Capítulo um - Zendaya.

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° Sexta-feira, 13 de maio de 2022. (Zendaya)

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— Eu não acredito que você queira abandonar a gente! — Austin, meu irmãozinho, diz atrás de mim. Meu coração dispara por alguns segundos, esse garoto consegue ser extremamente silencioso quando quer e em algum momento vai acabar me matando do coração. Olha para trás, vendo os seus olhos fixos na minha janela de pesquisa.

— Que susto, Tintin! — Coloco minha mão sobre o peito, tentando normalizar as batidas de meu coração. Ele sorri para mim e eu devolvo o sorriso. — Oh maninho, eu prometo que não vou para longe.

— Mas eu não quero que você vá. — Austin murchou. Suspirei, afinal como eu explicaria sobre as minhas decisões para uma criança de oito anos? — As loucuras da mamãe vão sobrar apenas para mim e para Julien.

     Minha mãe baseava a vida em cristais, forças da natureza, em meditações e ervas medicinais. Era uma ótima mulher, mas um pouco preocupada e controladora demais. Meu pai era extremamente tranquilo e cedia aos misticismos da minha mãe sem problema nenhum. Eu aprendi a lidar com isso com o passar do tempo, aprendi a respeitar suas opiniões e escolhas de vida e por mais que eu ensinasse meus irmãos a lidarem com isso, ainda sim eram jovens demais para entender como funcionava.

— Que tal darmos uma volta, Julien, Noon, você e eu? — Austin sorriu ainda triste. Sabia que era difícil para ele. Também era para mim, mas eu era adulta e precisava bater as asas.

   Greenwood, uma cidade tranquila, sem muitos crimes, pessoas agradáveis e verdes e amadeiradas como o nome diz. É verde demais para ser considerada uma cidade urbanizada e evoluída demais para ser considerada uma cidade campestre, a maioria das construções são de mais de cem anos atrás, como a escola primária, a igreja, as casas da avenida principal e os monumentos que estão por toda parte. No oeste da cidade há uma lagoa, “Lagoa dos Rebeldes” como ficou conhecida por toda a cidade. A lagoa era a causadora da maioria das fatalidades da cidade, uma vez que não tinha fundo e uma correnteza muito forte, sendo proibido de nadar dentro dela. Porém, os jovens locais adoravam se aventurar nela e quebrar as regras e dar um mergulho.  A vista era impecável, o ar puro. O pôr do sol era lindo de se assistir ali.

   Meus irmãos corriam e jogavam uma bolinha azul para que Noon buscasse. Observava de longe, sentada na grama, sentindo a brisa da primavera beijar o meu rosto. A infância era tão linda e inocente, ver meus irmãos sorrindo enquanto corriam de um lado para o outro me deixava genuinamente feliz, eles eram o meu porto seguro, o que me fazia sorrir todos os dias. Julien era o caçula, tinha seis anos de idade e era um pestinha enérgico que subia em árvores e sonhava em ser bombeiro quando crescesse. Lembro de ter dado um par de galochas vermelhas a ele no Natal passado, vê-lo feliz correndo pela casa com o seu capacete amarelo, imitando uma sirene e fingindo apagar incêndios era a coisa mais adorável que eu poderia ver. Meu irmão não falava, não gostava de pessoas estranhas e passava a maior parte do tempo em seu mundinho particular.

— Vamos Noon! Vamos! — Austin diz para o cãozinho que rolava na grama, já cansado de correr tanto. Ri daquilo, meu cachorro era tão preguiçoso quanto eu. — Vamos! Levante! Vamos brincar! — Noon parou de se mexer na grama, porém manteve a barriga para cima esperando um agrado. — Seu cachorro preguiçoso! Bem que o papai fala que os cachorros se parecem com os donos, você é uma versão canina da Daya! — Começo a rir maia alto, me deitando sobre a grama. Julien olha na minha direção e vem até mim, ficando em pé ao meu lado, ele não gostava da textura da grama.

Fireboy • TomdayaOnde histórias criam vida. Descubra agora