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Muitos meses depois


— Angelis? Como você está?! — a voz de Jason soa na caixa postal do meu celular — Lutei muito por você, mas preciso que retorne para a empresa na próxima semana ou não terei escolha a não ser demiti-la.

Fazia quatro meses que estava em Nova York, desde que Jessica revelou na frente da minha família que sou uma bastarda.

A grande surpresa? Eles já sabiam.

Não sei o que doeria mais, eles saberem e não me falarem ou eles saberem e me falarem!

— Ricardo vendeu sua parte na empresa, um novo sócio está chegando e ele pediu para que retorne — Jason limpa a garganta, antes de continuar — Por favor, você é peça chave na minha equipe, não quero lhe perder.

Jason era como o pai que não tive, sempre me defendendo e apoiando, não podia deixá-lo na mão agora.

Enviei uma mensagem de voz em resposta.

— Estou voltando.

Sair de Sydney doeu demais, mas depois de tudo que passei, depois de tudo que meus irmãos passaram... não podia continuar lá. Eu precisava de uma pausa.

— Angelis! Aí está você! — Brenda grita, assim que eu entro no bar.

Ela me acolheu quando cheguei na cidade, fizemos faculdade juntas em Londres e Lauren era presença constante nos nossos eventos.

Brenda não era muito fã da Lauren e quando contei como ela foi uma vaca, automaticamente, fui acolhida.

— Aquela vaca sempre foi invejosa! — Brenda disse na minha primeira noite na cidade — Ela fingia amizade e apunhalava pelas costas.

Desde que James se foi, não tinha notícias dela e ele preferia assim, pois voaria no pescoço dela na primeira oportunidade.

James...

Esse nome ainda era forte na minha boca, apesar de fazer mais de um ano que não o vejo. Proibi Beatrice de me falar qualquer coisa sobre ele e bloqueei os anúncios que mencionavam a a Itália.

Minha vida estava complicada demais sem a presença dele para piorar a situação.

— Brenda? Estou voltando para casa.

Ela franze a testa.

— O que disse?! — grita tentando ouvir apesar da música alta.

Aproximo a boca da orelha dela.

— Vou voltar para Sydney.

— Tem certeza? Está pronta para encarar a realidade?

Balanço a cabeça.

Eu não estava pronta para nada, mas precisava fazer aquilo.

Precisava encarar minha família e superar o passado.

— Obrigado por tudo — falo abraçando ela.

****

Desembarquei no aeroporto de Sydney por volta das 06, ainda estava escuro e não havia ninguém para me buscar, já que ninguém sabia que eu estava ali.

Peguei um táxi para a minha casa, aquela em que tudo ruiu, no meio do chá de bebê da pequena Emma, minha sobrinha e afilhada.

Ela estava completando três meses de vida e eu ainda não a conhecia, um pedacinho do meu irmão e da minha cunhada.

O que eles sofreram, não está escrito.

ABSOLVIDO | Os Hard IVOnde histórias criam vida. Descubra agora