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Nanami

Yuri acordou cedo hoje, vai almoçar na casa do pai.

Ela me convidou pra ir junto, eu não quero ir, mas claro que eu vou. Tenho certeza que o maldito do Yoshida chamou o babaca do Johan pra esse tal almoço.

Se ele gosta tanto do Johan porque não chupa logo o pau dele e deixa a Yuri fora disso?

- Vou passar o resto do dia fora, a Yuri vai comigo. Pode tirar o dia de folga.

- Não voltam nem pro jantar?

- Não, Eva - viro as costas e saio da cozinha indo pra área externa onde a Yuri já me espera no carro.

A barriga dela está super visível, dá pra notar de longe que ela está grávida.

A cada segundo que aquela barriga cresce eu fico mais perto de endoidar.

Yuri tá usando um vestido bem justo que realça a barriga de 6 meses. Ela tá toda arrumada, maquiada, perfumada... Quanta produção só pra ver o pai...

- Quero falar com você - ela vira o rosto pra mim.

- Lá vem, não gosto disso.

- Meu aniversário é em poucas semanas. Queria saber se posso comemorar na boate.

- Vai comemorar seu aniversário na boate?

- Se você me ceder o camarote.

- É todo seu. Só me avisa pra eu deixar ele vazio. Mas você tá grávida, não pode beber e vai cansar logo, vai passar a maior parte do tempo sentada.

- O que quer que eu faça?

- Sei lá, é o seu aniversário! Que tal fazer algo que você vai aproveitar?

Ela me ignora e o resto do trajeto até a casa do pai dela é feito em silêncio. Não é um silêncio desconfortável, é só silêncio.

Assim que eu estaciono o carro, nós começamos a andar na direção da grande porta marrom.

- Por favor, não implique com meu pai.

- Ele que implica comigo, amor!

- Já falei pra ele também não fazer isso.

Assim que chegamos a governanta abre a porta. Entrego pra ela o vinho que Yuri me obrigou a trazer.

Somos direcionados à sala de está e adivinhem só, o cara de rato está aqui.

Nossa eu odeio tanto o pai da Yuri.

Ela abraça o pai e a ratazana em forma de cumprimento. Eu apenas aceno com a cabeça.

Me sento ao lado da Yuri e fico ouvindo o pai dela questionar ela sobre absolutamente tudo.

A governanta traz suco para a Yuri e vinho para o restante de nós.

- Já escolheram os padrinhos? - o mais velho pergunta.

- Estamos trabalhando nisso, óbvio que a Alice já faz parte disso - ela sorri. Yuri parece gostar mesmo dessa tal Maria Alice, ela parece gostar também dos outros dois babacas mas da Maria Alice parece gostar muito mais.

- Hunm... E vai ser Nataly Kento mesmo?

- Sim! Optamos por deixar apenas o nome do Nanami.

- Ficou um nome muito bonito - o rato se intromete - Ao mesmo tempo que é simples é refinado - Yuri sorri animada com o comentário.

É tão bizarro pensar que a 6 meses atrás eu só queria transar com a garota dos olhos castanhos que estava dançando e chamando a atenção de todos na boate. E agora eu estou aqui, almoçando com o pai dela e falando sobre a nossa filha.

Isso me faz pensar sobre como a gente não tem controle nenhum sobre a nossa vida.

- Ela já começou a chutar? - não sei se o senhor Yoshida está realmente interessado ou só quer fingir que está.

- Já, mas ela é uma puxa saco. Costuma chutar só quando recebe atenção do pai dela.

Eu não sei o que tem demais nessa frase, mas me causa uma sensação estranha. Mas mesmo assim é bom saber que mesmo antes de nascer eu a Naty já temos um tipo de ligação.

- Que pena - murmura o rato - Queria senti-la chutar - ele sorri olhando pra barriga da Yuri - Deve ser uma sensação incrível.

Tem algo nele que me irrita de um jeito absurdo. Nele e naquela idiota da Hanna. Eu ainda sonho com o dia em que a Yuri vai se livrar desses imbecis.

Tive que ficar escutando o pai da Yuri e o cara de rato falar da faculdade de Direito até a hora do almoço.

Me sentei ao lado da Yuri e me obriguei a almoçar e beber vinho como se não odiasse duas pessoas dessa mesa.

Durante o almoço olhei confuso quando Yuri pega minha mão e leva até a barriga dela, sinto Naty mexer e isso me tira um sorriso.

Me chamem de egoísta se quiserem, mas eu amo saber que isso é algo só nosso, que a Naty só chuta para nós dois.

Depois do almoço Yuri decidiu que queria ficar mais um pouco.

- Se você quiser pode ir. Tenho certeza que o Luke não tá muito longe, ele me leva pra casa depois.

E deixar você aqui com seu pai que quer bancar o casamenteiro e com o cara de rato que te quer? Coitada!

- Não, eu fico com você - ela deixa um beijo na minha bochecha e se aproxima do pai dela.

Ela falou toda animada sobre a nossa filha e sobre o quarto dela. A Yuri vai ser uma mãe e tanto.

Saímos da casa do juiz por volta das 14:00. Yuri insistiu que queria tomar sorvete, e que tinha que ser na praia.

Tive que dirigir até a praia e comprar sorvete pras meninas.

- As vezes me assusto com o fato de que vou fazer vinte anos e já tenho uma filha. É tão louco, tudo aconteceu tão rápido.

- Fico feliz que tenha sido com você...

- Como assim?

- A camisinha podia ter estourado com qualquer uma, ainda bem que estourou com você.

Imagino se tivesse estourado com a outra garota que transei naquela noite...

- É, eu já me acostumei com você - ela diz - Com o seu jeito bruto e com seu trabalho sujo. Mesmo com as desvantagens, fico feliz em saber que a minha filha vai ter um bom pai.

"Ter um bom pai"...

Chego mais perto do rosto dela.

- Vou fazer o possível pra deixar ela bem. Na verdade deixar vocês duas bem.

Sem pressa deixo um selinho demorado em seus lábios, sentindo o hálito quente dela.

[...]

Meu chefe NanamiOnde histórias criam vida. Descubra agora