

Viro minha cabeça ao escutar passos e vejo Nanami se aproximando, eu estou esgotada, não aguento mais discutir. Mas a gente não consegue parar, é briga atrás de briga. Uma hora vamos chegar ao limite.

- Você não vem jantar?

- Estou sem fome.

- Você ainda está se sentindo mal? Talvez devêssemos ir na doutora Santiago!

- Eu vou ficar bem. Fui avisada sobre os efeitos colaterais do estresse.

Observo ele retirar os sapatos e erguer a calça até os joelhos, logo Kento está sentado ao meu lado com os pés dentro da piscina.

Ele é um babaca, mas está sempre cheiroso. A gravidez fez eu enjoar da maioria dos perfumes, até mesmo do meu favorito, mas o do Nanami não, o cheiro dele é bem agradável.

- Nataly... - viro o rosto pra ele.

- O que?

- Eu gosto de Nataly, o nome da nossa filha.

- Nataly Kento. Eu gostei, melhor que as outras opções.

- Qualquer um é melhor que Angel.

- Então tá - o cara pegou trauma da garota de programa.

- Olha Yuri, eu não simpatizo com você e nem você comigo - concordo - Mas temos que chegar à um acordo.

- Você percebe que todas as discussões são causadas por você?

- Você que começou ontem - olho indignada pra ele - Minha filha vai ter pai e mãe, não tem essa de padrasto e madrasta e ponto final. Isso não está aberto à discussões. Tudo bem pra você ela ver em uma mulher uma figura materna? Porque pra mim não está nada bem ela ver em outro homem uma figura paterna.

- Somos pessoas diferentes Nanami. Eu quero daqui à algum tempo conhecer alguém, me apaixonar e quem sabe ter outros filhos. Da forma como fala... Sei lá, da a entender que você é meu dono e que eu vou ter que viver a minha vida conforme as suas regras.

- Yuri, pode me xingar do que você quiser, pode fazer birra e até bater os pés, mas você não vai ter relações sexuais com um estranho enquanto estiver carregando a minha filha.

- Eu viro celibatária e você continua fodendo Los Angeles inteira?

- Eu não tô grávido.

Olha só a audácia desse filho da puta, um soco bem dado ajudaria.

- Tá sim. Nós dois estamos grávidos.

- Yuri...

- Que tal um meio termo? - abro um sorriso - Não vou transar com todo mundo, só com a mesma quantidade de pessoas que você transar.

- Tá doida?

- E se você pensar em fazer algo sem me contar, lembre-se que eu posso estar usando o mesmo truque contra você.

- Não gostei da proposta, mas valeu a tentativa.

- Não é uma proposta. É um aviso. Tudo depende de você... Amor - abro um sorriso inocente.

- Ridícula, isso não tem graça.

- Não é pra ser engraçado.

- Vamos entrar pra jantar, Eva fez lasanha - ele fica de pé e estica a mão pra me ajudar a levantar - Vamos lá Yuri, você precisa alimentar a nossa filha.

- Certo - pego a mão dele - Não posso deixar ela ficar abaixo do peso de novo.

- De novo?

- Quando eu descobri a gravidez fiz um ultrassom pra confirmar, a bebê não estava muito bem.

- Mas e agora?

- Ela tá bem, só preciso manter isso.

Nanami me guia até a sala de jantar e me sirvo de um generoso pedaço de lasanha.

- Você já pensou nos padrinhos? A Emma disse que a madrinha é aquela sua amiga que morava com você.

- Sim. A madrinha é a Ali.

- E o padrinho? Você já escolheu?

- Não, na verdade eu não escolhi a Maria Alice, ela já é a madrinha desde que nos tornamos amigas, ela é a madrinha da minha filha e eu madrinha do futuro bebê dela.

- Certo. Sem Johan.

- Sem Johan? Por que?

- Porque eu sou o pai e não aprovo.

- Ok - tomo um gole do meu suco.

- Ok? Nenhuma discussão?

- Não. Você é o pai da bebê e tem direito de opinar - ele continua me encarando desconfiado - Mas pelo amor de Deus não bota um assassino como padrinho da sua filha. Escolha um amigo normal.

- Amigo normal? Todos os meus amigos são normais.

- Aham...

- Seus amigos não são lá essas coisas pra você está julgando os meus.

- Meus amigos são ótimos.

- Johan é obcecado por você.

- Tô começando a achar que você está com ciúmes...

- Voltando ao assunto... Emma é desequilibrada, um dia ela quebrou uma garrafa de tequila na cabeça de uma mulher do nada. A sua amiga Alice parece má influência pra nossa filha, não esqueci daquela história no colégio de meninas e a Hanna... Ela é autoexplicativo, não parece nada confiável.

- Pelo menos nenhum dos três matou alguém.

- Justo - isso me tira uma risada.

- Pelo menos você não tenta mais esconder. Como é o nome do seu melhor amigo?

- Melhor amigo é uma palavra muito forte...

- Não começa Kento.

- Jack, ele é o namorado da Emma. Talvez você já tenha o visto.

- Vi ele no chá de bebê, belo amigo o seu.

- Te falta vergonha nessa sua cara - ele me olha puto.

- Ih, não pode mais elogiar?

- Namorado da minha irmã Yuri.

- Eu sei, é um casal nota dez. Mas eu não sou cega, o cara é um gato.

- EVA - ele chama pra fugir do assunto, logo a governanta aparece - Traga a sobremesa, a Yuri é mais legal quando tá de boca cheia.

- Relaxa Nanami, também te acho um gato, o que estraga é essa sua personalidade - dou de ombros - Ansiosa pela sobremesa.

- Abusada - ele resmunga baixinho me fazendo rir.

Ele me encara, o olhar dele é intenso, o Nanami é todo intenso. Eu até gosto, eu gosto de um homem mais bruto.

Claro que existem limites, nenhum doido varrido. Gosto daquele cara bruto que fica putinho mas não endoida. Nenhum Nanami...

- Você também é muito bonita, mas sabe falar...

Meu chefe NanamiOnde histórias criam vida. Descubra agora