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- Angelis? Está ouvindo?

Jason questiona, me encarando.

- Sim, estou ouvindo - exclamo sem ter ouvido uma palavra desde que aquela mensagem chegou ao meu celular.

Ele franze a testa.

- Sério? Está dizendo que aceita ir para a Itália em meu lugar? - Eu disse isso? - Prometo compensar você.

Ah, não, mas que droga!

Aquela viagem era a mais importante de todas, pois além de participar de uma feira sobre designer de móveis, ainda precisaria estabelecer um vínculo com um possível comprador italiano que quer investir em Sydney.

- Jason... - Tento falar, mas ela já está a caminho da porta.

- Acalme-se Angelis, você representará muito bem a empresa nessa viagem - ele sorri abertamente- Confio no seu trabalho, deveria confiar também.

Jason sai da sala me deixando nervosa e ansiosa.

Retorno minha atenção para o celular, a mensagem ainda está lá e as palavras estão gravadas na minha mente.

Filha, sei que não tenho direito de pedir nada, mas preciso que venha me ver. Não estou em condições de viajar, os médicos não permitem...
Seus avós e seus irmãos sentem sua falta, por favor, retorne para casa.

Já faz algum tempo que estou em Sydney, há quase seis meses desde que fui transferida da filial de Londres para a matriz.

Mas eu não estava pronta para revê-los, nenhum deles e talvez não estivesse pronta nunca.

Henrique cortou os laços comigo assim que minha mãe fugiu com outro homem, quando eu tinha 1 ano. Aos 3, ele me mandou morar com meus avós, isolando meus irmãos de mim e aos 12, fui para a Inglaterra.

Desde pequena, eu sabia que era a cara da minha mãe, desde os olhos azuis, aos lábios grandes e rosados, e meu pai nunca suportou isso.

Ignoro o celular e volto a trabalhar, havia muita coisa para colocar em ordem antes da viagem, dali a dois dias.

Trabalhar na OpenHouse sempre foi meu sonho, desde que saí do colégio interno e iniciei a faculdade de arquitetura, eu sabia onde queria chegar e ninguém poderia me parar.

Jason Albertoni, o CEO da OpenHouse, é um grande recrutador de talentos, além de proporcionar aos futuros profissionais um ambiente rico em aprendizado.

- Morgan? Estou de saída - a secretária apenas ergue a cabeça em concordância - Assim que puder, envie os detalhes da viagem por email. Estarei esperando.

Caminho a passos largos em direção ao elevador, meu carro está estacionado na garagem coberta. Mal entro no veículo e meu telefone toca, eu sabia quem era antes de atender.

- Oi vô - falo em um tom de voz animado.

- Oi querida, como você está? - a voz dele parece preocupada.

Além de Beatrice, minha prima favorita, meus avós foram os únicos que sabiam que eu estava de volta a Sydney. Fiz os três prometerem que não contariam a ninguém até eu estar pronta.

- Muito bem! E vocês?! - ele faz uma pausa, ao fundo, ouço a voz frágil da minha avó.

- Sua avó está convidando para jantar. Está livre hoje?

Não havia nada nesse mundo que eu negasse a eles, por isso, mesmo cansada, eu aceitei.

***

ABSOLVIDO | Os Hard IVOnde histórias criam vida. Descubra agora