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Nanami

Pensei que não seria tão difícil escolher o nome de uma criança. Mas estamos aqui à um bom tempo e não entramos em consenso.

- Que tal Angel? - a morena pergunta devorando o terceiro pedaço de torta - É um nome muito bonito.

- Não. Nome de puta!

- Não é não.

- É sim. Conheci umas três com esse nome - Yuri respira fundo e me encara.

- Desnecessário Nanami, extremamente desnecessário. Que tal Kylie?

- Não gosto, muito feio.

- Você não gosta de nenhuma sugestão que eu dou.

- Todas são feias - me defendo.

- Então vai lá bonzão, qual sua sugestão?

- Alie.

- Alie? Só isso? Sua criatividade é tão baixa assim?

- Falou a garota que quer chamar a filha de Angel - tomo um gole do meu whisky - Ninguém vai chamar minha filha assim. Nome de garota de programa e ponto final.

- Se formos escolher um nome feminino com o qual você não se envolveu vamos ter que deixar a menina sem nome!

- Nossa, que senso de humor incrível - ela dá um sorriso irônico.

- Vamos lá, por favor Nanami.

- Claire?

- Claire? - dou de ombros.

- Sei lá Yuri, ja dei minha opções. Que tal Hanna?

- Não. É o nome de uma amiga minha, a que veio pro chá de bebê.

Ah, aquela amiga...

Lembro muito bem...

Só não sei se diria que ela é amiga da Yuri, vai muito do que ela considera "amiga".

- Que tal Naomi? - ela murmura.

- Naomi Kento... Eu até que gostei.

- Já é um começo - ela dá de ombros - Nós temos até semana que vem pra decidir. Já estou de quatorze semanas e quero começar a montar tudo, gosto de ser antecipada.

- Tudo bem, mais alguma opção além de Naomi que você queira que eu considere?

- Eu gosto de Amelie - Amelie Kento, eu gostei.

- Vou pensar sobre isso. Até o fim de semana decidimos o nome da bebê.

- Otimo.

- Como foi com o seu advogado? Conseguiu o que queria?

- Ele vai dar conta. Johan disse que ele é ótimo então estou confiante.

Johan pra lá, Johan pra cá. Ele tá se tornando uma pedra no meu sapato, uma que eu vou adorar retirar e jogar no rio.

- Você sabe que ele gosta de você né? Não como amigo, estou falando de uma forma romântica.

- Sei. Ele nunca escondeu o que sente, está super motivado pra ser padrasto da pequena Naomi - ela ri mas eu não sei onde está a graça.

- Ele que tente. É pai e mãe e deu, não existe essa de padrasto.

- E madrasta também não vai ter? Ou isso só se aplica à mim?

- Pai e mãe. Não se apresenta as fodas aos filhos. Isso é ridículo.

- E se não for só uma foda? E se você se apaixonar um dia? Como vai ser? Vai apresentar ela pra bebê?

- Isso não vai acontecer - digo o óbvio - Então não tem com o que se preocupar.

- E se eu me apaixonar? Você não pode me privar disso.

Será que em algum momento ela vai entender que eu estou no controle aqui? Será que ela vai entender que eu posso fazer o que eu quiser? Se eu quiser privá-la eu vou fazer e deu.

- Você quer realmente ter essa discussão agora amor?

- Para com esse seu deboche - ela perde a paciência e aumenta um pouco a voz - Vê se não me testa Kento. Ou eu juro que faço você se arrepender.

- O que você pode fazer que me cause arrependimento? Não acho que seja capaz de algo do gênero.

- Continua agindo assim que você vai ver. Não vou deixar minha filha crescer em um ambiente tóxico onde vai ser criada como uma prisioneira.

- Está ameaçando tirar a minha filha de mim? - ela não é louca.

- Estou apenas dizendo que do jeito que tá não dá pra ficar.

- Amor - me inclino sobre a mesa aproximando meu rosto do dela - Você não tem pra onde fugir, eu vou até o inferno atrás de você - ela engole em seco - Acho que você não está me levando a sério.

- Acho que você também não está me levando a sério - ela se põe de pé - Acredito que já ouviu aquela expressão "uma mãe faz de tudo pelo filho" - ela respira fundo e põe a mão na barriga fazendo careta.

- Tudo bem? - me ponho de pé - Com a bebê? - estico a mão para tocá-la mas Yuri me impede se afastando.

- Tá, sai de perto de mim.

- Você tá pálida Yuri.

- Só preciso descansar, é só um enjoo comum - ela vira as costas pra mim e sai da sala de jantar.

Meu Deus, era pra ser um jantar calmo pra escolher um nome. Nossa, será que um dia vamos conseguir conversar sem nos ofender?

[...]

Encaro o relógio mais uma vez.

- Eva? - ela se aproxima - Onde está a Yuri? Ela tá atrasada pro café.

- Não vai tomar café senhor, ela não está se sentindo bem.

- Como assim? É algo grave?

- Acredito que seja enjoo matinal, é muito comum senhor. Nada que valha a sua preocupação - ela me serve outra xícara de café.

- Certo. Quero ser informado sobre a situação dela durante o dia.

- Sim senhor.

- E cuide pra ela se alimentar direito.

- Claro, posso ser útil em mais alguma coisa? - ela me encara com seus olhos verdes intensos e com um sorriso doce nos lábios.

- Não - me levanto - Já estou de saída.

Eu vim direto para o casarão. O que não me falta são problemas pra resolver.

- Tô atolado em trabalho - Jack murmura - Tô sem tempo pra fazer mais nada.

- Engraçado que pra se enfiar nos lençóis da minha irmã você tem tempo.

- Como vai a mãe da sua filha, quela morena baixinha que te odeia?

- Ótimo jeito de mudar de assunto. Brigamos de novo.

- Nem me surpreende, só espero que se resolvam logo. Não vai ser bom pra bebê ter os pais brigando o tempo todo.

- Eu sei. Esqueceu de quem eu sou filho? Não quero que minha filha escute o que eu e a Emma escutamos.

- Então vocês vão ter que achar um jeito de conversar feito adultos.

- Ela me estressa demais Jack.

- Porque ela não abaixa a cabeça pra você. Isso é o que mais te irrita, ela não demonstra ter medo de você. Eu realmente espero que você não queria que ela sinta medo de você, porque seria bem escroto.

- Não quero que ela tenha medo e sim respeito.

- O respeito não pode ser unilateral Kento...

Meu chefe NanamiOnde histórias criam vida. Descubra agora