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Yuri

É tão estranho como algo tão simples pode me deixar tão nervosa.

- Eu não me importo em faltar o estágio pra ir com você.

- Não precisa, Ali. É só um exame, qualquer. Não vou parir nem nada de importante. Você não pode faltar ao estágio assim.

- Você pode descobrir o sexo do bebê! - ela diz animada.

- Acho que não. Ele estava abaixo do peso e do tamanho ideal. Não acredito que vamos descobrir o sexo hoje.

- Promete que vai me ligar se precisar?

- Prometo Maria Alice.

- Sabe... Seria muito legal se você pedisse pra doutora não informar o sexo, assim a gente faz um chá revelação! Na verdade não a gente, o Johan ou a Hanna, quero ser surpreendida também.

Saímos juntas do apartamento e pegamos o elevador. Moramos no centro de Los Angeles e isso é muito bom, fica perto de tudo.

Me despeço de Alice e vou para o meu carro. O carro do Ander já está parado atrás do meu.

Maldito Kento! Tomara que a próxima pessoa que chupar o pau dele vomite. Não é por maldade, é um desejo de grávida.

Dirijo até o hospital onde tenho meu plano de saúde, estaciono meu carro e entro, pego o elevador até a área ginecológica e fico esperando o meu horário.

Depois do bar de ontem Alice bebaça ficou me enchendo o saco sobre o apartamento não ser uma boa moradia para o bebê. Temos vizinhos barulhentos, só temos dois quartos, moramos no 10° andar... Ela botou mil defeitos e agora tenho que arrumar uma casa nos próximos 6 meses.

Olho pro relógio. Faltam 10 minutos para a minha consulta, fico extremamente tentada a pegar o celular e mandar uma mensagem pro Johan.

Sei que ele se ofereceu mas acho que seria estranho chamar ele. Eu me sentiria meio desconfortável em ir na consulta do bebê que meu ex namorado vai ter com outra pessoa.

Não me surpreende a ausência do Nanami. Ele tá mais preocupado em me atormentar do que ser presente na vida do filho.

Só espero que isso não seja recorrente depois do bebê nascer. Seria uma merda.

- Senhorita Yoshida - a estagiária da doutora Santiago aparece na porta com um sorriso enorme.

Retribuo o sorriso e entro no consultório, sempre que eu entro em um lugar como esse eu sinto um desejo estranho de ser médica. Não que isso fosse dar certo. Eu desmaiaria na primeira emergência, tenho nojo de sangue e de qualquer secreção que possa sair de um ferimento.

- Bom dia Yuri!

- Bom dia doutora.

- Como você tem estado desde a nossa última consulta?

- Eu parei com os treinos, e tentei seguir a dieta que a nutricionista paasou. Mas eu tenho estado muito enjoada, qualquer cheiro ou até mesmo a imagem de algo me deixa muito mal querendo por tudo pra fora.

- O primeiro trimestre é complicado mesmo. A maioria das mulheres sentem mais incômodo nos três primeiros meses.

- Você acha que a gente consegue ver se é menino ou menina?

- Olha, não tenho certeza. Você está ansiosa?

- A madrinha do meu bebê quer fazer um chá revelação. Acho que sem dúvidas ela é a mais animada.

- Então se eu ver não quer que eu lhe informe?

- Não.

- Certo, deite naaca pra eu poder fazer a ultrassom.

Deito na maca e ergo minha blusa na altura dos seios. Sempre fui muito magrinha, então minha barriga tem um pequeno volume ainda, é algo mínimo. Algo que só eu noto, afinal sou a única pessoa que me vê sem roupa com frequência. Acho que nem a Ali que convive comigo diariamente é capade notar a diferença.

O gel gelado é posto na minha barriga e meu corpo todo se arrepia.

- Alguma preferência mamãe? Menino ou menina?

- Na verdade eu não tenho tanta preferência - desde que não venha com a personalidade do pai vai tá perfeito.

- Podemos começar? - concordo.

Ela coloca o aparelho na minha barriga e começa a fazer a ultrassom.

- Huum. Ele cresceu um pouquinho, tá quase no tamanho ideal para um bebê de três meses. O peso também está quase perfeito. Ele ou ela está com as perninhas fechadas, não conseguimos ver se é menino ou menina ainda.

- Pelo menos ele tá bem?

- Tá sim mamãe. Continue seguindo as recomendações que eu lhe passei. E volte pra gente fazer uma ultra pra ver o sexo do bebê. Pode voltar na semana que vem mesmo, é rapidinho. Ou se não você vai ter que esperar até a próxima consulta e isso pode te deixar ansiosa e não é nada legal uma gravidinha com ansiedade.

- Eu volto sim.

- Sei que não é da minha mas... Não vamos ter a presença do pai nas consultas?

- Ah... - dou um sorriso sem graça - Não vamos.

- Certo. Mas seria importante que você consegui que ele preenchesse uma ficha pra mim. São só perguntas sobre a família, sobre doenças hereditárias. Faz parte do pré natal.

- Tudo bem. Vou dar um jeito nisso.

A doutora Santiago sorri e linpa a minha barriga.

- Você quer uma foto ou vídeo do ultrassom? Algumas mães gostam de guardar recordações das consultas.

- Claro! Vou querer sim.

Depois da ultrassom a doutora conversou comigo mais um pouco sobre a dieta e também me passou mais alguns remédios.

Eu estava prestes a entrar no meu carro quando uma mão me segura pelo pulso.

- Que porra é essa? - encaro o loiro.

- Já fez o exame?

- Já Nanami. O exame era às nove da manhã eu te mandei o horário.

- Certo. Vamos voltar lá e fazer de novo. - ele puxa o meu pulso devagar tentando me arrastar de volta mas eu não permito.

- Como é? Você tá ficando doido?

- Tive um problema e acabei perdendo o horário. Mas eu vim porra, não era isso o que você queria?

- Eu queria um pai decente pro meu filho. É isso o que eu queria.

- Vamos lá Yuri, a médica abre uma brecha pra gente.

- Se atrasou por quê? - ele não responde - Perdeu a consulta do seu filho porque tava fodendo alguém?

- Yuri...

- Tudo bem, eu não preciso de você e vou fazer de tudo pro bebê não precisar de você também. Porque pelo que podemos ver, você não vai ser nada presente.

- Foi só um exame Yuri.

- Verdade é só a merda de um exame. Não é necessário a sua presença, nem vou avisar da próxima vez. Te mando um recadinho quando eu parir, mas não se preocupa, não vou contar com a sua visita. Não sou nem louca de criar a ilusão de que você vai ser um pai presente.

Dei meu melhor sorriso arrogante, mesmo que tudo o que eu queria fazer agora era chorar.

Abro a porta do carro e entro, dessa vez ele não tem a cara de pau de tentar me impedir. Dirijo por alguns metro antes de deixar a frustração me tomar.

Não sou do tipo chorona, mas essa situação juntamente com os hormônios estão me levanto ao limite.

Eu tô tão na merda...



Feliz dia da mulher💜 vocês são incríveis!

Meu chefe NanamiOnde histórias criam vida. Descubra agora