Capítulo 1 (POV: JAMES)

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POV: JAMES

Tudo começou um dia atrás, quando ouvi Regulus, o irmão de Sirius, chamá-lo de covarde.

Não era grande coisa pra Sirius, ou ele só não demonstrava se importar, mas é grande coisa pra mim. Eu posso ser a única pessoa viva que entende Sirius o suficiente pra saber o quão corajoso ele teve que ser para ir embora daquela mansão e se separar da sua "família".

Eu sou uma pessoa muito intensa, talvez seja o meu maior defeito. Pois eu tomo as dores dos meus amigos. Pro bem ou pro mal. Choro por eles e sorrio por eles.

Mas quem deveria entendê-lo não era eu. Era ele. Regulus Black, o garoto que andava pelo colégio chamando-o de covarde.

Como se ele não soubesse o que acontecia dentro daquela casa. Como se ele não visse pelo que o Sirius passava.

Então, um dia atrás, eu o puxei pela gola da camisa branca, junto as vestes verdes e refinadas da Sonserina e falei minhas primeiras palavras pra ele. As primeiras que já dirigi à ele na vida:

-Sirius foi dez vezes mais homem do que você, indo embora daquela casa.

Eu não disse isso com o sorriso de sempre, com a expressão leve e o ar gentil. Eu posso nunca na vida ter sido tão agressivo. Minha expressão mostrava claramente todo o repulso que eu sentia naquele momento. Todo o ódio.

Eu achei que estava fazendo a coisa certa.

Regulus demorou pra reagir. Ele me olhou daquele jeito, que me deixou zonzo. Como se eu realmente o estivesse agredindo. Como se fosse eu o cara mau ali.

Eu quase me senti no lugar do agressor. Quase.

Porque no momento em que seus olhos passaram a demonstrar aquele ódio de volta, eu senti que ele era um deles.

-"Homem" o suficiente pra sair correndo com o rabo entre as pernas e nunca mais dar as caras. Se conhecem há seis anos e ele ainda precisa de você pra defendê-lo? Quais as qualidades que o tornam "homem" mesmo? - Ele respondeu.

Ele sorriu daquele jeito perverso que só os Black sabem fazer. Com malícia e provocação. Ele estava pra briga. E eu também estava.

Apontei meu dedo indicador em seu peito, ameaçado fazer o que eu estava morrendo de vontade de fazer.

-Você diz isso - disse cada palavra devagar, pra que ele não tenha problema em absorvê-las. Pra que sentisse. Uma por uma. - Porque foi covarde demais pra enfrentar seus pais. E tem inveja de Sirius por ter feito. - Respirei fundo e soltei a fatídica frase: - Você mataria pra estar no lugar dele. Pra ser ele.

Não demorou muito para que eu ouvisse pessoas se amontoando a nossa volta e tudo começasse a chamar atenção demais. Sirius, Remus e Peter estavam em aula, então era improvável que estivessem entre essas pessoas. Mas eu tinha certeza que a notícia chegaria neles.

E não sabia se Sirius iria gostar.

Pensei em me afastar e evitar a bronca que poderia levar mais tarde, Sirius realmente odeia que em me envolva em assuntos familiares.

Mas antes que eu pudesse, Regulus me acerta com um soco na bochecha. Nem o vi chegando. Só sei que ele não parou.

Me deu uma joelhada na barriga e me agarrou pelas minhas vestes para voltar a me bater.

Eu segurei suas mãos e dei um tapa forte no seu rosto, deixando uma marca vermelha com o formato da minha mão.

Depois de tudo, o que mais chamou minha atenção não foi a agressividade ou o modo rude como ele me tratou. Foi como cada palavra minha o afetava tão fortemente. Como ele sentia profundamente, como se fosse verdade.

Qualquer Um, Menos EleOnde histórias criam vida. Descubra agora