Fireboy • Tomdaya

Capítulo quinze.

~ Mesmo dia

— Mas? — O amigo encarou Thomas, que encolheu os ombros e escondeu o rosto nas palmas das mãos. Estava envergonhado, inseguro, o coração batendo forte demais. Temeu ter uma daquelas crises intensas, respirou fundo, buscando forças.

— Eu não posso, Nell. Eu amo a Daya, amo com todo o meu coração, porém não posso magoar ela. A minha profissão é de risco e eu já sofri um acidente sério que quase me custou a vida. E se eu quebrar o coração dela em um desses acidentes? — Darnell se encostou na parede, chocado com as lágrimas do amigo mais baixo. Os sentimentos puros ali, diante de seus olhos. Pode sentir toda aquela energia brutal da insegurança e do medo. Foi ali que soube que pelo menos um dos dois iria sair de coração partido, mesmo que fosse um acidente, ele era inseguro demais, ela era intensa demais. Não tinha o que fazer, apenas se fazer presente para os dois e ajudar a superar as diferenças e inseguranças.

— Tom, olha... Vocês vão se magoar muito. Independente da sua profissão ou não. A vida é curta demais para você se preocupar com a sua morte. O amor é egoísta e a sua partida vai doer em todos nós. Principalmente na Daya, vocês sendo um casal, inimigos, amigos, desconhecidos, fazem parte da vida um do outro e isso é o suficiente para quebrar o coração de alguém com uma partida repentina. Posso ver a sua insegurança em seus olhos, posso sentir a sua tensão, mas cá entre nós, vale a pena se prender em uma caixinha? Vale a pena deixar de aproveitar, conhecer e sentir tudo isso que vocês estão passando? Vocês estão em uma fase gostosa, onde os sentimentos são recíprocos e que a distância machuca, aproveita isso, sinta, viva. Ame. Se dê essa chance amigo. Voe livremente, não deixe os seus traumas e sua ansiedade dizer quem você é. — As palavras foram fortes, uma patada para quem estava confuso. Mas tudo fez sentido, mesmo que o seu coração estivesse sem saber como lidar com tudo aquilo.

— Você acha que nós vamos nos magoar? Eu não quero magoar a Faísca, ela é a luz na minha vida e eu jamais me perdoaria se eu a magoasse. — Thomas precisou respirar um pouco, completamente perdido em seus pensamentos. Magoar ela estava fora de cogitação, preferia ter o coração rasgado em milhares de pedaços.

— Sim, vocês vão. Estão apaixonados, mas estão inseguros de como seguir. É essa insegurança que vai acabar com vocês. Entende? Tem que lutar contra isso, vejo um futuro lindo à espera de vocês. Só basta terem maturidade para seguir em frente e entrar o que falta para que essa relação aconteça. Poxa cara, olha para vocês, piadas internas, beijos, troca de afeto em público, ciúmes um do outro. Vocês são um casal que não se aceitam como um. — Thomas abaixou a cabeça, ouvindo a verdade ser jogada na sua cara de maneira quase cruel. Mas era isso que faltava, a verdade nua e crua.

— Não prometo vencer tudo isso da noite pro dia. Mas eu juro, vou tentar, vou lutar, vou fazer valer a pena. Eu prometo Nell, prometo pela felicidade dela. — O peito se encheu de uma pitada de coragem.

— Um dia de cada vez, a sua felicidade também importa. — Darnell sorriu para o amigo, um pouco inseguro, porém feliz por ver que os dois estavam se resolvendo aos poucos.

— Bem, eu vou tomar um banho rápido. — Thomas coçou a garganta, estava envergonhado e com a cabeça a mil, Noon lambia as suas pernas de forma frenética.

— Tudo bem, bom banho. — Darnell sorriu novamente, assistindo Thomas caminhar para dentro.

   O caminho até o quarto dos rapazes, como haviam combinado, foi carregado de pensamentos. A ideia de ter um quarto livre de garotas foi de Mike, logo após o café, quando as meninas os deixaram atrasados para a praia. "Eu não vou dividir um quarto com nenhuma delas, muito menos compactuar com essas frescuras". No começo a ideia parecia incrível, não teria que lidar com as exigências de Zendaya, com o calor excessivo do corpo dela ou com dois metros de cabelo em seu rosto. Mas agora, era a solução. O único momento que teriam privacidade para colocar os pensamentos em ordem.