Capítulo dois - Thomas

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Sexta feira, 20 de maio de 2022. (Tom)

Mudanças são um bem necessário, nem toda mentira é ruim. E eu precisava dessa chance era tudo o que me restava.

Meu pai, um homem de honra e muita glória, havia sido diagnosticado com câncer há um ano atrás, quando a doença estava em uma fase muito avançada e mesmo com todos aqueles tratamentos invasivos a doença se agravou rapidamente chegando à metástase. Ele não tinha mais muito tempo e eu precisava de dinheiro para pelo menos reverter a situação de seu quadro de saúde.

Éramos seis, meus pais, meus três irmãos e eu. Aquelas famílias perfeitas de comerciais de pastas de dentes. Meu pai um comediante sonhador, que lutou a vida toda para nos dar a melhor vida, minha mãe uma enfermeira adorável e de ótimo coração que sempre nos fazia curativos com perfeição. Quando recebemos a notícia dessa doença terrível, nosso mundo despencou. A família perfeita se perdeu no meio do caminho e a minha mãe ficou extremamente deprimida. Ela amava o meu pai, não era para menos, eles tinham aquela linda história de amor de livros de romance, mães melhores amigas que engravidaram quase que juntas, criados como irmãos e então a magia do amor aconteceu. Eles eram os primeiros um do outro, a primeira paixão, o primeiro amor. Eram simplesmente feitos um para outro, não tinha como negar.

Meus pais nasceram na cidade grande e após se casarem fugiram para GreenWood, uma cidade a quatro horas de distância. Queriam uma nova vida, queriam se conhecer melhor e nada melhor do que a leveza de uma cidade campestre para isso. Após três anos de casados. Eu fui concebido, o primeiro filho daquele casal tão adorável, três anos vieram Sam e Harry, os gêmeos encapetados que destruíram quase tudo o que tocavam e então, cinco anos depois veio o Paddy, o caçula mimado e manhoso filhinho da mamãe. Junto com ele, veio a nossa mudança para a cidade onde meus pais nasceram. Era melhor para todos, uma família muito grande não podia permanecer distante de todo o resto, também estávamos enfrentando uma crise financeira.

Aquela cidade mexeu comigo, talvez a adrenalina de morar em uma cidade grande, os prédios legais, os primos que tinham a minha idade, minhas avós preparando deliciosos biscoitos quase todos os dias da semana e as pessoas me cativaram. Aos 12 anos de idade eu descobri qual era a razão de eu ter nascido, qual era o meu destino. Eu não sei ao certo como tudo começou, apenas que minha escola estava em chamas e todos estavam desesperados.

Olha, não me leve a mal, mas assim como a maioria dos alunos, ter a escola incendiada era o maior sonho que eu poderia ter, minha cabeça nunca funcionou direito, a matéria nunca fez sentido, minhas notas eram baixas demais e nada fazia sentido. Mas ver todo aquele desespero dos outros alunos, o ambiente quente como um inferno e ver que ninguém tinha um treinamento decente fez com que o meu cérebro funcionasse.

O garoto que salvou vidas, era isso que diziam nos jornais. O rapaz de doze anos de idade que com uma camiseta amarrada no rosto e um extintor de incêndio, removeu com segurança todas as pessoas que estavam presas no prédio

Eu tinha nascido para ser bombeiro. Uma profissão forte, linda e perigosa. E se tem uma coisa que me deixa empolgado é o perigo.

Desde os dezenove anos, quando finalmente consegui entrar na profissão, venho trazendo glória e segurança para a população. Uma honra que eu carrego no peito. Salvar as pessoas é gratificante, a sensação de dever cumprido, de felicidade e principalmente o saber que as pessoas estavam bem e que poderiam seguir as suas vidas mesmo depois de um grande incidente fazia o meu dia. Nunca fui uma pessoa religiosa ou supersticiosa, mas se havia algum poder divino sobre nós, com certeza me protegia e auxiliava a proteger cada uma daquelas pessoas em perigo.

Fireboy • TomdayaOnde histórias criam vida. Descubra agora