Capítulo seis - Thomas.

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~ Quinta-feira, 18 de agosto de 2022. (Thomas)

      Zendaya estava dois minutos atrasada e na minha cabeça alguma coisa de muito sério havia acontecido, talvez ela tivesse caído e virado o pé, ou tivesse sido sequestrada por aquele motorista maluco que deu em cima dela. Todos os dias, exatamente no mesmo horário, ela passava em frente ao corpo de bombeiros, sempre me cumprimentava e jogava conversa fora, sempre com um sorriso no rosto e um carisma impecável. Era essa razão de eu gostar tanto da sua companhia.

     Laura estava mais distante para a minha sorte, ainda trocava olhares comigo e ontem se enfiou no meu carro atrás de uma carona, me dando um beijo tenebroso antes de descer do carro. Não gostava de lhe dar carona, não gostava de dividir espaço com ela, mas ao mesmo tempo ficava preocupado com ela andando por aí sozinha todo fim de tarde. Havia visto com os meus próprios olhos o que um homem era capaz de fazer para assustar uma mulher e era esse motivo que eu fazia questão de levar Daya ao trabalho todas as manhãs. Éramos vizinhos e de carro eu levava dez minutos a mais para chegar ao trabalho, sem contar que diferente de Laura, Daya me ajudou com a gasolina a semana toda, mesmo eu dizendo que não era necessário.

— Está atrasada. — Digo ao ouvir os saltos altos, Zendaya sorri amarelo e me mostra uma sacolinha de compras. — Qual era a promoção da vez?

— Gloss. — Haz a chamava de patricinha malvada, algo que me fazia rir toda vez que ouvia as provocações que os dois trocavam. Realmente era patricinha, mas estava longe de ser malvada. — Deixa eu passar um em você?

— Nem pensar. A senhorita se atrasa, me deixa aqui esperando e ainda quer passar gloss em mim? — Perguntei e ela concordou com a cabeça, sem ter um pingo de vergonha. — Vai, só um pouco. Sou um homem sério e muito trabalhador.

— Um homem sério e muito trabalhador com os lábios com gostinho de cereja, uau isso é incrível. — Ela tirou o gloss de dentro da sacola e se aproximou de mim. O cheiro era doce e gostoso, embora eu preferisse o de morango que ela sempre usava e sempre perfumava o ar, tinha um tom mais puxado para o rosa e todas as manhãs ela passava enquanto eu a levava para o trabalho. — Pronto, faz assim para espalhar. — Ela me mostrou esfregando os lábios um no outro, fiz o mesmo sentindo o conteúdo viscoso sobre a minha pele. — Essa cor combinou com você.

— Você acha? — Perguntei e ela sorriu concordando com a cabeça. — Então você vai ter que passar gloss em mim mais vezes.

— Só porque eu roubei o seu casaco? — Os olhos, agora mais puxados para o mel, reviraram.

— Sim, não sei se você viu, mas a tendência agora é o girlfriend style, sou adepto a ele. — Ela soltou uma gargalhada gostosa, estava aprendendo a falar como ela, apenas por implicância. — Você está muito bonita hoje.

— Estou? Obrigada. Infelizmente meu novo casaco não combinou com a minha roupa. — Eu ri e a observei.

— Moças religiosas desse jeito podem usar saias curtas desse jeito? Cadê a sua honra? — Perguntei e ela deu mais risadas.

— Poxa, meu pai liberou o nosso namoro, é sua obrigação me defender. E que namorada seria eu se não me exibisse para você, eu tenho pernas bonitas. — Sim, ela tinha lindas pernas torneadas e de pele tão bem cuidada que chegava a brilhar. Imaginei a textura, se era quente como as mãos dela. Uma coisa que eu havia notado no sábado quando ficamos grudados e abraçados um no outro, ela estava extremamente quente do nível me fazer acreditar que estava com febre. Não notei nenhum sinal de mal estar, ou qualquer sinal que demonstrasse que ela estivesse doente, apenas que ela era quente como o inferno. — Hm... Você sabe, amanhã é feriado, o que significa que eu posso procrastinar os meus prontuários essa noite. Quer assistir televisão comigo? — Aquele era o tipo de convite que deveria ser normal entre dois amigos, mas ela era uma mulher e eu um homem, e da última vez que eu aceitei um convite para assistir televisão com uma mulher, acabei dando início ao ciclo de crises de ansiedade quase que diárias. Laura havia despertado a minha pior versão, despertado o medo de ser descartável e inútil, e infelizmente isso fazia o meu coração doer. — Vamos namorado, quero assistir alguma coisa, você pode escolher.

Fireboy • TomdayaOnde histórias criam vida. Descubra agora