Fireboy • Tomdaya

Capítulo dezesseis - Thomas & Zendaya.

Terça-feira, 25 de outubro de 2022. (Thomas)

Toda ação tem uma consequência e eu devia saber disso ao passar quatro dias regado a bebidas e beijos na boca. Dizer que me lembrava de algo era eufemismo, tinha suposições de tudo o que aconteceu nos quatro dias de viagem. Zendaya era asmática assim como eu, nos pegamos na piscina e eu bebi tequila nos seios dela, o melhor, éramos um casal.

Minha mãe jamais poderia saber que meu fim de semana foi caótico ao nível extremo, que o meu fígado não era mais o mesmo, que a norinha perfeita dela, na verdade era quase uma alcóolatra. De qualquer forma, meu feriado havia sido impecável por causa da companhia dela, as risadas, os beijos, as gracinhas. Zendaya era uma mulher intensa, algo que eu pensei que me assustaria no início, nunca namorei, tive alguns casos ao longo dos anos, mas estar com ela, com todo aquele carinho e intensidade era surreal. Era o que faltava na minha vida.

Infelizmente a vida não era um conto de fadas, então voltei a minha rotina deprimente de trabalho, enquanto ela havia retornado a dela. Tudo bem, nós iríamos ficar juntos essa noite, Zendaya me prometeu um jantar incrível e saudável para recuperarmos nossos fígados após quatro dias de loucura, mas ainda sim, estava com saudades. Mas os caminhões de bombeiro não se lavam sozinhos, não é mesmo?

Esfregões imensos, baldes e mais baldes com água e sabão, a máquina de pressão para enxaguar os caminhões, um trabalho pesado, brutal e cansativo, ainda mais para se fazer com uma farda desconfortável e botas pesadas. O trabalho que era para ter sido feito no dia anterior, acabou sendo adiado por causa de um incêndio na principal igreja da cidade, um monumento histórico e muito bonito, que infelizmente foi quase que totalmente destruído pelo fogo. Era o lugar favorito da minha mãe e do meu pai, o lugar onde se casaram e iniciaram a vida juntos. Onde fui batizado e frequentei durante os primeiros anos da minha vida. O outono estava nos surpreendendo com um clima abafado e extremamente seco, propício para incêndios e principalmente, um veneno para um casal asmático que gosta de beijar na boca, por outro lado, recebi uma lista de cuidados especiais, indicadas por uma médica bonita e de sorriso encantador, minha garota havia preparado um kit especial com vidrinho de soro fisiológico para higienizar e hidratar as vias respiratórias, uma nova bombinha de asma já que a minha estava vencida, uma garrafa térmica de um litro d'água com gotinhas de limão para me refrescar ainda mais e a cereja do bolo foi a marmita que estava esperando ansiosamente para comer no meu horário de almoço.

Três caminhões limpos e as flores de Gepeto, meu falecido amiguinho, regadas para mais um dia abafado e insuportável. Troquei as minhas roupas por um uniforme seco e limpo, tão pesado e sufocante quanto o anterior, mas para a minha sorte, o lado de dentro era fresquinho, por mais que não tivesse ar condicionado, ainda sim era habitável e extremamente confortável. Peguei minha lancheira na cozinha. Sim, Zendaya estava me mimando ao ponto de me dar uma lancheira. Me sentei com os meus colegas de trabalho, chamando a atenção de todos com a minha lancheira azul marinho com alças marrons de couro, se eu devia me sentir envergonhado eu não sei, mas o fato de ter alguém cuidando de mim ao ponto de me mimar dessa maneira, era surreal. Nada iria me abalar.

- Olha quem voltou ao jardim de infância. - O comentário ácido veio de Laura, olhei para o seu rosto cheio de malícia e maldade. Dei de ombros, ignorando a sua provocação, abri o primeiro compartimento, havia um papel dobrado com um desenho bonitinho, T+Z dentro de um coração bonitinho. "Feito com muito amor e carinho especialmente para o meu bombeiro favorito. Bom apetite." - A mamãe manda bilhetinhos?

- Tenho certeza que mandaria se morássemos juntos, mas mesmo assim continuo sendo bastante mimado pela a minha mulher. - Respondi sem dar atenção para ela, mas a ouvi engasgar de maneira surpresa, a ignorei completamente e retirei os talheres de um potinho próprio para armazenamento desse tipo de coisa. Havia envelopes com guardanapo e sal. A primeira marmita tinha um lanche natural muito bem feito e decorado. O pão mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha vida, um formato peculiar de ursinho, com olhos de azeitona preta cortadas de maneira surpreendentemente pequena e redonda e um nariz de tomate cereja, algo tão bonitinho que dava até pena de comer mas que ao mesmo tempo me despertou todo o apetite.Sorri para a comida, me sentindo especial. Levei um tempo para notar que na verdade o sanduíche natural, era um hambúrguer extremamente saboroso e bem feito, a primeira mordida foi como caminhar nas nuvens, ainda estava morninho, me fazendo questionar o valor que ela havia pago naquelas coisas, a qualidade era surreal.