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— Oi tio — Bea diz, quebrando o silêncio — Como o senhor está?!

Henrique tenta sorrir, mas acaba tossindo um pouco e posso perceber que seu estado não é nada bom.

— Nada bem, minha sobrinha!

Fecho a porta abruptamente, e dou um passo à frente.

— O que você queria falar comigo?! — indago indo direto ao assunto.

Ao meu lado, Bea pigarreia.

— Estarei lá em baixo — ela não dá tempo para que eu reaja e quando percebo, estou sozinha com meu pai.

— Angelis... minha filha, sei que não tenho direito de pedir nada, mas precisava vê-la antes de morrer.

Cruzo os braços a frente do peito e o encaro.

— Não gaste suas palavras comigo, Henrique — exclamo controlando o tom de voz — Você tem mais três filhos para conversar!

Henrique exibe um semblante cansado, quase sem expressão ao dizer:

— Sinto muito ter afastado você da sua família, não deveria tê-la mandado morar com seus avós — ele se apoia na parede — Seus irmãos sofreram muito com o afastamento, mas naquela época eu não tinha psicológico para criar um bebê e mais três crianças.

É óbvio que não tinha! Qualquer um que olhasse mais de perto saberia disso, mas ninguém percebeu ou interveio e assim, os filhos pagaram pelos pecados da mãe.

— O que você quer de mim?! — questiono.

Ele fecha os olhos e os reabre tão devagar, que parece uma eternidade.

— Os médicos dizem que morrerei em breve — as palavras me atingem, mas bloqueio as emoções — Apenas quero reunir meus filhos novamente! Quero que me perdoem...

Não evito uma risada.

— Dificilmente, eles perdoarão você! Eu não perdoaria se houvesse sentido na pele, um terço do que eles sentiram.

— Angelis...

Passo por ele, indo para a escada.

— Eu perdoei você, faz algum tempo — exclamo sem olhar em sua direção — Não valia a pena remoer uma culpa que não é minha, por um pai que nunca tive!

Não espero ele responder, desço as escadas imediatamente passando por Beatrice e indo para a porta da frente. Ela me alcança quando chego no carro.

— Ei! Você está bem?!

Engulo em seco e ela me abraça forte, sem emitir uma palavra.

Beatrice me levou até em casa, a convidei para um café.

— Uau prima! Isso aqui é lindo demais!

Ela está maravilhada, fazendo um giro de 360 graus, olhando para cima.

— Também gosto daqui.

Coloco uma xícara de café fumegante na bancada e vou para o fogão fazer ovos mexidos.

— Você tem bom gosto.

— A casa não é minha — exclamo sem querer.

Ela para de girar e me encara boquiaberta.

— Angelis Hard! Você é uma danadinha que não compartilha as coisas com a prima favorita.

Encaro a frigideira, brincando com os ovos por algum tempo.

— James comprou a casa para ter onde ficar, quando estiver na cidade — falo desligando o fogão — Então, ele me convidou para morar aqui.

Coloco uma porção de ovos em cada prato e ofereço um a ela.

ABSOLVIDO | Os Hard IVOnde histórias criam vida. Descubra agora