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Nanami

Abro os olhos e encaro o teto do meu escritório, esse sofá é desconfortável, ainda mais quando tem alguém deitado em cima de você.

Yuri tá usando a minha camisa e tá deitada no meio das minhas pernas com a cabeça no meu abdômen.

- Yuri? - meus dedos mexem no cabelo dela - Acorda, vanos pra casa.

Ela resmunga irritada e abre os olhos. Yuri cruza os braços em cima da minha barriga e apoia o queixo neles.

- Que horas são?

- Não sei. Meu celular tá na pilha de roupa - tiro o cabelo da frente do rosto dela.

- Ok - ela senta se espreguiçando - Tô com fome.

- A gente para pra tomar café no caminho pra casa.

- Ta bom - ela fica de pé - Vou me arrumar - ela pega o vestido e a calcinha no chão e vai pro banheiro.

Me levanto e ponho minha calça, tenho que esperar a Yuri me entregar a minha blusa. Pego meu celular e vejo que já são 10:30 da manhã.

A Yuri sai do banheiro e entrega a minha blusa.

- Vou descalço porque não sou obrigada a nada - ela pega os saltos no chão - Você compra o café e a gente come no carro.

Apenas concordo fechando minha blusa, sem paciência pra discutir.

Pego a chave do carro e destranco a porta, Yuri vem logo atrás de mim. Pegamos o carro e eu dirijo até a primeira cafeteria aberta.

Yuri queria salada de frutas e por sorte tinha no lugar, comprei só um café pra mim e mandei mensagem pra Eva avisando que íamos almoçar em casa.

- Pega - ela ergue o braço com um pedaço de fruta - Só o café não vai te sustentar.

- Não quero - digo encarando o trânsito.

- Pega Kento - chata demais.

Deixo ela por a fruta na minha boca.

- Precisamos conversar - ela diz.

Todo mundo sabe que um "precisamos conversar" não é boa coisa.

- O que foi Yuri?

- O meu pai quer ir na minha casa, no caso na sua já que eu moro com você.

- Não! - ela enfia outro pedaço de fruta na minha boca.

- Nanami, acha que o meu pai vai desistir? Ele é meu pai, quer ter certeza que eu estou bem. Do jeito que tá parece que você me sequestrou e me obrigou a ficar com você... Se bem que...

- É pela sua segurança, pela segurança de vocês duas.

- Meu pai também está preocupado com a minha segurança e o seu modo de agir deixa muitas dúvidas.

- Yuri...

- Você ficaria de boa se a Nataly morasse com um cara que você mal conhece?

- Já tá ficando feio você usando a minha filha contra mim.

- É meu pai Nanami, ele pode pode ir jantar em casa hoje.

- Seu pai me detesta.

- E quem ele não detesta?

Seu amigo...

- Ta bom Yuri, leva aquele velho chato lá pra casa.

- Você não ofende meu pai, seu sem noção.

O pai dela dela obviamente não gosta de mim, então por que vou fingir que gosto dele?

- Por favor Nanami, tenta ser legal com ele.

- Seu pai me odeia.

- Tenta entender o lado dele, você engravidou a filhinha dele. Ele é um pai super-protetor, ele ama a filha e quer o melhor pra ela.

- E o melhor pra filha dele é abortar a bebê dela?

- Nanami...

- Não gostei da sugestão dele. Ninguém tem direito de opinar sobre isso.

- Dá uma chance por favor. Vou dizer à ele pra não mencionar essa história de novo.

- Tá bom.

Depois que cheguei em casa fui direto tomar um banho, Yuri foi pro quarto dela. Quando eu desço pro almoço ela já estava na sala de jantar.

- Bom dia senhor Kento - ela me dá um sorriso.

- Bom dia Eva. Pode voltar pra cozinha, te chamo se precisar - ela concorda e se afasta saindo da sala de jantar.

Sirvo meu almoço e olho pra Yuri que já estava me olhando.

- Você transou com a Eva?

- Que tipo de pergunta é essa? - ela dá de ombros - Não me envolvo com minhas funcionárias, então não, não transei com ela. Por que isso agora?

- Acho que ela não gosta de mim, ela sempre está me olhando de cara feia. E com você ela está sempre sorrindo e sendo simpática.

- Ela tem te tratado mal?

- Não. Ela nunca faltou com respeito comigo, mas dá pra notar, é nítido a falta de apreço por mim.

- Vou conversar com ela.

- Não, isso só vau piorar a situação.

- Você mora, é a mãe da minha filha. Ninguém vai te tratar dessa forma.

Yuri

Abraço o meu pai com força quando ele chega.

- Tava com saudades.

- Eu também filha. Esse cara tá se escondendo de quem? Mora no fim do mundo.

Então...

- Sem implicar pai. E sem tocar em assuntos desagradáveis.

A meta da noite é ninguém socar ninguém.

Arrastei meu pai pra sala onde o Nanami está. Difícil saber quem tá com a pior cara de bunda.

- E já pensou em um nome? - meu pai pergunta.

- Na verdade o Nanami que deu a ideia - dou um meio sorriso pro pai da minha filha - Vamos chamá-la de Nataly Kento.

- Kento? - meu pai pergunta - E o nosso sobrenome?

- Pai, o senhor sabe que no Japão é costume ter o nome do pai, e o Nanami também nasceu no Japão - digo - E Nataly Yoshida Kento não fica tão bom quanto Nataly Kento.

- Não acho - o mais velho murmura e o loiro bufa irritado.

- Pai, eu só tenho o seu sobrenomez não tenho o da mamãe.

- Vocês que sabem - meu pai força um sorriso - A decisão é de vocês.

- Exato - Nanami posiciona a mão na minha lombar - A decisão é nossa - meu pai olha indignado pra ele.

- O jantar já está na mesa - Eva surge sendo útil pela primeira vez na vida.

O jantar foi um desastre. Meu pai não parava de falar sobre o Johan e o Nanami passou o tempo todo de cara feia.

Como eu já mencionei, o meu pai nunca vai superar o meu término com o Johan. Acho que ele já tem todo o nosso futuro planejado.


Meu chefe NanamiOnde histórias criam vida. Descubra agora