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Yuri

Quando desço pro primeiro andar Nanami já estava tomando café. Eva está no canto do cômodo esperando alguma ordem.

Ela deve ser só alguns anos mais velha que eu, é uma mulher extremamente bonita, pena que não é muito simpática.

- Bom dia - digo me sentando.

- Bom dia. Como vocês estão? - encaro ele - Você e a Naty?

Ok isso foi fofo, eu adorei ver ele perguntando sobre a nossa filha e chamando ela pelo apelido.

- Um pouquinho de cólica mas sem enjoo.

- Depois da faculdade vou te encontrar pra te levar na doutora Santiago. Quero ouvir da boca da obstetra que isso não é nada demais.

- Eu vou almoçar com o Johan - me sirvo de um pedaço generoso de bolo.

- Ah, que pena que você vai ter que cancelar - ele toma um gole do café - Obviamente você entende né? A nossa filha em primeiro lugar.

- Vai usar a bebê contra mim? Vai jogar tão baixo?

- Só você que pode amor? - ele dá um sorriso arrogante.

- Seu sem noção.

[...]

Sinto tanta falta de morar com a Alice. Lá eu era bem mais feliz.

- Almoço cancelado? - Johan pergunta.

- É, Nanami quer me arrastar pra uma consulta.

- Ok, que tal um jantar então? A gente pode ir naquela pizzaria que você ama.

- Por mim tá ótimo - me chamar pra comer é tipo a maior prova de amor.

- Te busco em casa?

- Não dá - bufo - Nanami é paranoico, Lk me leva. Às oito?

- Te encontro lá.

- Você quer ir também Ali?

- Não amiga, vou jantar com meus pais. Eles estão vindo pra me ver.

Os pais da Ali moram em Seattle, são cirurgiões super importantes. Eles não visitam a filha com muita frequência, a carreira em primeiro lugar.

- Claro. E a Hanna? Alguém viu ela? - Maria Alice revira os olhos.

- Deve está sentando em algum homem rico por aí - agora quem revira os olhos sou eu.

Antes que eu tenha chance de responder a buzina chama a minha atenção.

- Eu vou indo pessoal - deixo um beijo na bochecha deles - Até de noite Johan.

Me levanto do banco e vou na direção da BMW.

- Oi - digo entrando no carro - Preciso almoçar antes do exame.

- Claro - ele murmura dando a volta com o carro, é estranhamente atraente ver ele fazer isso com uma mão só - O que você quer?

- Pode ser um fast-food. Eu posso comer no caminho.

- Você vai viver a base de besteira Yuri? A minha filha vai nascer com o colesterol lá em cima.

- Deixa de ser chato. Amanhã eu prometo comer de forma saudável.

- Então tá - ele dirige até o fast-food e compra um hambúrguer e bastante batata frita pra mim.

Kento estaciona em um lugar qualquer para nós comermos.

- Gatota - ele me encara - Seu estômago não tem fundo? - ele pergunta.

- Vai implicar com a minha comida?

- Não, é só uma curiosidade.

- Falando nisso, você não acha estranho o fato de não nos conhecemos direito mesmo estando esperando um bebê?

- Eu sei muita coisa sobre você - olho com deboche pra ele - Tô falando sério. Eu... Eu pedi um dossiê sobre você.

Paro a batatinha no ar e encaro ele de boca aberta.

- Um dossiê? Ah se fode Kento, você poderia ter perguntado sobre mim o que queria saber!

- Acho que á essa altura você já percebeu que eu tenho meu próprio método pra tudo.

- Nanami, você tem que parar de usar esses métodos. Pelo menos comigo, eu quero conseguir conversar com você direito. Quero poder ter uma conversa normal com você.

- Vou tentar Yuri, mas não bota muita fé em mim não.

- Eu quero que tenhamos uma relação normal, pela bebê.

- Pela bebê...

Tem um bebê de 16 semanas dentro de mim... 16 semanas mas a ficha só vai cair por completo quando ela estiver nos meus braços.

- Seu corpo mudou muito - ele murmura encarando a minha barriga, que já dá pra ver que estou grávida.

- Nossa, valeu. Dizer pra uma grávida que o corpo dela mudou com certeza é uma boa ideia - debocho.

- Não foi um comentário ofensivo. Seus peitos estão incríveis.

- Não melhorou Kento. Meus peitos pequenos eram tão ruins assim? - encaro meus seios - Foda-se eu gosto.

- Eu também, as duas versões são maravilhosas.

- Ridículo - ele ri.

[...]

Tá tudo bem com a minha filha. Não é tão incomum sentir cólica durante a gestação, e o estresse ajudou nisso.

- O Luke vai te levar pra casa, tenho que ir na empresa e depois no casarão.

- Ah, o QG do crime - ele revira os olhos.

- Te vejo na hora do jantar.

- Ah, sobre isso... eu vou jantar com o Johan - ele ergue a sobrancelha e põe a mão na cintura.

- Não quer ir morar com ele de uma vez?

- Olha...

- Não me testa garota - ele segura meu maxilar.

- Você devia andar com um tipo de aviso "possessivo".

- Ah Yuri... - ele aproxima o rosto do meu - Eu não sou possessivo, só cuido do que me pertence.

- Kento, eu não pertenço a você.

- Uma hora a sua ficha cai amor.

- Uma hora eu vou cair é com a mão na sua cara.

- Com a mão não, mas se quiser cair com...

Me largo da sua mão em meu maxilar e viro entrando no carro antes de escutar mais besteiras.

Ele não tem um pingo de vergonha na cara.

Meu chefe NanamiOnde histórias criam vida. Descubra agora